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quarta-feira, setembro 26, 2007


Evangelho de Ibitipoca

Estimado amigo, quero lhe contar a verdadeira história da pedalada até a cidadezinha de Conceição de Ibitipoca. É bem verdade que não sou testemunha pessoal dos eventos, mas semelhante ao evangelista Lucas que não acompanhou o Senhor Jesus e escreveu o Evangelho de Lucas segundo o testemunho dos apóstolos, tudo que aqui vou narrar soube diretamente de Manoel, João Bosco e outros que participaram desta epopéia.

Foram 18 ciclistas determinados e cheios de fé em que completariam seu objetivo e desfrutariam muitas alegrias.
Pode depositar absoluta fé de que neste mundo cheio de corrupção e violência ainda existe o companheirismo fraternal que apóia o colega: seja indo resgatar uma ovelha que se desgarrou depois de Cruzeiro e seguiu um caminho largo ao invés da trilha apertada;

Seja apreciando junto portentosas obras das mãos do Pai e da Natureza, como este corte explêndido feito na pedra por águas do rio e da chuva, pelo vento frio e pelo sol ardente, e que se chama Boqueirão.
Nada é comparável a experiência de presenciar ao vivo as maravilhas da Terra. Benção distribuida aos que se aventuram para além do seu cotidiano sempre igual.

Nestes tempos modernos onde tudo acontece muito depressa e mal temos tempo de curtir o que se passa em nossa volta, andar de bicicleta pelas montanhas dá oportunidade de apreciar os perfumes da vegetação, ouvir os cantos dos pássaros e sentir a água fria tirar a quentura dos braços, do rosto e da cabeça.

João disse que neste justo trecho o forte Márcio lembrou que se gasta menos energia rindo que chorando, então trataram de sorrir porque ainda tinha muito chão até Ibitipoca.

Vivendo em cidades grandes com milhares de pessoas se esbarrando nas ruas e centenas de carros disputando espaço com os pedestres visitar as cidades perdidas entre as serras, como a pequena Itaboca, faz o coração sossegar. Os ciclistas não puderam desfrutar daquela paz por muito tempo e logo a pequena vila ficava na distância, lá embaixo.

Não foi uma felicidade conquistada sem esforço. O caminho estreito e que os fez subir sempre exigiu força dos músculos e perseverança em face as dores que sentiram por todo o corpo. O ar entrava sibilando pelas narinas para suprir os pulmões que resfolegavam por oxigênio. Que vale que ali, naquela alto de serra, o ar era maravilhosamente puro.

Ivete, única mulher entre tantos ciclistas, provou que a presença do ser feminino sempre foi uma constante entre todos os grupos humanos que empreenderam grandes feitos. João Bosco testemunhou que esta pose, um símbolo da vitória e da alegria de viver, só poderia ser feita por uma mulher.

terça-feira, setembro 25, 2007


Às vezes a vontade é abandonar o corpo no chão e não mexer um só músculo ouvindo o coração martelar em ritmo apressado. Depois, comerão um macarrão no capricho para repor os carboidratos que tinham gasto de montão.

Mas não há mal que sempre dure e, no sábado, os vencedores envergando a camisa dos participantes daquela verdadeira cruzada entraram com o coração cheio de alegria pelas portas, se não do céu, pelo menos do lindo Parque Nacional de Ibitipoca.

No parque tem tanto para ver e conhecer! Grutas como a dos Tres Arcos e vistas deslumbrantres como a Janela do Céu . Os bikeres foram levados a remansos de águas frias e límpidas como a prainha, e chegaram a entradas de cavernas misteriosas. Tudo era: amizade e novidade.

Naquela noite do dia de sábado, 08/09/2007, cantaram juntos os parabéns para o entusiasta companheiro Reginaldo que nasceu há muito tempo com uma boa estrela para ajudar os outros promovendo passeios tão compensadores quanto este.

