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segunda-feira, janeiro 18, 2010


O fator surpresa é bom?

Quando se sai pedalando por uma trilha de mais de 100 km e ainda não conhecida o planejamento é essencial. Tem tantas belezas para ver, então tem de se estar tranquilo.

Quando decidimos fazer o Caminho da Luz chegando ao pico da Bandeira fizemos assim: lemos na internet informações de outros que nos precederam, usamos o serviço do Google Earth para ver o percurso, escolhemos hotel, preparamos o que levar e o meio de transporte. Nada foi deixado ao acaso. Ele costuma aprontar problemas e fazer fracassar uma empreitada.

Mas a liberdade de se pegar a estrada pressupõe estarmos decididos a enfrentar o imponderável, o acaso, a surpresa.

Assim foi este domingo, 17/01/2010. Ainda no ponto de encontro percebemos que não seria um passeio certinho. Bons colegas não apareceram e o amigo MP caiu e teve de voltar, mas tinhamos um novo colega, Leandro. Sem medo de surpresas fomos pedalar.

Em linhas gerais seria um pedal bem previsível, Volta Redonda a fazenda da Grama sem subidas, pedido de Dunga. Como o grande prazer é pé da-lhe pé em cima da magrela qualquer caminho diverte. Mas, veja que bela palavra, maass, assim, bem esticada, mmaaasss, lembra meia volta, volta e meia, mudanças, surpresas. Já lhe acontece da bike ir embora sózinha e te deixar para trás? É brincadeira.

Em Arrozal, fazendo lanche, começamos a reconsiderar o caminho e decidimos pegar a estrada velha para Pirai virando à direita, lá na frente, para a fazenda da Grama.

Ora, com tanta tromba d'àgua que tem caido nestes dias estávamos arriscando a ter muitas surpresas: muito lamaçal, ponte caída, estrada arrastada pela enxurrada, arvore tombada... Pois é, teve tudo isto. Pedrão saiu literalmente debaixo de uma árvore gritando: seelvaaa.

No bar da cachoeira, felizmente, foi tudo nos conformes com cerveja, guaraná, batata frita, uma bela porção de peixe frito e Márcia. É, outra surpresa, Márcia nos acompanhou na volta até Arrozal.

Ah, pulei uma bela surpresa. No caminho para Pinheiral ia dialogando com Dunga sobre o poderoso orixà Oxossi e não é que logo a frente topamos com uma folia, não de Reis que já passou, mas uma folia de São Sebastião!

Então é isso, uma pedalada bem planejada é uma beleza, mas nada como uma surpresa pelo caminho para dar mais sabor a liberdade de se ir para onde a vida nos levar. Ou a charrete.

terça-feira, janeiro 12, 2010


O que é que fomos procurar no Caminho da Luz?





Não combinamos, os cinco, conseguir nada especificamente. Havia perspectivas diversas: vencer um desafio, subir o tão sonhado Pico da Bandeira ou pedalar por uma paisagem nova para nós. Possivelmente também esperávamos passar por um acontecimento místico: uma revelação, achar uma resposta para um problema existencial ou uma nova relação com Deus. E lá fomos nós, jovens (apesar da idade provecta minha e de João Bosco), sem ansiedade ou preocupação.

Foram quatro dias, do anoitecer de quinta-feira à madrugada de domingo. Vimos o sol se levantar acima da cumieira das serras de Minas Gerais, estávamos em Tombos (pequeno lugarejo) quando os moradores ganhavam as ruas para as primeiras atividades do dia, sentimos a hospitalidade de pessoas que nunca vimos (no caminho para Canindé), descemos serras vendo a cidade de Pedra Dourada lá em baixo e entramos em Faria Lemos e Carangola sob o manto da noite escura. A marca desta sexta-feira foi determinação de cumprir o trajeto programado depois de uma noite insone. Quanta experiência vivemos no primeiro dia!
(foto de João Bosco)

A marca do segundo dia foi a descontração e as descobertas. No caminho para Caiana lembramos que uma serra pode ser contornada enquanto se descortina uma paisagem linda. Encontramos os primeiros caminhantes e Reginaldo reviu amigos lá naqueles rincões. Nos distraimos em Espera Feliz e aguentamos a "puxada" até Caparaó. E com a luz do dia de sábado se apagando aprendemos que nem sempre uma serra é tão trabalhosa para subir, e chegamos em Alto Caparaó.

