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domingo, dezembro 28, 2008


Última Pedalada de 2008-12-28


No fim de cada ano todo mundo só está ligado em champagne espocando, muita comida gostosa e cerveja gelada. Na última pedalada do ano não podia ser diferente.

Depois de dias chovendo hoje, 28/12/2008 deu uma trégua e aproveitamos para montar na bike. O duro foi achar ciclista para pedalar, estava todo mundo de ressaca. Só consegui o corajoso Sidney como companhia e saímos. Pegamos o caminho para Pinheiral e seguimos para Pirai.

Não vou descrever novamente o caminho de boas subidas em meio à mata Atlântica nem o prazer de correr numa estrada de terra entre morros verdes e pastos. O verão está bem úmido e a vegetação está uma beleza.

Foi um bom ano para os sem-terra que depois de anos morando em tendas de plástico preto na beira da estrada ganharam seus lotes e estão construindo suas casas com bastante capricho. Veja esta feita de bambus bem arrumados.

Neste momento só pensávamos em comida e bebida e descendo bastante até Vargem Alegre tomamos o caminho do Clube Campestre da AAPVR para comer um peixe e tomar uma cerveja gelada.

Foram dois prazeres indescritíveis: uma pedalada sob uma temperatura agradável em um caminho quase sem barro e um almoço com um peixe delicioso e uma cerveja que descia estalando na língua. Nada mais tenho a declarar, só a desejar: tenha um bom 2009.

sexta-feira, dezembro 26, 2008

Visitando o Sambaqui da Beirada
Pedalar é lazer, é exercício mas é também cultura e cuidado com a natureza. Haja visto o artigo do jornal Folha do Interior delatando a falta de um corredor de biodiversidade para os animais selvagens atravessarem a rodovia Barra Mansa-Bananal sem o perigo de serem atropelados, como o caso do tamanduá-mirim denunciado na reportagem que você pode ver neste endereço: http://www.folhadointerior.com.br/noticias.asp?cod_noticia=888&cod_categoria=6.
Digo mais, pedalar é cultura. Dias desse, de férias em Saquarema, saí pedalando para conhecer um sambaqui.

É um lugar meio lúgubre. Esqueletos de antigos índios são expostos cobertos por uma tampa de acrílico. É um museu a céu aberto e o livro de visita mostra que a maior parte dos visitantes são estudantes, crianças e adolescentes.

Aí você estranha: O que é um sambaqui? É algum tipo de fruta ou um bicho do mato? Negativo. É um local arqueólogico, um antigo lugar de habitação de índios caiçaras que viviam no litoral, próximos ao mar. Vivendo num mesmo terreno por muitos anos tudo o que comiam de frutos marinhos: ostras, mexilhões, crustáceos e peixes, acabava cobrindo todo terreno. Com o tempo chegava a se formar um morro com os restos da alimentação deles. O Sambaqui da Beirada é o local onde viveram índios contemporâneos dos egípcios que construíram a primeira pirâmide, ainda feita em degraus, e mil anos antes do tempo do faraó Ransés II e de Moisés, da Bíblia.

Inventivos, mas ainda muito atrasados em relação aos egipcios ou os sumérios, os humanos daquele tempo fabricavam facas para cortar um peixe tirando lascas de uma pedra de cristal. Não era qualquer um que tinha esta capacidade. Geralmente um artífice, um homem com talento, fazia os instrumentos de cortar para toda tribo. Pense bem: enquanto na Ásia os homens já vivam na era do bronze aqui no Brasil a gente ainda estava na Era da Pedra Lascada. Só mesmo Lula pra levar a gente para o primeiro mundo! rsrsrsrsr

O peixe lhes dava muito mais que alimento. As agulhas que usavam na costura do couro para fazer roupas e artigos de vestimenta eram espinhas de peixe escohidas (os códigos pintados em cada uma indica o local exato em que ela foi encontrada neste sítio arquelógico).

