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domingo, junho 22, 2008


O cronista de O Globo, Arnaldo Block, dia desses falou da transformação que sofre o motorista dentro de sua máquina. Como um centauro da mitologia ele perde seu controle racional e deixa tomar o volante de sua vida as forças emocionais irracionais. Quem está lá fora, o pedestre ou outro motorista em seu carro, deixa de ser um ser humano, seu irmão, para se tornar um alienígena que precisa ser vencido ou atropelado.
O mesmo não acontece com o ciclista. Sobre sua magrela ele não se sente um super homem, pelo contrário, ele se integra a natureza, não mata uma mosca, bem não digo isso, mas com certeza não esmigalhamos nem uma formiga propositadamente. (foto de J Bosco)

Com este pensamento foi que um grupo de bikenautas saiu da cama bem cedo neste sábado, 21/06/2008, fez ponto numa padaria esperando os colegas de Volta Redonda, e saímos entre brincadeiras e gargalhadas em direção a Bananal. Na frente da fazenda Bocaina deixamos o asfalto e nos embrenhamos pela estrada de chão. (foto de J Bosco)

A manhã custava a clarear com o nevoeiro forcejando com o sol. Pegamos o caminho. Caminho fácil e conhecido, com poucas ladeiras, foi logo vencido e chegamos a Rialto. Conforme o planejado íamos pegar uma trilha logo depois da ponte, a esquerda, e seguir pra Bananal. Mas as opiniões se dividiram e venceu o voto de seguir para Arapei entrando por uma trilha que nem eu nem João Bosco ainda tínhamos passado. A trilha do Guaxinim.

O ritmo da turma de Barra Mansa é forte e para acompanha-los nos sobe e desce do caminho esgotei rapidinho minhas forças. E não só eu. Um médico sentiu-se mal e desistiu do “passeio” logo depois de Rialto e o irmão dele só acompanhou a turma porque teve muita garra e desespero. Cada vez que ele e eu chegávamos num ponto de parada o pessoal vinha com aquela terrível frase: “Está todo mundo aí, então vamos embora”.

Quando chegamos na fazenda Bela Vista, com sua criação de pôneis, e no entroncamento para Bananal as opiniões novamente se dividiram e ao invés de seguirmos adiante para almoçar, voto vencido, retornamos para Rialto por outro caminho.

Encontramos algum barro no caminho, trechos fechados de mata Atlântica, muita voçoroca (ação da natureza, as forças naturais agindo sobre o relevo do nosso planeta) e várias porteiras para pular. Apesar da correria houve sempre uma preocupação com cada companheiro, o que confirma que os centauros da bike não deixam sua humanidade quando montam na magrela. Talvez porque o motor que nos move ainda é o velho feijão e o amor ao nosso organismo e a natureza.

terça-feira, junho 17, 2008


Passeio por Rialto e Quatis
Quem não pratica esportes quando ouve o biker falar que pedala 100km em um dia ou duvida ou fica grandemente admirado. Neste sábado, 14/06, andamos exatamente isto e foi muito agradável e fácil. Saímos 6:30 tomando a direção de Rialto, distrito de Barra Mansa. A neblina levantava tornando o caminho entre os morros um ambiente de sonho.

Pela estrada de terra subimos uma colina e de lá, vendo melhor a região, divisamos uma outra trilha indo na direção de Bananal que atiçou nossa curiosidade. Mais a frente paramos para admirar a fazenda da Conceição. É bom pedalar assim, com menos correria e com tempo para parar aqui e ali vendo de perto coisas bonitas. E seguimos em direção a Floriano.
(foto gentilmente tomada do álbum de João Bosco)

Teve pneu furado e corrente rebentada, mas tudo se resolveu facilmente e nos deu ensejo de encontrar companhias lindas como essa borboleta que denominamos "88" e que pousou no capacete do colega Manoel. Acontecem coisas maravilhosas nas pedaladas!
(Como pedalar também é cultura o nome científico dessa borboleta é Diaethria candrena candrena)

