Fui ao Rio de Janeiro pegar passagem de ônibus para Floripa
e levei minha bike.
Tinha um bom tempo para perambular por ali sem ir muito
longe. E por esses dias li um artigo falando das belezas do Porto Maravilha.
Obras que estão transformando a região portuária do Rio, demolindo antigos
armazéns e lojas
e construindo prédios moderníssimos.
O chão, coberto de
asfalto velho e paralelepípedos, está sendo rasgado para estender os meios
modernos de comunicação dos homens.
Um mundo estagnado por cem anos dá lugar a
um espaço futurista. Mas a maior das maravilhas do Porto é que estão sendo
desenterradas as histórias de duzentos anos atrás e que estavam perdidas. Minha
bike me levou ligeira por aqueles quatro quilômetros quadrados. Primeiro subi o
morro da Conceição com suas vielas que mal dão para passar um automóvel
pequeno, mas que minha bike subiu toda feliz.
Já imaginou rodar pela rua do Jogo
de Bola? Zé, cheio de idade se sentiu moleque novamente.
Lá em cima procurei os
atelieres de artistas, mas estavam todos fechados. E perguntei insistente onde
ficava a Pedra do Sal. Um e outro me disse que precisava descer a rua da Gamboa
e tornar a subir mais adiante, mas não há coisa melhor do que entrar por um
beco apertado e descobrir que cheguei onde queria.
Uma rocha milenar aflorava
bem numa das ruas do morro. Não há explodiram, cortaram uma escada nela e,
descendo parei minha bike que adora se exibir para a câmera.
Quando voltei a Gamboa
procurei um barzinho e encontrei o boteco Gracioso, premiado pelos seus bolinhos fantásticos.
Não há cara mais desperdiçador de
dinheiro que o turista. Acho que parte da estupidez gastadeira é a euforia de
ver coisas novas e belas e, agradecidos, esparramar dinheiro com os nativos. E tomei
uma cerveja de R$16. Mas como era gostosa! E como estava gelada! E foi um
acompanhamento perfeito para o bolinho de aipim com carne.
Voltei a pedalar e
fui ver o mar, ali tranquilo espelho que se move lentamente refletindo a luz de
mil maneiras.
Este mesmo mar foi o meio de trazer milhares de homens e mulheres
para trabalhar no Brasil. Sabendo da redescoberta do Valongo girei pra lá.
Quando a bike desceu as rampas e fiquei frente a frente com aquelas pedras do
cais pisadas por tantos pés pretos, que pisavam cheios de medo e apreensão com
tudo o que iam viver nas terras do Brasil tive um soluço de emoção.
Mas Deus é bom. Também subi o morro
da Providência mais carregando a magrela do que pedalando. É só escadarias.
E dali do porto, de seus altos que primeiro foram habitados pelos negros, vi outros morros famosos do Rio. Eu e minha bike.
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