Com as vertebras de alguns tipos de peixe os nossos antigos parentes confeccionavam colares, pulseiras e outros enfeites. O ser humano sempre foi vaidoso como um pavão. Quem é criacionista, isto é, acredita que Deus fez com as próprias mãozonas cada tipo de ser vivente, vai exclamar: Agora você vai dizer que além da gente descender do macaco também somos parentes do pavão!? Pior que sim! Todos os seres vivos foram surgindo de formas mais primitivas de organismo vivos. Mas você tem todo o direito de pensar o que quiser! Voltando aos artefatos feitos por nossos antepassados, repare como parte de uma casca de um gastrópode podia virar um anzol.
"Ei ZeAdal, você diz que pedalar dá cultura, então diga lá o que é um gastrópode!"
Meu prezado colega,você bem podia pesquizar no Google, mas foi te facilitar a vida. Gastrópode é um caramujo. Os índios pegavam um bem grande, igual aos caracóis africanos que estão proliferando em toda parte, e serravam o lábio, quer dizer, a parte mais larga da entrada e faziam um anzol pr pescar. Sempre fomos sabidos, os humanos, que somos a imagem de Deus.

A pedra talhada ganhava a função de equipamento doméstico ou arma. Na forma de cuia servia para moer os grãos (esta da foto foi tão usada que chegou a furar), com bicos eram usados como pontas de lanças e achatadas tinham serventia para cortar uma árvore ou transformar um tronco em canoa. Devia dar um trabalho! Os artefatos ficam dentro de um mostruário envidraçado e a foto ficou assim, meio desfocada.

Na pequena sala do museu, fotos na parede, mostram como é meticuloso o trabalho dos arqueólogos. Demarcam o terreno que vão examinar e vão raspando camadas finas do solo, no caso deste sítio, conchas. Qualquer objeto encontrado é fotografado, colocado num saco plástico que recebem letras e números que indicam o quadrado em que foi achado e em que camada.

Foi impressionante ver como homens e mulheres, velhos e crianças, eram enterrados naquele monturo de conchas. Diferente de outros povos que colocavam o defunto em posição fetal, como quando foi gerado no ventre da mãe, os caiçaras deste sambaqui os colocavam de bruço. Minha neta ficou impressionada com esta foto: o crâneo da mulher enfiado nos resíduos dos moluscos que ela mesma pode ter comido.

Não é uma área muito grande a deste museu e com pouco tempo de visita vi muitas coisas. Montei na bike e me afastei devagar relanceando os olhos para aquele amontoado de conchas que já foi um movimentado agrupamento humano muito antes de Jesus nascer. Voltei para a praia de Itaúna beirando a lagoa da Mombaça, que é parte da lagoa de Saquarema, meditando em como o ser humano aprendeu pela experimentação usando a força da necessidade. Aliás, a necessidade foi força propulsora para toda diversidade de vida de nosso planeta. Então é assim, vivendo e aprendendo ou pedalando e aprendendo.

quinta-feira, dezembro 25, 2008

Véspera de Natal

Hoje é Natal, 25 de dezembro, data em que se homenageia dois poderosos seres responsáveis pela existência da vida no planeta Terra. É um dia muito importante para a raça humana e é festejado desde os primórdios da humanidade. O mais importante homenageado da festa é Jesus. Para os cristãos não foi só o nascimento de uma criança, mas a encarnação do espírito mais importante do mundo, o Filho de Deus, aquele de quem João falou: "O Verbo estava no princípio com Deus e ele mesmo era Deus. Por meio dele foram feitas todas as coisas". Então, no Natal estamos dando honra ao grande planejador do nosso mundo e de tudo que tornou possível o surgimento da vida neste planeta que já foi uma bola de gás e depois uma massa de pedra e água completamente vazia. Ontem, quando sai para subir a serra do Mato Grosso, ainda estava escuro quando passei por esta igreja onde ele é venerado .

O outro poderoso causador da vida era mais homenageado nos tempos antigos, mas ainda é venerado atualmente, o Sol, a maravilhosa estrela que dá luz e calor ao nosso planeta propiciando as condições para a vida continuar existindo aqui. E ontem, quando sai para subir a serra do Mato Grosso ele ainda não tinha acordado e pedalei por mais de uma hora antes dele surgir acima dos morros clareando tudo.


Primeiro corri de Saquarema para Jaconé pela avenida a beira-mar. Postes a intervalos lançavam alguma luz que permitia pedalar em velocidade. Passei pelo centro de Jaconé ainda adormecido, mas na estrada para Sampaio Corrêa já fui encontrado caminhantes. Me informei de uma trilha ligando a estrada à RJ-106 e desviando das poças de lama corri para a serra que me acenava lá de longe já quase toda iluminada por nossa estrela.


