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segunda-feira, dezembro 31, 2007


Triathlon sob Sol Forte

O corpo humano construído de forma maravilhosa com miríades de músculo é um desafio para qualquer que queira cuidar bem dele. Como conjuntos de músculos cuidam de tarefas específicas quando se anda de bike trabalhamos uma boa porção deles, mas outras ficam inativas. Por isso existem vários esportes. O triathlon foi inventado exatamente para isso: a corrida, a natação e o ciclismo exigindo conjuntos diferentes de músculos.
Como neste domingo pedalamos intensamente, nadamos e andamos empurrando as bikes, Manoel decidiu que participamos de um triathlon. Vou te contar cada trecho deste passeio.

Ainda estava escuro quando sai para encontrar os cinco colegas. O rio Paraíba corria manso com o Sol que ainda nascia misturando as sombras escuras com largas manchas claras.

Pedalamos pela beira do rio passando por Barra Mansa e pegando a estrada para Quatis. O Sol tinha subido no céu cercado por uma cabeleira brilhante que iluminava o mundo todo e anunciava um forte calor para mais tarde. Neste verão os ciclistas precisam sair o mais cedo possível em seus passeios.

No alto da serra de Japuíra paramos para descansar e fazer um lanche que Manoel insiste em adotarmos como bons desportistas que queremos ser: chupar laranja e comer banana com mel. Ele levou as laranjas já descascadas, bananas e um plástico com mel. Realmente nos sentimos reconfortados de imediato e tocamos a pedalar.

Em pouco estávamos na cachoeira do Cici. O lugar ainda estava vazio e a grama verde ainda molhada do sereno da noite. Tiramos os uniformes e caímos na água fria.

Depois de nadar bastante fomos sentar na cachoeira. Um visitante que freqüenta o lugar há muitos anos disse que pela década de 1980, numa época de trovoadas como o verão, não se podia ver as pedras, tão forte era a corrente do rio Turvo. A água está mesmo diminuindo ano para ano. A fome chegando saímos a contragosto daquele maravilhoso lugar e corremos para almoçar em Quatis.

Decidimos acompanhar João Bosco até a fazenda Santana do Turvo e sentimos o poderoso Sol em toda a sua glória. Com a força minguando tivemos de empurrar a bicicleta em subidas mais fortes. O Triathlon estava completo e assim nos exercitamos e fizemos o passeio que recupera nossas emoções. O ano está encerrando. Salve 2008 que chega para nos dar vida para a vivermos plenamente!

quinta-feira, dezembro 13, 2007


Pedalando e Falando da Vida de Casado
O ano vai acabando e parece que o entusiasmo do pessoal do pedal também vai esmorecendo. Neste domingo, 09/12/2007, nosso grupo se dividiu: eu, João Bosco e Wesley fomos procurar uma trilha nova; enquanto Manoel, Márcio e dois novos companheiros seguiram pela trilha do Peixe até Amparo.
Vou contar o que se passou com a gente. Além do exercício vigoroso e o contato bom com a Natureza ainda deu para trocaros idéias muito interessantes. Entramos pela fazenda Barbará correndo pelo caminho sombreado com a passarada cantando a nossa volta e uma brisa fresca tornando o exercício bem agradável.

Depois de atravessar a porteira que dá para o descampado andamos no meio de um capinzal crescido até sair numa estrada estreita que seguia na direção leste, diferente da direção que sempre tomamos quando vamos para S. José do Turvo. O caminho era bom e andando lado a lado deu pra conversar coisas bem edificantes.

A conversa tomou um rumo muito edificante: o casamento e a relação com as nossas cara-metade. Enquanto a estrada terminava num curral e o caminho seguia subindo um morro íngreme João Bosco dizia que sua concepção de esposa é da companheira em quem podemos confiar e que se não consegue nos acompanhar em nossa distração também não critica nem tira nossa liberdade. Inspirado cantei uma música de Vinícius que diz:
Mas se você quer ser minha amada,
Mas amada mesmo amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada, sem a qual se quer morrer,
Você tem que vir comigo em meu caminho
E talvez o meu caminho seja triste pra você.

De repente, surgiu no estreito caminho dois cavalos - um muito bonito, com a crina marrom escura comprida caindo pelo lado do pescoço - seguidos de perto por duas vacas gordas e o cavaleiro que os conduzia. Os cavalos passaram bem, mas as vacas refugaram e quando tocadas com firmeza passaram desembestadas pela gente raspando no barranco do lado contrário no qual esperávamos a tropa passar. Foi um momento meio selvagem bem de acordo com o lugar em que estávamos.

