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sexta-feira, setembro 12, 2008

No site do novo clube de bike de Barra Mansa tem uma enquete: quantas vezes você pedala por semana? Marquei, uma vez no final de semana. É pouco, se a gente quer manter uma boa forma física é preciso ter um programa com mais pedaladas por semana. Mas como não dá não deixo de jeito algum de dar meu passeio de final de semana. Como vem minha filha do Rio tirei a 6ª feira para andar. Um colega entrou em contato comigo, marcamos o lugar de encontro e na hora cheguei lá. A bem da verdade atrasei cinco minutos e ele foi sozinho. Fui atrás, mas sem perseguição, queria fazer uma pedalada com bom ritmo mas sem pressão.

Segui em direção a Amparo e na entrada da trilha do Peixe tomei a estrada de chão. O tempo seco deixou este bom caminho tranqüilo de pedalar, sem lama. Prefiro ir na direção norte por ali, tem menos subidas que pelo asfalto e não têm carros passando pela gente voando. O canto dos pássaros, o vento da tarde tudo contribuía para meu descanso mental. Ouvi mais que vi um homem roçando o pasto acima de um barranco e gritei pra ele diminuindo a marcha: Passou um ciclista aqui? Ele respondeu afirmativamente. Apressei as pedaladas para ver se o alcançava. Em vão. Cheguei na parada junto a cancela da fazenda Criciúma e não o encontrei. Toquei para Santa Rita de Cássia.

Eu tenho um pensamento fixo: encontrar uma passagem para Quatis sem ser passando pela fazenda Santana do Turvo ou pela Criciúma. E estava pedalando com esta intenção. Dois quilômetros depois vi uma porteira anunciando, fazenda Ribeirão da Onça. Entrei.

Quando estou sozinho num caminho que não é uma trilha regular de ciclismo fico pensando nos grandes descobridores, como Vasco da Gama (que me perdoe os flamenguistas que acham ser este nome só de clube de futebol). Seguia uma estradinha pouco usada da fazenda pensando nos perigos pelos quais passaram os antigos navegantes. E assim cheguei numa velha e acanhada casa da fazenda. Chamei, gritei e ninguém me atendeu. Passei pelo curral e segui por outra porteira na direção Oeste, onde devia estar Quatis.

Agora era um caminho que subia e ia se estreitando. Acabou virando pasto e depois uma macega com sapê, muito arranha-gato e cipó. Mas continuei indo pra frente fazendo muita força para puxar a bike naquele matagal. Lá longe, uma estradinha subindo um morro me animou. Arranhado e cansado passei o pior, começou uma descida com menos mato e avistei uma pequena casa de fazenda. Apressei o passo, não dava para pedalar. Estava há uma hora empurrando a magrela. Lá estava a casa no meios de árvores e a beira de um rio amarronzado, só podia ser o Turvo. Cheguei a margem do riacho. Bem que me deu vontade de dar um mergulho, mas não me apeteceu ficar molhado depois. Uma pequena ponte feita de troncos atravessava o Turvo. Subi uma rampa e cheguei a porteira: Ei, esta porteira eu conheço! Olhei de novo em volta.

Quando a gente chega a um lugar conhecido vindo por outro caminho e sem ter idéia de estar indo pra lá não se reconhece onde estamos, num primeiro momento. E não é que rodei e rodei e sai na trilha do Curral! Desisti de ir pra Quatis e voltei. Consegui passar a barrinha do riacho do Peixe pedalando e deparei com o telheiro do depósito daquela casa onde têm as tangerinas todo queimando e ainda ardendo. Fiz o caminho até a fazenda Criciúma, toda pintada, e peguei a trilha do Peixe de volta pra casa. “Seu” José Adal, descobridor de coisa nenhuma. Mas pelo menos dei minha pedalada da semana.

domingo, setembro 07, 2008



TRILHA DO CARRAPATO DE NOVO, NÃÃÃÃÕOOO!

Quando João Bosco me chamou para fazer a trilha do Carrapato pensei: outra vez!! É um caminho no meio do pasto de uma fazenda onde as pernas da gente roça no capim do gado infestado destes ectoparasitos da família do ácaro. Alérgico, uma mordida é um edema. Mas a atração pela companhia dos colegas é irresistivel – daí o perigo que o adolescente corre participando de um grupo e aceitando tudo que eles fazem mesmo sabendo que não vai ser bom para ele.


E assim fomos em direção a Dutra e Getulândia nos esforçando em boas subidas que têm no caminho asfaltado. Quase chegando no vilarejo tomamos à esquerda, depois de uma descida forte, e seguimos por uma estradinha da roça. Não se precisa andar muito para entrar no caminho no meio do pasto. Valas, pedras redondas, desvios, gretas e outros tantos acidentes naturais tornam a pedalada muito difícil. Mas aí é que está a graça. Controlando a bike tanto morro acima como na descida íngrime a gente é testado em resistência, equilíbrio e rapidez de escolha. Numa fração de tempo o ciclista tem de decidir o menos pior lugar, num espaço da largura de um pé, para meter o pneu e passar. Tinha esquecido deste tipo de desafio nesta trilha. É uma beleza.


Mesmo tendo passado algumas vezes por ali, a atenção na trilha faz a gente ouvidar de variantes interessantes que saem à esquerda e à direita. Nossa colega Ivete nos chamou para enveredar por uma delas e saímos no que deve ter sido o pátio de uma antiga fazenda. O terreno foi aplainado com a construção de uma muralha de pedra impressionante.


Nos ocorre logo o quanto fizeram para modelar nosso país os africanos que foram trazidos aqui à força. O trabalho escravo produziu obras impressionantes que encontramos a toda hora em nossos passeios. No Egito, os egiptólogos vêm querendo esconder ou ignorar o trabalho dos escravos judeus na construção de suas cidades e da pirâmides magníficas. Dizem agora que toda aquela obra monumental foi feito por trabalhadores voluntários e dedicados numa missão religiosa. Pode ser, mas não se pode negar o relato da Bíblia (Êxodo 1:11): “Os egípcios puseram feitores para maltratar os israelitas com trabalhos pesados. E assim os israelitas construíram as cidades de Pitom e Ramessés, onde o rei do Egito guardava as colheitas de cereais”. Com certeza este muro de pedras também foi feito com muito suor e esforço e sob pressão de feitores.


A trilha continua num ambiente diferente, no meio de um pedaço da mata Atlântica. Quase todo em descida é um caminho muito irregular produzido pela água da enchurradas, mas é também muito lindo. Deu pra ouvir bem forte o desafio de um bugio defendendo seu território dos ciclistas invasores. Um som que ele tira do peito parecendo um rufar de tambores.



Lá na frente, já saindo em outro tipo de terreno onde a mata foi jogada no chão para estabelecer sítios, encontrei um velho touro deitado no mesmo lugar em que o encontrei numa vez passada. Os colegas desaforados disseram que ele estava ali esperando por mim que não telefonei, não escrevi e nem mandei um email.


Então, entramos em Arrozal, fizemos um lanche e voltamos pela trilha da Melequinha, mas esta é outra história.