Todos concordaram: foi o pior pedal de ZéAdal. Esta foi a
única unanimidade. Começou que uns foram de carro outros de bicicleta.
Os que
foram de carro uns os deixaram em Barra Mansa, outros em Getulândia e outros em
Bananal. Na padaria era aquela cacofonia, falavam de tudo menos do pedal. Era
melhor nem pensar nisso.
Iniciamos a subida forte da serra da Bocaina. A manhã estava
encoberta e fresca, pelo menos nisso o pedal era satisfatório. Mas havia alguma
coisa de mal nesta aventura. Um rapaz principiou a ter fortes dores no joelho e
ficou pra trás. Um jovem, já no Km12, sentiu tonteira e estava muito pálido.
Um
velho sentiu fortes dores de barriga e teve que se aliviar numa casa abandonada
da montanha. E aí o sol apareceu bruto e ardente fazendo todo mundo suar na
subida que não acabava mais.
Pelo menos o banho gelado e o tobogã na cachoeira foi bom
pra todo mundo.
E chegamos na Estação Ecológica onde o lanche foi compartilhado
porque não havia lugar pra almoçar, e já eram 13 horas.
O tempo mudou de repente,
como sucede normalmente ali naqueles altos. Demo-nos pressa e corremos pela
estrada para Lídice que está bem marcada e linda.
Moitas de hortênsias margeiam
o caminho e parávamos para tirar fotos.
Um nevoeiro forte veio do lado do mar
e logo não víamos o companheiro que estava há 15m.
São Pedro principiou a arrumar os móveis. Roncos e trovões
nos cercavam, e todo mundo pedalava forte. Pelo menos o caminho em meio a mata
estava bom e mais descíamos do que subíamos. Aí a chuva caiu grossa encharcando
todo mundo. Logo surgiram lamaçais, uns davam pra passar neles pedalando outros
atolavam as bikes e os ciclistas. (foto de um dos colegas)
Os córregos que atravessam a estradinha logo
estavam cheios e o pessoal aproveitava para tirar os quilos de barro das rodas.
Alguém disse que para ficar pior só faltava cair granizo.
Era difícil subir pedalando no barro escorregadio e descer era ainda
pior.
As horas passavam. Finalmente a chuva deu uma trégua e chegamos ao rio do
Braço onde atravessamos com as bikes nas costas.
Eram 16 horas e tava todo
mundo com fome. Aí surgiu um barzinho que atende quem vai tomar banho de rio
num remanso. Por fim matamos a fome e a sede.
A tarde caia e tinha colega que
veio de Seropédica e não tinha ideia de quando ia chegar em casa. Mas enquanto pedalávamos víamos as belezas dos vales naquele alto de montanha.
E belas cachoeiras enchendo o mundo do som cavo de águas batendo em pedras.
Tornamos a
montar e a chuva tornou a desabar. Mais lama e escorregões. Até que chegamos ao
asfalto. Todo mundo saiu correndo debaixo de chuva, no escuro e com um trânsito
terrível dos carros que vinham de Angra.
Arranjei uma carona para o amigo João Ademar e pedi que
fosse buscar a caminhonete em Getulândia. Esperei aproveitando para tirar o
barro das bicicletas numa valeta que virara um córrego. Esfriou e todos estavam
molhados até os ossos. Depois de quase uma hora João voltou, colocamos as duas
bikes na caçamba e tocamos de volta pra casa. Um grupo estava esperando em Rio Claro. Eram quatro. Apertamos as bikes na carroceria junto com
dois ciclistas e fomos quatro na boleia. No trevo de Passa 3 outro colega
aguardava, era noite e pedalar numa estrada cheia de veículos correndo e sem
acostamento era um perigo. Subimos mais uma bike e na cabine para três agora iam
cinco.
Finalmente terminou o pedal GRANDE VOLTA DA MONTANHA. Graças
à Deus todos estavam bem, mas não há dúvida, foi o pior pedal do ZéAdal.