Andei no meio de uma mata com grandes árvores e diversos córregos de águas claras que descem da serra. Aí comecei a subir. O piso de concreto estava bem estragado e mais atrapalhava do que ajudava na subida. Belos sítios aproveitavam o curso destrambelhado do riacho Buracão. Um sitiante me informou que o nome Mato Grosso, não se referia ao estado mas a vegetação de grandes árvores, bambuzais e cipoal fechado.


Depois de atravessar o córrego os sítios acabaram e o caminho quase não é usado. Marcas no chão mostravam que tinha uma moto lá em cima. Os trechos cimentados estavam verdes de limo e escorregavam mais que quiabo cozido. Em outros pés de beijo cobriam o chão. Depois de chegar à última cachoeira voltei descendo com cuidado. Estava sem capacete e sem luvas (já expliquei que estava de férias e não viajei planejando pedalar).


Quando chegando em casa passei pela igreja de Saquarema, onde é adorado o poderoso espírito Jesus que viveu entre nós, nos orientou e governa o Universo, o poderoso Sol iluminava tudo e o templo era visto, sem as luzes artificiais, em sua brancura de cal sempre repintada desde que foi construído em 1630.

terça-feira, dezembro 23, 2008

Férias em Saquarema
Sai de férias. Fechei as portas para o cotidiano, aquela repetição do dia a dia. Até Malu que todos os dias tinha o trabalho de preparar a ração e levar para passear deixei numa hospedagem. Saí para fazer tudo diferente, "não fazer tudo sempre igual". Mas a bike tenho que levar. Aí ,"dona" Lili vetou: "Levar a bicicleta! De jeito nenhum! Você não vai me deixar sozinha na praia para ir pedalar!". Permissão negada e com o carro carregado dei um adeus a magrela encostada no fundo da garagem, engrenei a marcha e peguei a estrada. Destino: Saquarema, a lagoa e o mar.

Arranjamos uma bela casa na praia de Itaúna. Do varandão dos fundos o mar se escancara na frente da gente. O vai e vem das ondas lavando a ilha de pedra negra dá um descanso impressionante a mente cansada da correria da vida. O filho não cansa de fazer churrasco, a cerveja está sempre gelada e o livro vai avançado com mil paradas. Leio duas páginas paro, desço a escadinha, piso na areia que não está muito quente - este verão ainda não chegou pra valer - e corro pras ondas frias. Não deixa de ser uma repetição, mas como é gostosa! Porém, (sempre existe um mas) depois do terceiro dia começo a sentir saudade de uma pedalada forte.

É com esta velha magrela que vou ao supermercado e a padaria. Já troquei o cabo de uma delas, levantei o selim e passei um oleo na corrente. Amanhã vou acordar cedo. Já botei o telefone pra me chamar às 5 horas e vou rodear a lagoa de Saquarema. Então, ainda escuro, saio pedalando. Ah como é bom! Os galos cantam saudando o novo dia. Atravesso a ponte da Vila. À minha esquerda a igreja de N. Sra. de Nazaré ainda brilha com suas luzes verdes e azuis. Tomo à direita e vou rodeando a lagoa. Os coqueiros vão acenando pra mim. Tem um vento sudoeste forte esta manhã. Logo saio do asfalto e pego a estrada de chão. As costelinhas me fazem sentir falta dos amortecedores. Mas estou correndo e isto é muito bom!


O dia clareia e alguns ciclistas passam indo trabalhar. Olham espantados meu uniforme, e olha que não trouxe o capacete! Nas descidas vou com cautela por falta da proteção na cabeça. Dez quilômetros passam, vinte e volto a entrar no asfalto em Bacaxá. Subo o morro da Cruz vendo a cidade lá em baixo e tomo a esquerda pegando outra estrada de chão para Itaúna. Passo na padaria para comprar o pão, são 7 horas. Pedalei menos de trinta quilômetros e acabou a diversão. Chego em casa com o pessoal ainda dormindo e vou fazer o café. Sento sozinho no varandão tomando meu café quentinho e vendo o eterno mar batendo na areia. Amanhã vou fazer um pedal mais esticado. Queria subir a serra do Rio Seco, mas não sei se vai dar.