Domingo não foi um dia de descanso. Pedalaram de volta pra casa por mais de 160km. Quem não dá valor a uma pedalada com esforço podia perguntar cheio de inveja: ‘Por que estes discípulos não descansam no domingo do Senhor?’ Fazemos nossas as palavras do grande Mestre Jesus: ‘Eu sou o Senhor do sábado e de todos os dias. A cada dia faça o bem, ame seu irmão e goze do mundo que o Pai fez pra vós com amor. Seja caminhando, seja pedalando’.

A refeição do meio do dia, tal qual uma ceia de comunhão, foi saboreada com muita fome e apetite na pensão de D. Maura em Sta. Bárbara do Monte Verde, MG. A mineira, cozinheira de mão cheia - como Marta, irmã de Lázaro que servia Jesus - distribuiu doce sem nada cobrar para animar ainda mais aqueles corações alegres.

Houve hora para sair, não houve para a chegada dos cansados ciclistas. Mas naquela noite dormiram com o coração transbordando de paz e felicidade. Nesta foto, o domingo terminando, ainda estávamos em Rio Preto.

terça-feira, setembro 18, 2007


Visita a Cachoeira do Cici

Cada pedalada tem um tema ou um assunto que se evidencia. Neste domingo, passando por terras queimadas e sentindo um sol de verão em pleno setembro, falamos muito do desequilíbrio que o ser humano está causando à natureza. Neste morro com a vegetação calcinada pelo fogo só sobrou este belo ipê amarelo. Um sobrevivente.

E olha que o objetivo era tomar um banho numa cachoeira maravilhosa no município de Quatis, RJ, e até escolhemos uma trilha que tinha bastante verde e riachos. Passamos pela trilha do rio Peixe e, neste ponto, estamos bem no encontro de suas águas com as do rio Turvo.

Num trecho da trilha os olhos atentos do colega João Inácio perceberam uma casa no meio da mata. Descemos lá e encontramos um antigo moinho movido por água, mas a tubulação não tinha mais água para mover as pás. Ficamos curiosos de ver que o proprietário das terras estava reativando o lugar e consertando as peças.

Subimos a serra de São José e quando chegamos no pé da serra, numa pequena lagoa vimos um espetáculo impressionante da força da vida: sapinhos ainda com rabo, que até a pouco eram girinos, enchiam as margens. É só cuidarmos dos mananciais de água que a vida prospera e se multiplica.

Na estrada Quatis-Amparo, vimos várias queimadas e açudes quase secos. A grama seca e marrom faz o gado perder peso andando muito e comendo insuficiênte. Veja que perto do açude, mesmo com pouca água, a grama ainda está esverdeada.

Em Quatis fomos pegar água na fonte que está bem cuidada. A água pura é vida. Sem ela, pedalando horas seguidas, a gente sente cãimbras, desidrata e perde as forças.

Mas, bem perto da fonte, sob uma ponte pênsil, vimos um espetáculo que desmerece o trabalho bonito da administração do prefeito Alfredo em Quatis: um córrego que é um esgoto pútrido e sem vida. Uma água morta que enfeie um lugar bonito. Bem cuidada a ponte balançante pode ser outra atração da cidade.

Na estrada Quatis-Barra Mansa passamos por muitas outras queimadas até chegarmos à linda cachoeira do rio Turvo e nos refrescamos com a torrente limpa e fria.

Cansados e desidratados da pedalada é que damos valor a água, um bem maravilhso de nosso planeta que precisa ser protegido com reflorestamento das margens dos rios e dos grotões onde ficam as nascentes.

Precisamos cuidar de nosso planeta. Cada um fazendo a sua parte num trabalho de formiguinha, com o risco de se não nos preocuparmos com o equilíbrio da natureza deixarmos a Terra só para as formigas, ou até sem elas. Como acontece no planeta Marte, que já teve água e hoje está estéril e morto.
Aqui em casa estamos fazendo algumas coisas que dão trabalho, mas nos fazem sentir bem. Separamos todo o lixo reciclável: garrafas, plástico, vidro e papel. Quando juntamos um bom bocado – em 10 dias são mais de 10 sacos de mercado – levo para a APAE aqui perto. Também juntamos e jogamos no vaso sanitário a água da roupa lavada. Vai salvar o planeta? Sei lá, mas queria que sim.