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domingo, outubro 23, 2016

O ciclista visita o Museu de Arte Contemporânea

Quando o ciclista deixa a rodoviária Novo Rio ele entra num oceano de cultura. Se seus olhos estiverem preparados para reconhecer o belo.

Assim, ele segue pela avenida Rodrigues Alves, agora mais clara, sem a perimetral que tapava o céu e a luz. Ainda passa por velhos armazéns portuários e prédios abandonados há muito tempo.
Então, ele entra no Porto Maravilha e fica deslumbrado com as obras de arte por todos os lados. Canteiros de flores ornamentando tudo enquanto famílias e pessoas solitárias passeiam, correm ou ficam simplesmente sentadas. O museu do Amanhã, parecendo um grande dragão saído do mar, surge a sua frente. E o mar, as grandes águas que o acompanharão o tempo todo.

Diante da grande praça o ciclista olha para um e outro lado. Mas o bom caminho fica junto a muralha que escora o mar e passa junto ao Ministério da Marinha. Um caminho feito de tábuas como um deck de piscina o leve pedalando sobre as ondas e o deixa na praça XV. À sua direita a Igreja da Candelária e a casa de exposições França-Brasil. Ele teve de parar e filmar esse bela escultura móvel que parece um misterioso pavão. 
Em frente as barcas o chafariz do Mestre Valentim e o Passo Imperial sempre com alguma exposição. Em cartaz A Lama, ensaio fotográfico sobre a catástrofe de Mariana. Não levei cadeado e o porteiro não me deixou entrar no pátio com a bicicleta. Um raro preconceito para com a bike, no Rio.
 
Entrou na barca e lendo o e-book Coma atravessou a baia de Guanabara. Ao sair do terminal das barcas em Niterói não pode deixar de ver a estátua do índio Araribóia. Daí, à direita, pegou a ciclo-faixa que vai margeando a baia. Passou por São Domingos e seu casario de 1800 e tanto, pela fortaleza de Gragoatá e chegou a praia da Boa Viagem. Lá adiante o MAC, Museu de Arte Contemporânea, obra de Oscar Niemeyer, aparece no alto como um disco voador prestes a levantar voo.

Perguntou a recepcionista quanto era a entrada e ela respondeu bem assim: Para quem chega de bicicleta não custa nada.
Não era pela idade era por ele ser ciclista!
Deixou a bike e subiu a rampa. Um visual maravilhoso do Pão de Açúcar, da ilha da Boa Viagem, das pequenas ilhas da entrada da baia de Guanabara.

Lá dentro a surpresa, um exposição visual como nunca tinha visto. Ao invés de quadros pintados ou fotografias, as molduras mostravam vídeos. Cada tela era a mesma história vista de ângulos diferentes. Os visitantes podem ficar sentados, mas geralmente andam para ver as telas que ficam em posições desencontradas. Era uma história de pescadores japoneses mortos num naufrágio e a deusa do mar que os procura. O artista que criou mais esta forma para impressionar nossa mente tão sobrecarregada de coisas fúteis foi Isaac Julien.

 Esse ciclista é do tipo que torna sua bike um meio de fazer turismo.

segunda-feira, outubro 10, 2016

ESTÁ CHEGANDO O DIA DE DESCANSO

Em sua sabedoria o Pai Eterno nos mandou tirar um dia para deixar a busca incessante pelo vil metal e sair admirando sua obra magnífica. Então, estou sempre torcendo para chegar logo o domingo.

Melhor para se ver a beleza de nossa Terra não há do que andar de bicicleta. Vai-se num ritmo que é mais humano e menos máquina.

Assim, fizemos um belo pedal logo ali, em Bananal.
Rodamos pela estrada tão conhecida e entramos na fazenda Resgatinho para ver a produção de cachaça, licor e rapadura. 

Continuamos, e chegando ao trevo, entramos para a esquerda e seguimos para a fazenda 57. Mas entramos numa porteira antes da ponte e visitamos a casa da fazenda Água Compridas.

Depois, entramos pelo caminho de chão e fomos sair no riacho que nasce numa pedreira. Dali continuamos até sair em Bananal.


Quanta coisa linda vimos pelo caminho.

domingo, setembro 04, 2016

Desbravando caminhos antigos.

Quando alguém me fala de um caminho desconhecido não sossego enquanto não passo por ele.

Há 13 anos, na primeira vez que fui à Fazenda da Grama, a amiga Ivete Amaral falou de um caminho de chão que de Passa 3 saia ali. Como disse que tinha muito atoleiro, fui adiando.

Até que ao ler o livro do amigo Beckmann Pithany, Cavalgando com o Príncipe, li (p. 39): "O trajeto a partir do rio Piraí até a fazenda Mangalarga encontra-se em completo abandono. A estrada teve seu curso interrompido por cercas e porteiras. Prosseguindo ora em meio a mata, ora passando pelo vale Comprido".