Cada um de nós tem sua profissão e capacidades especiais, como nosso amigo Dunga que fala com os cachorros. Isto mesmo. Veja esta foto enquanto transcrevo o que ele contou sobre este diálogo: Vinha muito bem pela trilha quando o cachorro saiu correndo da casa e gritou: - Pare aí! Continuei pedalando e ele voou no meu calcanhar: - Moço, já disse para não passar!
Argumentei: - Ora, chega pra lá que a rua é pública!
Ele tentando me morder gritou: - Aqui o senhor não passa, tenho ordens pra vigiar tudo em volta da casa, tenho que apresentar serviço!
Aí, tive de descer da bike e gritar com ele: - Você vai me deixar passar por bem ou vou ter que ser por mal?
Ele retrucou e afastando: - Bem, moço, também não precisa ser assim. Pode passar.

Você pode não acreditar neste diálogo, mas todo mundo sabe que nosso colega Reginaldo tem incompatibilidade com qualquer boi e quando encontra um na trilha mesmo a gente passando numa boa ele tem que se desviar porque senão é ataque na certa. Veja "seu" Zé, diz sempre que anda de cavalo desde garoto e teve de ser puxado igual a criança na fazenda Santana. São coisas do pedal.

(João não devia ter registrado isto!)

Atravessamos a Dutra e almoçamos em Quatis. Depois de um breve descanso fomos pra cachoeira do Cici onde tomamos um banho refrescante. A água estaa bem fria, mas no primeiro mergulho o corpo acostumava. Taí o Edson tremendo que nem vara verde.

É um belo lugar (imagem cedida pelo jovem Michel "Jorge")que nos revigorou para a volta. Subimos morros no caminho para Barra Mansa com a maior tranqüilidade. Andamos 100 km. Se uma pessoa que vive sedentária não acredita nisso, como é que vai crer que cachorro conversa com Dunga e nenhum boi gosta de Reginaldo?
(Então, João Bosco, amarrei bem a história?)

domingo, junho 08, 2008


Vendo a serra em seu esplendor, os picos lá em cima, não pensamos em quanta energia vamos gastar pra vencê-la, só nos sentimos dominados pelo desejo de chegar ao alto vendo-a na altura de nossos olhos. Como o ser humano é arrogante!

Comecei sozinho a subida – o pessoal de Barra Mansa saiu 15 minutos antes e meu colega Richard, campeão da categoria elite, não agüentou ficar me acompanhando – e mais empurrando a bike que pedalando, bufando e com a língua de fora, venci a serra às 10 h. Da última vez que estive ali fiz a subida em duas horas e meia, agora diminui o meu tempo em meia hora, desse jeito lá pelos 70 anos vou conseguir subir a Carioca em meia hora.

No meio da serra vi o jornalista Marcus descer de um jipe com sua câmera numa das mãos e uma long neck bem gelada na outra. Com o corpo em meio a um grande esforço a gente só consegue tomar líquidos aos goles e qualquer bebida alcóolica não é bem assimilada. Assim, nunca uma Skol desceu tão quadrada. No planalto em cima da serra a gente desenvolve mais e cheguei às 10:45 no Guaraná Quente, no meio do sertõ do rio Prata.

Além de encontrar a galera alegre tive o prazer de brincar com um casal de tucanos e ouvir de perto seu matraquear alegre. Ali, no alto da serra, com o ar puro penetrando em nossos pulmões tudo parece mais bonito e claro e a vida mais fácil e sem problemas.

Depois foi servido o almoço sempre delicioso com uma mandioca frita que era uma beleza. Além dos bikeres o refeitório era dividido por barulhentos motoqueiros que durante pedalada toda hora nos ultrapassava pelo caminho.

Depois de um descanso merecido pedalamos por uma descida diferente, o Zig-zag. Quando se chega ao começo desta trilha o visual é deslumbrante, de tirar o fôlego. Aí começa a descida por uma trilha bem estreitinha, parecendo um caminho de boi, mas fundo, com paredes de um lado e outro.

Em baixo respiramos sossegados e cansados. Tiramos a foto de registro, corremos pra Bananal ainda longe e depois percorremos todo o caminho de volta para casa, mas com o coração alegre de ter vivido tantos momentos bons e provado que nossos corpos ainda estão em forma para vencer as obras maravilhosas feitas pela evolução de nosso planeta.