Enquanto continuávamos nossa pedalada - Wesley quieto já que ainda é solteiro - externei meu ponto de vista. Pra mim o casal moderno tem de ser parceiros construindo a vida juntos, mas cada qual deve ter liberdade para se distrair da labuta do dia a dia do modo que lhe faça melhor e não ofenda a união conjugal. Lá na frente, a conversa foi interrompida para passarmos por um banhado coberto de junco onde João quase atravessou com água pela cintura.

Depois não deu para conversar mais nada. Todo fôlego tinha de ser guardado para uma subida por um caminho de boi no qual tivemos de empurrar as bikes o tempo todo. A descida foi igualmente difícil. O visual era magnífico, atravessamos por dentro de um pedaço da mata Atlântica ainda no seu estado primitivo.

Saímos na estrada da Jaqueira, já bem no final da forte descida que vindo do Turvo sai na Califórnia. Andamos perto de 50km só, mas foi um desafio muito bom. Encontramos o grupo de Manoel perto de São Luiz. Depois foi chegar em casa, lavar a bike, a roupa e tomar banho para ir ao churrasco do aniversário do colega Celmo.

terça-feira, dezembro 04, 2007


UMA VIAGEM AO PASSADO
Já disse que cada pedalada é um aprendizado. Cada passeio longo em cima da bike tem um tema e o deste domingo, 02/12/2007, pode se dizer que foi Uma Volta ao Passado. Não comemoramos, na hora do lanche, os três anos de Manoel pedalando? Falamos das bicicletas de ferro e sem marchas em que ele e eu começamos a andar nas trilhas.

Na parada que fizemos em Barra Mansa Márcio, da gráfica, não lembrou a queda de bicicleta que tornou seu braço mais caro, com um pedaço de platina implantado?

Atravessamos velhas porteiras onde as bikes tinham de ser levantadas. Elas carregam a gente e tem hora q somos nós que a carregamos.

E quando seguindo o rio Turvo, depois de uma curva, avistamos o prédio da estação de Glicério caindo aos pedaços acho que cada um dos ciclistas pensou nos tempos antigos onde ali desciam ou subiam no trem os fazendeiros e suas famílias indo ou vindo do Rio de Janeiro ou de São Paulo.

Assim, além dos que andam em ônibus, tudo nessa vida é passageiro.

Mas nem tudo foi velharia ou lembranças do passado. Tínhamos ao lado dos antigos bikeres jovens imberbes, como Maurício que sofreu para descer lá de cima do viaduto da ferrovia do Aço por um caminho estreito e muito inclinado. Já em baixo o encontro de duas gerações, o garoto e Adalberto.

Também tivemos a companhia de belas jovens, Íris e Renata, que pedalavam tanto quanto os rapazes. Nesta foto chamada As 3 Meninas elas aparecem ao lado do Zoreia.


Em nossa viagem pelo passado também cruzamos com modernos trens levando nossas riquezas minerais para fazer ainda mais ricos os países desenvolvidos. Mas essas questões econômicas passavam ligeiras por nossas cabeças, a gente estava ligado mesmo é na natureza a nossa volta.


Não posso deixar de dizer que nossos olhos se fartaram do verde dos morros molhados pela chuva, dos pedaços da Mata Atlântica que atravessamos e do rio Paraíba visto lá dos altos da serra.

Fizemos muitas outras coisas neste passeio que mereciam ser contadas, mas agora não dá. Termino desejando um Feliz natal! Mas antes desta festa ainda tem muito pedal.


terça-feira, novembro 13, 2007


O MUNDO É UMA BOLA


Desde as grandes descobertas marítimas no século 15 ficou provado que a Terra é redonda e que se saindo de um ponto e andando em linha reta acabamos retornando ao mesmo lugar. Mas foi neste domingo, 11/nov/2007, que os intrépidos bikers, Dunga, João Bosco, Vinícius e eu, provamos que dando um monte de voltas também se consegue chegar ao mesmo lugar de onde partimos. Explico:

Cumprimentamos-nos efusivamente por termos tido coragem de levantar da cama, vestir e colocar a roupa e o equipamento e montando em nossas bikes enfrentar o tempo inclemente. Na verdade só uma chuvinha mixuruca. Nosso destino era a distante cidadezinha de Passa Vinte no alto da Mantiqueira.

Torcendo para que o caminho não estivesse muito embarreado entramos pela trilha do Peixe, passamos pelo curral, subimos a serra de São José e descemos na estrada Quatis-Amparo. O dia estava muito bom para pedalar, fresco e com bastante umidade no ar. Os trechos com lama foram poucos. Uns pedaços de céu azul me fizeram pensar que São Pedro quiz colocar a prova a nossa dedicação ao esporte e quem teve fé curtiu uma manhã muito especial.