segunda-feira, dezembro 15, 2008

Uma pedalada Evangélica
O ciclista João Bosco depois de ler a história de uma pedalada, sentenciou: “Diga-me com quem andas e te digo como foi o passeio”. Tenho que concordar, como atesta o passeio ciclístico deste domingo, 14/12/2008, dia da Corrida da Paz, que esqueci. Na véspera marquei com mestre Manoel a ida à Quatis. A saída seria às 6 h. Atrasado, perguntei a um transeunte se viu um grupo de ciclistas e recebendo uma resposta afirmativa corri para Amparo. Queria pegá-los no ponto de parada na padaria. Ali chegando, por mais que perguntasse ninguém dizia ter visto ciclistas uniformizados. Furaram! Mas a manhã estava deliciosa para andar de bicicleta, encoberta e fresca. Então continuei no caminho combinado. Ia com mil pensamentos passando pela cabeça quando ao fazer uma curva me deparei com o colega Matiola. “Andando sozinho?”, perguntei, e ele contou a mesma história. Tinha combinado o passeio com Manoel e estava andando sem destino. Decidimos fazer o itinerário combinado, eu para pedalar nesta manhã convidativa, ele pra ver se encontrava os colegas sumidos. Matiola pedala bem, fizemos um boa corrida regada a muita conversa. Ele é pastor Batista aí o assunto tomou um rumo bíblico.

Ele ainda não conhecia o trecho de estrada entre a fazenda Santana do Turvo até a entrada para a trilha do Curral. Quando parei para perguntar a um tirador de leite se tinha visto ciclistas passando por ali me lembrei de uma história da Bíblia. Afinal estava pedalando com um pastor. José, um jovem israelita procurava os irmãos que estavam apascentando ovelhas. Perguntava a um e outro caminhante até que achou o grupo. Apesar de ficar feliz ao encontrar os irmãos ele foi maltratado por eles e vendido ao Egito como escravo. Daí, comentei: “Os que defendem a existência do Bem e do Mal afirmam que esta atitude motivada pela inveja e ambição foi má, mas a longo prazo a história mostrou que a ida de José para o Egito, mesmo como escravo, resultou na sobrevivência dos israelitas, antepassado de Jesus”.

O pastor Matiola discordou explicando que Deus tem um plano para a humanidade que inclui situações que afetam pessoas ou nações. A execução deste Plano tanto pode ser feita por caminhos de fé, como pela intervenção do homem que não acredita no Divino. Neste momento atravessávamos a ponte sobre o rio Turvo onde termina Barra Mansa e começa Quatis.

Pedalando pela estrada Amparo-Quatis o assunto da conversa versava sobre a Bíblia. Conforme o colega que nos acompanha no pedal o assunto toma um feitio. Como exemplo de que o homem pode tentar apressar a Vontade de Deus e com isso criar mais dificuldades para si Matiola lembrou a história de Abraão e Sara. O plano de Deus incluía o nascimento de um homem que seria a encarnação do Verbo, Jesus, e ele viria necessariamente da descendência do patriarca. Mas o velho Abraão estava com mais de 80 anos e sua esposa tinha quase essa idade e não geraram um filho. Assim, para cumprir o Plano de Deus eles decidiram dar uma forcinha e de comum acordo resolveram que ele podia se amasiar com Agar, uma empregada e ter o filho com ela. Neste exato momento interrompi o relato que já conhecia para conduzir Matiola pelo atalho debaixo do elevado da linha férrea. Caminho que ele batizou de trilha do Equilíbrio.

Correndo para Quatis, onde não comemos pastel porque os chineses abriram a pastelaria naquela hora, ele terminou a história dizendo que afinal o idoso casal acabou tendo um filho legítimo, Isaque, e o plano B idealizado pelos dois trouxe muitos problemas para os descendentes de Abraão até hoje. O menino nascido da escrava, Ismael, se multiplicou em tribos nômades que viveram atacando os judeus por muitas gerações. De Quatis telefonei para Manoel e a família informou que ele foi ao Corrida da Paz e nem se lembrou de desmarcar o passeio com a gente.