Era o caminho entre Passa 3 e Fazenda da Grama de que a amiga falara.
Então,hoje, chamei o amigo Joao Ademar e fomos pela Melequinha até Arrozal, dali até Fazenda da Grama e sem parar chegamos em Passa 3. 


Tomando uma breve informação saímos do século XXI com seu movimento de carros e correria e atravessando uma ponte voltamos ao tempo do Império. 

Foram 15 km vendo raras casas, muito gado no pasto que parava tudo o que estava fazendo para ver os ciclistas passando e nenhuma viv'alma.

Quando depois de uma subida deixamos o vale Comprido vimos as serras de Rio Claro 


e descemos por curvas suaves de volta ao mundo moderno.

terça-feira, agosto 30, 2016

CAMINHO DOS ANJOS - 2º DIA.

DETERMINAÇÃO PARA UM PEDAL DESAFIO
O segundo dia do Caminho dos Anjos começou em Aiuruoca, com um café da manhã muito farto no Hotel 2 Irmãos. Passamos na Igreja de São José e depois de uma oração de agradecimento e pedido seguimos para a serra. Fomos avisados do calçamento de pedras que mais dificultam a subida da bike, então o negócio foi empurrar.

O pico do Papagaio nos observava sempre à nossa esquerda. Conforme sugestão do amigo Ademar paramos na Pousada Canto das Bromélias, um paraíso para descansar.

Dali, seguimos, sempre subindo, para a Pousada do Juninho no alto da cachoeira dos Garcias. Vista deslumbrante. 


Neste trecho perdemos um bom tempo porque, por sugestão de um caminhante, entrei por uma trilha terrível e sai com a Vermelhinha lá embaixo na bacia da queda d’água. 

Almoçamos uma boa macarronada e continuamos. Nos avisaram de que faltavam 3 km para dobrarmos a serra, mas como sempre acontece, não veio logo a descida e ficamos num sobe e desce por uma trilha muito erodida.

Pensamos em tirar o atraso numa boa descida, mas ela estava cheia de buracos, valetas e erosão e mais tivemos que empurrar. Finalmente chegamos num contraforte da serra, mas o pé da serra estava muito longe ainda. E foi descer com a estradinha coberta de pelotas de ferro que faziam a bike derrapar de traseira.


A tarde já estava bem avançada quando chegamos a Casa Rosa (pernoite R$100) e depois de muitas e difíceis subidas entramos no Espraiado. Paramos no Gamarra para comer pão com olho (ovo frito) e café. A noite caiu e, de repente, estávamos sem farol tateando no escuro. Passou um motoqueiro e pedimos para nos acompanhar com seu farol até o asfalto a 5km. Então, foi correr sob a iluminação de rua até Baependi. Restava o terceiro dia e quase 100km para rodar.

CAMINHO DOS ANJOS – 3º DIA

ALEGRIA DE PEDALAR

Quando acordamos em Baependi para o último dia da volta do Caminho dos Anjos nos defrontamos com um problema, faltava mais de 100km. Queria assistir à missa na Igreja de Nhá Chica, mas era às 10h e não dava para ficar.

Então pegamos a estradinha de chão sem subidas e corremos passando sem parar por Caxambu e chegando à São Lourenço às 12h. Lá estava o amigo Hugo nos esperando.

Fomos almoçar e qual não foi nossa surpresa quando ele apareceu para nos fazer companhia. Havia 75km para pedalar e ‘joguei a toalha’, vi que precisava de quatro dias para fazer todo percurso. Márcio Guedes tendo consciência de que conseguia fazer este percurso em 5 h, deixou a bagagem comigo e foi com Hugo.
Rodei para a rodoviária, peguei uma passagem para 15:30 e desci em Itamonte às 16:30. Peguei o carro e fiquei esperando o colega na saída da trilha. Ele passou por Virgínia e Passa 4 subindo muita serra e às 18:30 apareceu saindo do meio da escuridão. Estava completado o Caminho dos Anjos. Dessa parte da tarde não tenho registros. Mas a volta toda foi um pedal inesquecível.

domingo, agosto 28, 2016

Caminho dos Anjos saindo de Itamonte.

DESAPEGO PARA PEDALAR LONGE
Com toda franqueza, na noite que antecedeu a viagem para fazer o Caminho dos Anjos, na cama, comecei a sentir saudade da Lili, de Malu, dos gatinhos e de toda atividade do dia a dia. Precisa-se ter um regulador que nos liberta desses laços e nos solta para pedalar, para cumprir um objetivo. Se não, fica-se pregado em casa.

Peguei o professor Márcio, amarramos bem as bikes e seguimos para Itamonte. Viagem tranquila chegamos na casa dos amigos Lucas e esposa que nos ofereceram um bom café com queijo de Minas. Então, pegamos as bikes e entramos na estrada para Alagoas. Quando se está em cima da bicicleta no caminho que se decidiu fazer a sensação de liberdade é muito forte.