Quando chegávamos a Quatis, perguntando a uns ciclistas, soubemos de uma trilha que encurtava caminho para se chegar a Falcão e nos embarafustamos pela subida para Ribeirão de São Joaquim. No início da subida, numa encruzilhada, olhando para direita vimos um amontoado de casas no alto de uma serra e nem passou pela cabeça da gente que íamos acabar por lá. Nem vou contar da besteira que fizemos de tentar seguir pela ferrovia do Aço atravessando túneis de quase meio kilômetro na maior escuridão.

Uma loucura que o sábio João Bosco não aceitou fazer: "quem andou na linha o trem pegou", falou cheio de razão. Continuou pela estrada e pegando um bambu fino ficou esperando os afoitos colegas pegando uns acarás sem linha ou anzol.

Lá está ele lá embaixo e nós lá em cima no viaduto da ferrovia do Aço.

Chegando a São Joaquim desistimos de Passa Vinte, descansamos e seguimos para Amparo. No caminho tornei a pedir informação sobre um caminho para chegar a Santana, a fazenda Santana do Turvo, mas os cavaleiros pensando se tratar do quilombo nos ensinaram uma trilha muito bonita que nos colocou diante de uma velha igreja de N. S. de Santana.

Aqui jaz o Barão de Cajurú morto em 1869. Não me pergunte como um barão foi enterrado neste lugar em que "o vento faz a curva". O quilombo está recebendo atenção do governo e será um centro de cultura afro com bonitas festas.

Tocando adiante chegamos à mesma encruzilhada que tínhamos passado de manhã. Primeiro subimos à esquerda até Ribeirão de São Joaquim e depois de rodarmos horas subimos pela direita. Assim foi que rodamos, rodamos, e chegamos ao mesmo lugar. Se olharmos com atenção podemos ver o quilombo no meio da foto com a serra mais alta ao fundo. E olha que nem falei da travessia do rio Peixe que fizemos com água pela garganta (da bicicleta).

sexta-feira, novembro 02, 2007


PERDIDOS NO SPA

Não sei se podemos chamar uma pedalada forte, como a de domingo 28/10/2007, de Spa. Apesar de passarmos por uma dieta vegetariana a base de caldo de cana, bananas, maçãs, biscoitos de cereais, um queijo minas fresquinho e muita, muita água, e de padecermos numa sauna federal de um sol que só devia aparecer em dezembro e que só era refrescado por um banho de imersão numa cachoeira de água refrescante, não sei se isto é algum tipo de Spa. Mas, por que perdidos? Já lhes conto.

Era um bom grupo, oito que depois agregou mais uma pessoa. E íamos por um caminho muitas vezes trilhado: as subidas e descidas da estrada para Sta. Izabel do Rio Preto. Onde encontramos o eterno caminhante, o Prata.

Nas terras da velha casa quase abandonada tomamos muita água fresca de uma mina antiga e moemos e bebemos uma doce garapa. Todos os ciclistas se revesaram em girar a manivela que esmagava a cana. Ai que a gente dá valor a um motor. Na foto foi a vez de Rafael fazer força, todos sempre sob a supervisão do mestre Manoel.

Dali saímos em destino ao lugarejo Ribeirão do São Joaquim. Os campos por onde pedalamos era um lugar belíssimo, cheio de açudes, mas que nenhum de nós já havia passado. Pergunta aqui e ali fomos mudando de um caminho de fazenda para outro, atravessando porteiras até que demos num pasto sem saída. Foi então que ficamos perdidos e lembrando daquele seriado de TV João Bosco escolheu o nome do passeio, Perdidos no Espaço, e não sei bem porque associação de idéias, Perdidos no Spa.

Com alguns tombos, capotagens e escorregões acabamos encontrando uma estrada. O calor esgotava nossas forças e arrancando do planeta muito vapor d’água formou nuvens cúmulos, escureceu o céu e começou a trovejar. O vento passava violento sempre em sentido contrário a nossa marcha tornando a pedalada mais difícil. Sidnei decidiu afrontar os elementos se transformando num para-raio humano em cima de um moeirão de cerca. Um coqueiro, se sacudindo todo, observava as diabruras dos bikers.

terça-feira, outubro 30, 2007


Depois de mais algum esforço numa subida sem fim chegamos na adormecida cidadezinha de Ribeirão de São Joaquim. Descansamos, bebemos alguma cerveja e muito guaraná, enchemos nossos cantis numa mina e corremos para Amparo. A tarde já ia avançada e o céu não se decidia: trovejava, ventava, pingava, mas não caiu o aguaceiro prometido.

segunda-feira, outubro 22, 2007


Deus escreve certo por linhas tortas


e os ciclistas chegam ao lugar certo por trilhas muito tortas e difíceis. Assim foi domingo, 21/10/2007. Saímos num grupo muito bonito em demanda à Bananal. Chegamos e desfrutamos da bela cidade com suas mulatas faceiras. Mas não pense que fomos pelo asfalto como qualquer motorista sensato.

