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segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Andando Depois da Chuva
Domingo, 24/02/2008, amanheceu chuvoso e os colegas que iam pedalar ficaram encolhidos na cama. Quando deu 7 h e a chuva parou, como já estava de uniforme sai com minha bike. Tenho falado da beleza de pedalar em grupo desfrutando da amizade dos amigos, mas andar sozinho também tem suas vantagens. Uma delas é que a gente fica mais ligado ao desempenho de nosso corpo durante o exercício. Como não estava afim de encher a bicicleta de lama decidi ir pelo asfalto até Passa Três.

Coloquei uns dias antes um firma-pé e estava ansiosos para ver o resultado no meu desempenho. Não é coisa fácil de se constatar. Veja só um exemplo. Os 100 metros rasos começou a ser disputado na Olimpíada de 1896, mas só em 1968 os atletas conseguiram baixar o recorde para menos de 10 segundos. A marca de 9,95 s demorou 15 anos para ser baixada. Cada conquista foi conseguida com treinamento específico para os músculos exigidos neste esporte e pelo uso de equipamentos melhores. Meu equipamento deve ter feito eu andar mais depressa e me cansar menos, mas não dá pra medir isso. Só sei que levei duas horas para fazer o percurso de 30 km e chegar a pequena Passa Três.

Gostei do firma-pé. Enquanto um pé faz força baixando o pedal o outro sobe puxando. A gente fica mais inteiro. ,bem disposto, resolvi ir mais longe. Perguntei ao pessoal do lugar que estrada era aquela que continuava depois da saída da trilha que vai para Mangaratiba. Disseram: "Vai para a Dutra e sai depois de Pirai". Fui. O piso é um asfalto bem remendado que faz a bicicleta quicar um bocado. Subi uma serra e depois desci a mil com os amortecedores dianteiro e o traseiro dando tudo o que tinham.

Lá em baixo, antes da Dutra, vi a entrada do Clube de Pesca de Pirai. Entrei e segui até me deparar com uma vista linda. A água represada pela Light forma um lago sem fim entre os morros com dezenas de embarcações boiando na água azul. Um lugar maravilhoso. Passeei por ali, fiz um lanche, perguntei como podia andar de barco e se havia algum outro caminho para Mangaratiba - ainda vou de bike até o mar - e me despedi.

Depois voltei, subindo com facilidade, voando nas descidas e fazendo o percursos de 100km em seis horas e meia. Passei como vento que dobrou os eucaliptos nesta plantação. Assim foi o meu domingo, fiz o que gosto tanto de fazer, andar com minha magrela entre o verde das matas e dos campos. Aí foi almoçar e ver o Flamengo ser campeão.

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Passeio de Domingo
Existem motivos diversos para se fazer uma pedalada. Alguns ciclistas amam o desafio das estradas de terra outros do asfalto, alguns visam o exercício e a velocidade já outros querem o esforço da pedalada misturado ao companheirismo com muita conversa. Neste domingo, 17/02/2008, já com o horário normal, nos encontramos às 6 h com o dia claro. O objetivo era visitar Passa Vinte nos altos da Mantiqueira e almoçar tarde em Santa Rita do Jacutinga. Mas acabamos chegando só a Falcão e descendo pelo Morro Grande para Quatis.

Éramos doze bikers no início, Sidney precisou voltar da Cachoeira do Cici, mas Celmo encontrou com a gente no barzinho da subida de Falcão quando Ariângelo, ciclista de Quatis, se juntou ao grupo para almoçar no Colibri. Não disse que a companheirada é em si só um motivo para pedalar? Em Falcão ficamos jogando conversa fora enquanto uns tomavam refrigerante e outros cerveja gelada. Neste momento os ciclistas de Barra Mansa passaram voando para Quatis vindos pelo Morro Grande. O que levamos o dia todo pra fazer eles fizeram de manhã e almoçaram em casa. Turma envenenada! Na foto os bikers menos Reginaldo que tirou a foto e João Bosco que ficou de cama com gripe.

As mudanças do programa começaram quando escolhemos seguir para Quatis passando pela trilha que começa em Vista Alegre ao invés de seguir rapidinho pela Dutra. As chuvas tornaram a trilha dificílima: trechos com areal fundo fazendo a bike perder todo embalo, o leito da estrada lavado ficando só as pedras que faziam a gente correr em zig zag, barrancos caídos no caminho e trechos com lodaçal. Numa descida empinada vinha correndo com a bike desviando de tudo e quando cheguei em baixo entrei numa curva a direita com muita areia. Deitei o corpo pra direita procurando um ponto de equilíbrio quando me vi cara a cara com um pé de unha-de-gato, trepadeira cheia de espinhos recurvos feito garra de onça. Para não ser lanhado joguei o tórax para esquerda passando a centímetros do galho façanhudo. Lembrei dos lutadores de Box que numa fração de segundos se desviam de um murro na cara. Isto se alcança praticando muitas horas seja num tablado seja em cima de um selim.

