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segunda-feira, junho 20, 2016

Acordar cedo pra ver a vida.

Quantas pessoas acordam às 5 horas todos os dias para ir trabalhar. Focados na obrigação muitos nem notam o espetáculo de um novo dia que começa. 

Mas quando se sai para pedalar todos os sentidos ficam aguçados e nenhuma beleza escapa ao guerreiro sobre sua bike.

Saímos bem cedo, a luz ainda era um lusco-fusco, com o ar gelado entrando pelo nariz e alfinetando a pele. Corríamos para Rio Claro para enfrentar o desafio de subir a serra da Bocaina por outro caminho.

Agasalhados, sem pressa, tocávamos nossas bikes, primeiro no asfalto dividindo a pista com os carros, mas logo entramos por uma estrada de terra e toda preocupação, tensão, perturbação e outros tantos ãos ficaram para trás.

Andamos entre titãs de granito que saíram do núcleo da Terra há milhões de anos, quando a raça humana ainda era um Projeto de Deus. Aqueles megálitos nos apequenavam e desafiavam nossa coragem e persistência. 


E começamos a subir até que numa curva do caminho divisamos o imenso vale entre as serras.

Nossa missão, sair do vale e chegar lá nas alturas, a 1.200 m. E fomos.

domingo, junho 12, 2016

Robertão, a serra cheia de surpresas

Não, você ainda não ouviu falar de knickpoints, é um estrangeirismo usado pelos estudiosos de geologia. Acontece que na difícil trilha do Robertão vimos diversos exemplos de knickpoints sem, no entanto, reconhece-los. 
- Diz logo o que é isso, Zé.
Diz a professora de Geologia da UFRJ Telma Mendes da Silva: Eles são identificados na paisagem como “degraus”, de diferentes dimensões, ao longo de um perfil longitudinal de um rio e cujo comportamento é reconhecido pelas características de fluxo. De acordo com Crosby & Wipple (2004), knickpoints estão associados com a dinâmica de ajustamento de canais fluviais que acompanham alterações climáticas e tectônicas. Vários knickpoints – 35,8% dos casos estudados no médio Vale do rio Paraíba – encontram-se concentrados na porção NE da serra de Nossa Senhora do Amparo.

Vou explicar. Desde que começamos a forte subida da serra passamos pelo Ribeirão Claro inúmeras vezes, isto porque a serra sofreu a formação de “degraus” que mudam a direção do leito do ribeirão. 
Para você ter uma ideia, em menos de 5km subimos de 490m/nível do mar para 990m em várias subidas. 

É um grande esforço, as pernas e os braços trabalham como pistões sincronizados e rítmicos de uma máquina humana. O mundo vai ficando pequeno e a superfície da região sul fluminense mais parece um encapelado mar de morros.

Quando se chega lá no topo, depois de uma porteira, 

se entra num pasto de altitude e logo à esquerda tem um trilho que nos leva a atravessar o ribeirão em seu começo. Com um ano bem úmido, de muita chuva, tivemos de atravessar um banhado cheio.

Depois de rodar por trilhos estreitos chegamos a “porteira do alto”, onde o pedal ficaria adrenalina pura. Ali tem um trilho que desce com o despenhadeiro à direita. Mas não encontramos o trilho, quer dizer, achamos mas debaixo de um matagal. 

O tempo bem irrigado fez o mato crescer muito e pouca gente tem passado por ali. Resultado, tivemos de abrir o caminho nos peitos.
Mas chegamos embaixo e logo estávamos no asfalto Amparo-Sta. Isabel. Foi um belo pedal para quem não tem medo de aventura e do imponderável.

Aquela serra guarda muitos caminhos, e já tive o prazer de conhecer alguns.