Passamos pela represa dos Bragas e sempre subindo descortinamos as montanhas que esse Caminho nos leva a ultrapassar. 


No entroncamento para Fragária veio a lembrança da Volta dos 80 com grandes amigos com quem não pedalamos mais. 

E sobe. A estrada seca era uma caixa de talco e a cada carro que passava se comia muito pó. E logo o pico do Papagaio apareceu à nossa esquerda e nos acompanhou por dois dias. O entardecer no interior, longe do burburinho da cidade, é um refrigério para a mente.

Por todo caminho uma seta amarela pintada em postes, moirões, paradas de ônibus e árvores nos guiou. Caia a noite quando vimos o casario iluminado de Aiuruoca. Encontramos o Hotel 2 Irmãos, e depois de um banho relaxante saímos para comer uma pizza.


E o sono nos fortaleceu para o outro dia. Que foi o pedal mais esforçado que já fiz na vida.

sexta-feira, agosto 12, 2016

Muita alegria de pedalar.

Não é obrigatório fazer tudo sempre igual. 

Pessoas há que temem o novo, o desconhecido, mas um das coisas que aprendi quando me iniciei na bicicleta aos 7 anos é que "do chão não passa".

Sendo assim, sinto alegria em ver novas paisagens, descortinar vistas diferentes em lugares que antes já passei. Foi assim que fomos pedalando até Vargem Alegre e dali seguimos para os Sem-Terra e, quase lá, dobramos a esquerda. Quanta coisa bonita nos foi mostrada neste belo mundo que vivemos!

Mas não achamos a trilha para sair em Santanésia. Então, tenho de voltar lá e procurar diligentemente, mas com muita alegria de pedalar.

sábado, julho 16, 2016

Não há caminho que não possa ser melhorado.

Não há o que inventar, a estrada de Barra Mansa para Rialto é conhecida de todos os ciclistas da região. 

Andei nesse caminho duas dezenas de vezes, desde o tempo que Inês Pandeló prometia que seria asfaltado e nada acontecia.

Mas não há prato que não possa se melhorado, acrescido de algum ingrediente e tornado mais saboroso. Foi o que fizemos, eu e o amigo Joao Ademar. Basta dizer que começamos o pedal passando uma porteira na Dutra, 

o resto você vê nas fotos. Acho que o único local que você já passou é em frente a igreja da sede do distrito.

Então, ao pedalar para um mesmo lugar, lembre-se de que o passeio sempre pode ser melhorado.

domingo, julho 03, 2016

O FIM DO CAMINHO

Quem não anda de bicicleta para fora das cidades não conhece esta situação.
Antigamente, no tempo em que as estradas eram percorridas por carros-de-boi, cavaleiros e tropas de burro, os caminhos ligavam lugarejos. Neste sábado, 2/07/2016, eu e o amigo Joao Ademar pedalamos entre Massambará e São Sebastião dos Ferreiros, aquela em Valença e essa em Miguel Pereira.

Com o advento dos veículos motorizados foram abertas outras estradas e os velhos caminhos sofreram uma interessante transformação. Eles vão servindo as fazendas até perto do limite do município, daí vão ficando pouco utilizados e viram um mero trilho.

Lá adiante, já no outro município, volta a ser caminho de servidão dos sítios.
Então, pedalando, você vem por uma estradinha e de repente ela acaba.

E só a convicção de que estamos no caminho certo nos faz prosseguir até acha-la novamente, lá adiante.

Essa variedade de terreno torna o ciclismo de mountain bike uma maravilha.

segunda-feira, junho 20, 2016

Acordar cedo pra ver a vida.

Quantas pessoas acordam às 5 horas todos os dias para ir trabalhar. Focados na obrigação muitos nem notam o espetáculo de um novo dia que começa. 

Mas quando se sai para pedalar todos os sentidos ficam aguçados e nenhuma beleza escapa ao guerreiro sobre sua bike.

Saímos bem cedo, a luz ainda era um lusco-fusco, com o ar gelado entrando pelo nariz e alfinetando a pele. Corríamos para Rio Claro para enfrentar o desafio de subir a serra da Bocaina por outro caminho.

Agasalhados, sem pressa, tocávamos nossas bikes, primeiro no asfalto dividindo a pista com os carros, mas logo entramos por uma estrada de terra e toda preocupação, tensão, perturbação e outros tantos ãos ficaram para trás.

Andamos entre titãs de granito que saíram do núcleo da Terra há milhões de anos, quando a raça humana ainda era um Projeto de Deus. Aqueles megálitos nos apequenavam e desafiavam nossa coragem e persistência. 


E começamos a subir até que numa curva do caminho divisamos o imenso vale entre as serras.

Nossa missão, sair do vale e chegar lá nas alturas, a 1.200 m. E fomos.