Pelo caminho se parava para um banho de cachoeira e para tirar fotos. Depois de algum tempo a caravana se movia sem um objetivo certo, só curtindo a natureza bela dos contrafortes da Mantiqueira. Já do lado de Minas Gerais beirávamos o rio Preto que ora deslizava em remansos ora despencava em gargantas furiosas.

No Colibri esperamos pela refeição por mais de uma hora. Enquanto esperávamos as redes de bambu ajudavam a aliviar o corpo cansado. E com tempo sobrando se conversava de tudo, desde habitantes de outros planetas que vieram pedalando pelo espaço para ajudar os homens a construir as pirâmides até os planos para o passeio até Ibitipoca. O pessoal do Clube BikeAdventures falava animado sobre como estão ficando mais intensos os programas para agradar os aventureiros.
Depois do almoço voltamos apressados, mas com tempo de nos refrescarmos na ponte coberta tirando fotos das bikes atravessando dentro d’água por cima da ponte.

O céu ficou escuro e os trovões ribombavam por todo lado e os bikeres lembravam dos casos de raios que atingem pessoas nos descampados, mas assim mesmo paramos no alto do Morro Grande, com a nuvens pesadas bem por cima da cabeça da gente para tirar fotos da linda paisagem.

O dia agora escurece mais cedo e a noite nos pegou na estrada de volta pra casa.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008


O longo caminho até Carlos Euler.


Andar de bicicleta pelas trilhas das montanhas tem similitudes com uma reunião de amigos num bar. Quando a gente se encontra os rostos se abrem em sorrisos, mãos são apertadas com entusiasmo e as apresentações de novos confrades acontecem num clima de total descontração. Então, sentamos, não nos bancos do bar, mas nos selins de nossas bikes e a pedalada começa. Neste domingo, 10/02/2008, o objetivo era rever o povoado de Carlos Euler no meio da serra da Mantiqueira. Seria um grande exercício e um enorme prazer.

Éramos dez número que aumentou pra onze com a chegada do jovem Rafael e voltou ao número completo de dez com o regresso de Marcus. Rodamos pela Dutra numa carreira rápida que não deu ensejo a qualquer conversa, mas depois de passarmos Quatis e começarmos a subida para Falcão os bikeres se emparelharam de dois em dois e a conversa rolou solta. Conheci o jovem Vinicius, jornalista, que desenrolou seus planos de manter uma coluna sobre ciclismo, separada da de esportes, no jornal Folha do Interior, divulgando o esporte e lazer que está ganhando adeptos por todo mundo.

Ficamos só por pouco tempo no pacato vilarejo de Falcão com sua antiga estação ferroviária lá no alto que parece estar a espera do Trem Azul e do movimento de passageiros pela plataforma de pedras. Mas chega de poesia porque depois de enchermos os cantis com água fresca da fonte saímos pela rua principal e ganhamos a estrada de terra entrando no Estado de Minas Gerais. O rio Preto acompanhava nossa marcha acelerada. Nesta hora já conversava com outro colega, Leonardo, que contava que foi chamado para este pedal pelo amigo Mahe, no domingo de Carnaval, lá em Bananal. Aceitou de imediato já que nasceu na pequena Carlos Euler e há anos não ia lá.

Passamos a entrada para Passa Vinte, que tenho muita vontade de visitar, e começamos a inclinada subida da serra. Quilômetro após quilômetro pressionamos os pedais, sentindo os músculos das pernas doerem e a barriga arder pelo esforço. Neste pedaço do caminho conversava com o jovem Rafael que falava de como aprendeu a fazer doce de leite buscando o tempo certo de desligar o fogo quando a massa começa a cristalizar. Junto com Sidney nos refrescamos numa cascata gelada e comemos goiabas maduras evitando engolir os bichos da fruta.

Depois de cinco estafantes horas chegamos a Carlos Euler, perdida entre as penedias da serra, mas não descansamos corremos para apreciar a cachoeira do Rio Bananal. Uma força de água linda que se esparrama com a aparência de chantili. Tiramos o uniforme e nos refrescamos nas pequenas bacias de água gelada e sentindo na pele os borrifos atirados pelo vento forte que desce naquela garganta. Bar nenhum tem um visual assim.

Depois de apreciarmos aquela maravilha votamos pro vilarejo e fizemos uma refeição com feijão de fogão de lenha, arroz, angu, macarrão e ensopado de frango da roça, de carne firme e ossos duros. Em volta da mesa, como num bar, desfrutamos o alimento sadio que Deus criou para fortalecer nosso corpo e a camaradagem de quem partilha de um mesmo passatempo.
Aí cada um arranjou um canto para se esticar e descansar. A volta foi só descida, o sonho de todo ciclista, e o que levamos duas horas e meia subindo descemos voando em vinte minutos. Despedimos-nos em Falcão já que em Quatis o pessoal de Barra Mansa foi pela Dutra e nós, de Volta Redonda, seguimos para Amparo. Saímos de casa ainda escuro e voltamos sob as sombras da noite. Porque o ciclismo é mágico, faz o tempo passar rápido como a paisagem a nossa volta, a gente fica 14 horas em cima da bike. Quem consegue ficar no bar desde o amanhecer até o escurecer?