Mas igual a Deus, afinal somos filhos dEle, cumprimos nosso plano para este domingo. Ir a Quatis, voltar e almoçar na fazenda Santana do Turvo. Foi um passeio muito bom com o céu nublado, um friozinho que ajudava a manter o esforço de pedalar e uma leve garoa por pouco tempo. A chuva só começou a cair quando já estava em casa. Aleluia!

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Um pedal muito Místico

Ontem, quinta-feira, 04/12/2008, fizemos uma pedalada vespertina. Durante o passeio se desenvolveu uma história do jeito que João Bosco gosta de ler: com princípio, meio e fim concatenados. Acompanhava o antigo ciclista Dunga. Seguindo pelo leito da antiga linha férrea, no bairro Três Poços, paramos para alongar. Cada um se apoiou em um moeirão de cerca e puxou e esticou pernas e braços. Foi quando vi duas guias africanas penduradas numa touceira de bambu, uma azul e outra branca. Perguntei ao colega, profundo estudioso dos cultos africanos se aquilo era uma oferenda. Ele, falando em um dialeto angolano e se dirigindo a alguém invisível mostrava uma expressão preocupada: “Isto não é nenhum trabalho. Alguém abandonou suas guias e seus santos, Oxalá e Iemanjá”. Depois de se dirigir de novo às entidades pedindo misericórdia para o incauto que praticou aquela ação, montou na bike e eu o segui.

Depois de atravessar Pinheiral e tomar a estrada para Arrozal interroguei meu colega sobre os Orixás. Você não precisa acreditar nessas coisas, mas como brasileiros aprendemos a respeitar as diversas devoções religiosas, e eu queria saber mais. Ele explicou que apesar do sincretismo -malandragem dos antigos escravos africanos que enganavam seus senhores fazendo devoção à São Jorge quando realmente estavam apaziguando Ogum - os orixás não são santos, nem foram humanos, são elementares, forças da natureza que tem personalidades distintas. Foi depois de abandonar o culto desses senhores da natureza que os humanos atacaram sem misericórdia as matas, os animais e os mares e rios destruindo tudo.

Já na padaria, em Arrozal, comendo um pão com mortadela e tomando um guaraná, liguei para Lili e dei o telefone para Dunga falar com ela, completamente rouca. Ele prometeu arranjar-lhe um chá e dali saímos em procura de uma trepadeira chamada guaco, ótima folha para fazer chá, infusão e xarope para rouquidão, tosse e bronquite.

Conseguimos muito mais folhas do que precisávamos e tocamos de volta pelo mesmo caminho. Dunga aproveitou para falar sobre a diversidade das plantas e a energia que elas transmitem tanto para o meio ambiente quanto para os humanos que fazem uso de delas. Comentei a maravilha que é a capacidade de cada planta tirar do mesmo solo moléculas de minerais e dentro de si montarem aquelas moléculas em cadeias de substâncias específicas para tratar uma o fígado, outra os ossos, os pulmões, o coração e por aí vai.

Chegando em Pinheiral encontramos uma colega do pedal e falamos sobre o esperado passeio à Canção Nova, em Cachoeira Paulista. Um grupo vai pedalar e depois participar de um culto católico. Assim são os brasileiros, cristãos com forte ligação com o mundo espiritual. Continuamos. O passeio estava nos seus momentos finais quando tudo se liga do jeito que João Bosco gosta. Quase atrás da FOA, no mesmo caminho que já foi uma linha de trem, vimos lá adiante duas mulheres de branco. Uma mãe de santo e sua filha! Meus Deus, voltamos ao assunto do candomblé!

Era “dona” Mônica. Depois de falarem no dialeto africano Dunga ficou sabendo que ela era sua irmã, feita pela mesma mãe de santo. Incrível! Perguntei a eles sobre os pretos velhos. Ela me explicou que apesar do culto africano não prestar devoção aos pretos velhos ela trabalha com um maravilhoso senhor, um egum, um desencarnado, um ser que já foi homem e hoje é um espírito de luz, um santo. Por meio dela ele aconselha os desesperados e receita para os enfermos. Logo estávamos sobre nossas bikes correndo para chegar em casa antes do anoitecer, afinal era uma pedalada vespertina.