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domingo, julho 27, 2008


Nas duas últimas pedaladas que participei houve uma coisa em comum, mulheres ciclistas. As andanças de mountain bike por serem muito desgastantes, envolverem muitas horas e por lugares que nem sempre tem um banheiro são feitas quase exclusivamente por homens. Assim, quando temos a companhia do chamado sexo frágil nos sentimos muito honrados e cheios de deferências.

Na pedalada de domingo, 20/07/2008, foram três ciclistas mulheres. Saindo de Volta Redonda seguimos para Pinheiral pelo caminho da antiga linha do trem, andamos até a Dutra e entramos no bonito distrito de Arrozal com seu belo casarão.

Daí um grupo seguiu para a fazenda da Grama pela antiga estrada de Pirai enquanto outro, com as meninas, foi direto. Do pelotão que participei passamos por lugares de rara beleza com velhas casas de fazenda e um panorama de cinema, como disse o amigo Manoel.

Depois voltamos juntos para Arrozal, participamos de um almoço muito gostoso e voltamos pra casa bem alegres.

As nossa colegas foram dez.

Neste sábado, 26/07/2008, no grupo de quatro bikeres tivemos a companhia de Ivete.
A bem da verdade nós é que fomos companhia pra ela. Fizemos a volta de Bananal já conhecida, mas ela experiente ciclista nos mostrou trilhas novas como a do Matadouro e a que vai pra Bananal passando pela trilha do Guaxinim.

De novo andamos por estradas lindas com um túnel formado por bambuzal e outras belas sedes de fazenda. E sendo uma ciclista que pedala melhor que muitos homens ela nos guiou tão rápido que andamos 100 km em 6 horas.

terça-feira, julho 15, 2008



Companheiros do Pedal
O sol perdeu a hora. Só lá pelas 7:30, a gente já estava chegando em Amparo, é que ele deu as caras por entre o nevoeiro, com seu sorriso amarelo (pálido) como a pedir desculpa por nos deixar andando no meio de uma neblina que quase se precisava cortar com faca.

Só depois de encontrarmos uma comitiva que vinha de Vassouras, pernoitou em S. José do Turvo e seguia para Aparecida, é que o astro rei abrindo as portas para passar um vento frio conseguiu espalhar a neblina e clarear a bela manhã deste domingo, 13/07/2008.

Que bela manhã de inverno! E que companheirismo! Cada pedalada tem sua característica, esta foi a camaradagem entre os 7 ciclistas. Íamos dar uma volta grande e passar pelo túnel do Capoeirão. Assim, depois de um café quentinho pegamos a estrada de terra em demanda a Conservatória. A paisagem enchia os olhos de alegria. O verde das colinas, já amarelando nesta invernada e o céu de um azul turquesa são um espetáculo inigualável. Até as aves do céu, tanto cantando a nossa passagem quanto levantando vôo, como um bando de carcarás grandes deixando meio comida a carcaça de um tatu, nos encorajavam a continuar pedalando.

Num átimo chegamos a Conservatória. Cheguei na hora em que os violeiros iam começar as serestas matinais, tentei levar uma música, mas semitonei e perdi o compasso, foi um fiasco. Fui salvo pela intervenção do amigo Dunga que falou de nossa idade e do que fazemos com nossas bikes. Saímos correndo da cidade das serestas. Não antes de Dunga tentar cantar esta bela morena.

Aí foi subir a serra da Beleza que nos pareceu bem fácil desta vez. Só paramos pra tirar fotos nos Arcos e acima de Pedro Carlos entramos no leito da antiga estrada de ferro e corremos para o túnel que vive a chorar, derramando rios de lágrimas por estar abandonado.

A maioria dos companheiros não tinha passado por ali e ficaram admirados com a paisagem. Dunga comentou que possivelmente nenhum passageiros dos velhos trens que desciam a serra poderiam imaginar que um dia um grupo de ciclista estaria correndo pelo leito sem trilhos e apreciando a bela vista, quase intocada, que eles viam de seus lugares dentro do vagão.

Na velha estação de Leite Souza, hoje moradia de “seu” Sebaste e”dona” Guilhermina, paramos para tirar fotos e aproveitei para andar na mula Joana fazendo uma farra que pode ser apreciada no endereço: http://br.youtube.com/watch?v=m0ngKTf-ZQE .

Sem delongas, porque a fome apertava, chegamos em Sta. Izabel do Rio Preto que estava em festa homenageando a padroeira. Sentamos a mesa de “dona” Marina e enquanto esperávamos a comida farta contamos histórias e piadas. Mas qundo chegou os pratos quentes não se ouvia um pio, só o retinir dos garfas e facas.

A tarde descambava e o ar esfriava rápido. Chegamos ao limites de Volta Redonda com as sombras da noite no nosso encalço e como a maioria estava sem farol fiz minha as palavras do general israelita Josué (Juizes 10:12-14): “'Sol, fique parado sobre nós até vencermos esta batalha', e o sol ficou parado no céu e atrasou sua descida”. E não é o natural? O servidor que chega atrasado de manhã tem que trabalhar até mais tarde.

sexta-feira, julho 11, 2008


Pedalada ao Parque Nacional da Bocaina
Cada pedalada é um exercício com incríveis variáveis. Neste sábado, 05/07/2008, experimentamos uma nova modalidade: ir de carro até São José do Barreiro, 75 km de Volta Redonda e paralela a Itatiaia, e dali subir a serra até o Parque Nacional da Bocaina. Uma aventura sensacional.

