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segunda-feira, junho 18, 2007


TRILHA DA INDEPENDÊNCIA

Meu pai costumava dizer que “o Diabo não é tão feio quanto se pinta”, querendo dizer que não devíamos nos deixar abater pelas dificuldades que outros prevêem para nossos planos. E foi armado deste conselho que sai, neste sábado, 16/06/2007, com uma mochila pesada nas costas para subir a serra do Pacau, depois da cidade de Santa Rita do Jacutinga, em Minas Gerais. Diziam que aquela subida era de deixar qualquer bom atleta de “língua de fora”, que era interminável e que provavelmente eu ia sentir câimbras até nos dentes. Receei, mas fui.

Seguimos o caminho de sempre: o asfalto até Amparo, a subida da serra da Mutuca até Sta. Izabel do Rio Preto e a estrada de chão que atravessando o rio Preto, que separa o Estado do Rio de Janeiro de Minas Gerais, nos deixa em Sta. Rita do Jacutinga ao pé da Mantiqueira e do Pacau.

Imagine que nosso guia nem nos deixou almoçar para não subir a temível serrania de barriga cheia e, assim, mais pesado. E o que vi foi uma estrada larga, de piso que quase parecia um asfalto, subindo num aclive suave e atravessando córregos sobre pontes próprias de uma rodovia moderna. Aquela era a subida do Pacau, moleza gente!

O grupo era formado de 14 esforçados bikers com idades que variavam dos 16 anos de Rafael e Rogério (Feijão) aos 63 meus e do amigo João Bosco, sem falar de “seu” José, novato entre nós, mas que já pedala sozinho há muito tempo e tem a magnífica idade de 69 anos. Todos irradiavam alegria e entusiasmo para percorrer 220 km em dois dias.

Quando passamos pela entrada de Itaboca, Rogério, diretor do Clube Bike Adventures, propôs um passeio lindo no qual uma van levaria os ciclistas e as bicicletas até ali e pedalando pelas serras passaríamos pela antiga vila de Itaboca com sua gente simpática, descendo por Cruzeiro, passando pelo fantástico Boqueirão – um cânion rasgado pela natureza na pedreira – e entrando em Sta. Rita do Jacutinga para pegar um almoço de fogão de lenha espetacular.

Saímos às 7 horas e quando o sol já estava bem baixo no horizonte, 16:30 h, entramos na pacata Bom Jardim de Minas que nos recebeu com muita hospitalidade num hotel simpático e com uma janta espetacular. Antes desta refeição, praticamente a primeira do dia, depois de um banho gostoso, sai passeando pelas ladeiras – toda cidade mineira que se preza fica em um alto de morro – apreciando o sol que se punha nas serranias da Mantiqueira. A gente esperava um frio violento, mas a temperatura estava ótima com uma leve brisa que dispensava agasalho.

Depois, foi dormir e acordar para um dia lindo, um bom café da manhã e uma marcha desmontados pelas ladeiras da cidade até a igreja-cemitério de onde se descortinava a imensidão das Minas Gerais.

Aí, foi só correr por trilhas estreitas em terreno sem subidas no altiplano da Mantiqueira e, num instante, estávamos em Liberdade, a quase 1.200 metros de altitude.

Subindo só um pouco chegamos na velha estação de Augusto Pestana onde já tinha estado com minha mulher há uns 20 anos e fiz questão de tirar uma foto no mesmo lugar em que a fotografei. Bem, quem subiu tem que descer e começou a descida até Carlos Euler, arraialzinho a beira da estrada de ferro passando ao largo da cidade de Passa Vinte empoleirada no alto de uma serra com o casario todo virado de bunda para nós que descíamos vertiginosamente para Falcão.

Decidimos não almoçar pelo segundo dia e fizemos um lanche regado a cerveja e por guaraná sentados no chão e ouvindo música sertaneja tocada num carro ali perto. Daí, acabamos de descer para o vale do rio Paraíba passando batido por Quatis e pegando a Dutra até em casa.

quinta-feira, junho 07, 2007


Trilha Rio Claro-Passa Três

Saímos num frio brabo, a serração não deixando ver mais do que 40m à frente. Alguns, como Val, estavam até encapotados, eu só vesti uma camiseta por baixo do uniforme, o esforço fez o resto e aqueceu todo mundo. Quando o sol apareceu, na serrinha perto de Getulândia, todo mundo tirou os agasalhos.

Minha bike com quadro de alumínio sueco estava uma beleza e o grupo de 11 ciclistas correu pelo asfalto até Rio Claro, encravada no meio das montanhas. Na rodoviária de lá entramos pela estrada de chão, bem conservada, que vai de Rio Claro à Mangaratiba.

Os bambuzais formando túneis é uma presença constante nas estradas da roça. Desde criança que vejo esses caminhos sombreados onde o vento estala os bambus e cria um cenário de fantasia.

Depois de uma serra com subida suave chegamos numa encruzilhada e, sina de quem gosta de bike, pegamos outro caminho que subia uma serra bem puxada.

Lá de cima avistamos um pedaço da represa que submergiu a cidade de São João Marcos. às vezes me pergunto se o progesso tem mesmo o direito de se intrometer e mudar a vida das pessoas.

A subida não acabava e a cãimbra começou a atacar o pessoal. Olhando para baixo se via o caminho por onde tínhamos passado minutos antes. Mas não tem dificuldade que sempre dure e logo a serra acabou e começou uma descida que nos levou direto ao distrito tranqüilo de Passa Três e ao restaurante.

Com uma fome de leão os onze marmanjos se lavaram e se aboletaram na mesa esperando os pratos quentes que chegaram com fartura: salada vermelha, arroz grego, feijoada grossa, farofa bem temperada, frango ao molho e carne de costela ensopada com batata. Tudo com sabor, cozinha da roça da melhor qualidade.

Depois de descansarmos tomamos o caminho de casa. Foram 110 km de passeio alegre e fortificante para agüentarmos o trabalho diário.