Depois de nos reunirmos ao pessoal de Barra Mansa e com um pelotão animado saímos em direção a Angra dos reis e logo depois da garagem da Colitur entramos à direita e seguimos por uma estrada que foi apertando mais e mais até entrarmos por uma cancela.

Atravessamos um pasto cortado por vários riachos com a serra da Bocaina nos espreitando do alto de sua majestade. Desembocamos no asfalto bem no distrito de Rancho Grande onde paramos para fazer um lanche. A pedalada não era de nosso grupo e o ritmo estava forte, coisa pra elite do pedal.

Seguimos pelo asfalto até a entrada da fazenda 57 onde dobramos à esquerda e nos embarafustamos pelos pés da montanha. Já havia passado por ali quando, certa feita, descemos do sertão do Prata.



Por causa do contraforte da serra a região é cortada por muitos riachos, todos com o nível da água muito baixo por causa da seca que já dura dois meses. Então, chegamos no poção. Um riacho que sai de dentro de um grotão forma bacias muito boas de nadar. Com o calor que fazia todo mundo se desfez dos equipamentos e entrou na água. Depois de uma curva achei um remanso onde a água se espraiava e o fundo era todo de areia dourada. Deitei ali, numa sombra e fiquei vendo as poucas nuvens deslizando lá no alto. Minha respiração estava num ritmo acelerado por causa do esforço feito até ali.

Então, o pessoal foi saindo em grupos. Subimos uma ladeira íngreme de onde se descortinava colinas se desdobrando como ondas tendo como pano de fundo a altaneira Bocaina.

Finalmente chegamos a Bananal. Desfilamos pelas ruas de pedra até encontrar o restaurante onde numa fileira as bicicletas descansavam apoiadas umas nas outras, como os cavalos que ainda têm por lá. Batemos um almoço muito gostoso e a nossa mesa – eu, João Bosco e Sidnei – não dispensou uma cerveja bem gelada.

A praça da matriz ficou coalhada de ciclistas meio mortos. Entre eles, Manoel, me disse que estava mais morto que vivo. Talvez o ritmo forte da pedalada junto com um calor de verão em plena primavera causou este estrago nas nossas fileiras.

Aí regressamos, também aos magotes. O Sol fervia como se estivéssemos num verão de dezembro. O calor que subia do asfalto, por misericórdia, era equilibrado com uma aragem fresca. Passamos por uma queimada violenta que transformou a vegetação seca em cinzas por morros e morros.

A todo momento tinha que se beber água ou refrigerante bem gelado, o corpo desidratava rapidamente. Cheguei a casa pensando que é melhor nesta época de calor fazer pedaladas mais curtas com alguma cachoeira para refrescar o corpo. Mas de banho tomado e depois de pular de alegria com o segundo gol do Flamengo, já planejava para o próximo domingo subir a serra da Beleza para ver o vale das bromélias. Oh gente louca!

segunda-feira, outubro 15, 2007


MUDANÇA DE RUMO

Não foi tão difícil chegar ao encontro ás 6:30 neste domingo 14/10/2007, primeiro dia do horário de verão. O grupo estava bom: Dunga, Manoel, Val, Vanderlei, Elias, Leo, Geovani, Sidney (que ainda estava pelo outro horário e teve que vir voando pra encontrar a gente na fazenda do Ingá) e eu. Não adianta procurar João Bosco na foto, nosso colega de todas as pedaladas foi a uma reunião de família em Minas. Ficou de trazer um queijo pra gente. Nosso grupo planejou ir à Sta. Izabel do Rio Preto passando por São Joaquim e evitando a subida da serra da Mutuca, mas Val nos convenceu a fazer outro caminho que a gente há muito queria conhecer, a subida do Robertão. Pra quê!

A trilha por dentro da fazenda do Ingá é muito bonita e quando a gente desvia para a direita segue por um caminho estreito no meio da mata que é uma beleza. Foi neste trecho que aconteceu a primeira queda do dia. Luciano vinha embalado atrás de Val e quando a fila freou bruscamente ele foi parar dentro de uma vala – que vale que estava seca por causa desta falta de chuva que já dura dois meses. Logo adiante botamos a bicicleta nas costas para pegar a estrada mais acima, já dentro da plantação de eucalipto da fazenda Bárbara.

Corremos subindo e descendo pelos caminhos no meio da mata da Atlântica e do reflorestamento. Discutimos o efeito desta fonte renovável de energia, os eucaliptos que crescem absorvendo dióxido de carbono do ar e a carvoaria e os alto-fornos da siderúrgica que jogam o gás carbônico novamente na atmosfera. Parece menos danoso que tirar o carbono que a natureza guardou debaixo da terra no petróleo e que a humanidade desde o século 20 vem utilizando e jogando na atmosfera.