Levei João Bosco no meu carro e as nossas bikes no bagageiro. Foi quase uma hora e meia sentados lado a lado e onde a conversa foi muito legal. Diante de um cenário muito bonito falávamos de leituras recentes, eu da releitura do O Nome da Rosa e João falando do Lentes Mágicas. Contava que neste livro um homem que não enxergava foi a um oculista mágico que lhe deu um par de lentes com as quais via tudo bonito e cor de rosa. Mas as lentes se quebraram e ele voltou ao mago que lhe deu outro par e avisou: não olhe muito detidamente para as coisas. E o cara notou que com as novas lentes tudo ganhava nova aparência: a namorada mostrou-se falsa toda vida, o amigo do peite estava surrupiando seu dinheiro e tudo parecia com defeito. Resultado, tudo é bom ou mal dependendo de nossa maneira de vê-las. (bela foto de JBosco, fotógrafo das árvores)

Chegamos a bela São José do Barreiro, cidade de esportes de aventura com seu casario de mais de cem anos. Era legal ver o pessoal vestindo o uniforme e preparando as bikes pra subida.

E lá fomos nós. Foram 25 km desde uma altitude de 550 m do nível do mar até 1760 m. Ora, quer dizer que a cada quilômetro a gente subia o equivalente de um prédio de 20 andares! Os primeiros 8 km foram moleza. Era um subir médio e um trecho plano para descansar se repetindo o tempo todo. Não havia aquelas descidas falsas que só servem pra se subir mais ainda lá na frente.

Mas depois do quilômetro 9 as coisas federam. Aí era só subida. Sabe a estrada íngreme do Guaraná Quente? Pois é, é aquilo mesmo, só que dá pra subir montado. Os outros eu não sei, mas no meu caso o coração parecia que ia sair pela boca. A pequena cidade foi diminuindo de tamanho até ficar uma mancha no chão lá embaixo.

E toca a subir. O visual, dentro da mata Atlântica ficou lindo. Longe, a represa do funil podia ser vista se espraiando entre os morros. Fora dois colegas que subiram sem parar os oito restantes pedalaram mais ou menos juntos. Mesmo com todos os músculos empenhados em vencer a serra ainda dava pra contar piadas e fazer brincadeiras. O clima era ótimo, o da amizade, porque o do tempo esfriava cada vez mais.

O frio apertava. Lá na praça eu e João resolvemos tirar a camisa do uniforme e subir só com a camisa de meia que estava por baixo. Aí cara, a vontade era descer de novo e pegar o uniforme. Só não dava pra bater queixo porque o corpo era uma máquina de fazer força que estava na temperatura máxima.

Não há sacrifício que dure sempre e logo chegamos ao lugar onde íamos fazer refeição. Uma bela pousada encravada no lombo da Bocaina. Da janela se via os cavalos meio selvagens pastando ao entardecer. Mas antes do almoço ainda havia mais coisas pra ver.

Fomos ao Paredão, mais parecia um lajão. Uma laje de pedra negra com um belo riacho cascateando no meio dos pinheiros e descendo pros lados do Frade. Parecia uma floresta mágica das histórias do Senhor dos Anéis.

Daí, descemos para o Parque Nacional no meio daquele bosque de araucárias, as árvores sempre-vivas das grandes altitudes e de clima frio. Os guardas conferiram nossos nomes que haviam sido enviados com antecedência. Um deles me disse que naquela madrugada os termômetros marcaram 1°C.

No sombreado da mata corremos por uma trilha apertada até a cachoeira de Santo Isidro. Com as pernas cansadas descemos dezenas de degraus nos apoiando em corrimãos toscos de madeira. Lá no fundo do grotão a cachoeira despencava maravilhosa numa lagoa bem redonda.

Um sol, já enfraquecido, lançava derradeiros raios de sol pra espantar o frio.

A moçada entrou na água. Me abaixei, meti a mão e gritei: geelaaaada! Lógico que não entrei. Depois de ficar por ali olhando e fotografando a beleza do lugar me mandei subindo os degraus feito um pagador de promessas.

(foto de J.Bosco)

Corri até a pousada com o pessoal no meu calcanhar. Tirei os tênis e as meias molhadas e pisei no assoalho de tábuas corridas pegando meu prato com feijão, arroz, ensopado de galinha com batata e macarrão bem quente. É lógico que pedi uma dose de pinga! E desceu quente e muito gostosa. Era um verdadeiro licor. Não bebi outra dose porque ia dirigir e a lei está dura.

A sala de jantar da pousada com a lareira e João e Kleber esperando o rango. Eu fui buscar meu.

Aí foi todo mundo para sol descansar. Mas a temperatura caia rapidamente. Já era quase 16 hs. As sombras da tarde já ficavam cumpridas e resolvemos tocar para baixo. Foi muito legal. Depois de subir por mais meia hora começou a descida que durou quase hora e meia. Só descida! Voando onde dava, segurando no freio quando não tinha jeito. Curvas fechadas e pequenas retas, mas só descendo. O céu foi ficando longe.
Na foto, numa nesga de sol, duas gerações, eu dos anos 40 e o jovem Marcelo (organizador competente do evento) dos anos 80, tomando um cafézinho bem quente em canequinhas esmaltadas. Eh, trem bão!

Na praça todo mundo arrumava as bikes nos carros, nos despedimos até outra pedalada e corremos pela noite que caia, os faróis acesos rasgando a escuridão.