O domingo foi de reconciliação, como convém ser o Dia do Senhor. Ainda cedo não entramos na igreja bem defronte ao hotel, mas pegamos um jeep que nos levou para a aventura de alcançar o Pico da Bandeira lá em cima, a 2890 metros, acima das nuvens e de todos os problemas que afligem nossa alma. Era um mundo diverso do que viemos: com um ar mais leve e limpo, com um ecossistema diferente e com as forças da natureza tão presentes a nossa volta.

Voltamos para casa, para a vida sempre repetida e para as preocupações que embotam nossos sentimentos. Os dias passaram e quando relembrava o feito que fizemos, os mais velhos e o jovem Celmo, não percebia qualquer coisa diferente em minha alma até reencontrar o colega Pedrão. Ele me fez ver a principal lição que o Caminho da Luz nos deu: que dentro de nós existe um poder que torna tudo possível. Assim, sem mágica ou alarde, crescemos em nosso íntimo e ficamos pequeninos em nosso orgulho.

domingo, janeiro 10, 2010


O sol, nossa estrela, a mais próxima do nosso planeta, parece que está mais perto ou mais forte. Quando se pedala debaixo de sua canícula sentimo-nos fracos e cansados. Seus raios que dão vida, neste verão, sugam toda vitalidade do ciclista.

Cada sombra é bem vinda, nos largamos no chão sem ânimo pra nada. Toda beleza das matas, o verde dos campos, o azul celeste perdem a beleza ante a solina que cai do céu.

Neste domingo, 10/01/2010, fomos para Rio Claro e depois pegamos a estrada de Mangaratiba. Logo no pé da subidona entramos num caminho à esquerda, seria uma trilha nova para nós cinco. O rio Pirai nos acompanhava ao lado mas ninguém quis entrar em suas águas barrentas.

O relógio da igreja, se tivesse uma ali perto, batia meiodia quando saímos no asfalto da estrada que liga Getulândia a Passa Três. Pegamos à esquerda até a entrada para Fazenda da Grama e corremos para o bar da Cascata para comer um peixe frito acompanhado de cerveja estupidamente gelada.


Com pouca vontade subimos nas bikes e sob os raios quentes do sol pedalamos para Arrozal e voltamos para casa pela trilha da Melequinha. Logicamente parando em cada sombra abençoada que encontrávamos pelo caminho. Assim chegamos em casa.

terça-feira, janeiro 05, 2010


Saímos para pedalar, eu, João Bosco e Edinho que estava parado há dois meses. Começamos cedo, 6:30 deste domingo, primeiro do ano. O objetivo era visitar uma cachoeira nas encostas da serra da Mantiqueira, no Colibri. Este nome designa um restaurante-pousada às margens do rio Preto. Mas o sol foi subindo no céu e a manhã esquentava a cada momento. Depois de deixar Quatis para trás, subir para Falcão e pegar o caminho da Fumaça depois da divisa com Minas Gerias, os corpos desidratados pediam um banho de água fresca, assim paramos numa praia do rio Preto.

Mas pulei muita coisa. Pedalar com as primeiras luzes do dia é uma maravilha. Andamos ao lado do rio Paraíba do Sul pela ciclovia de Volta Redonda, continuamos ao lado dele pela Dutra cheia de carros voltando do feriadão e caminhões e não o perdemos de vista nas terras baixas de Quatis. Depois foi subir. Pedalávamos e falávamos de tudo quanto é assunto, até sobre ansiedade em cachorros, matéria de um livro que estou lendo.

Depois andamos ao lado do rio Preto pelo lado mineiro, voltamos ao estado do Rio e almoçamos em Fumaça. Lugarejo em meio as serras tinha a praça ocupada por uma feira da roça onde provamos um pudim de coco delicioso. O corpo pedia uma cama, mas ainda tínhamos muito chão para andar. Algumas subidas fortes e logo estávamos no alto do Morro Grande com todo o visual lindo do vale do rio Paraíba em Resende.

Nosso sonho de consumo era tomar uma laranjada gelada na pastelaria em Quatis. Depois de refrescados seguimos de volta para casa que ainda estava longe. João e Edinho foram pela estrada de chão para Amparo e eu escolhi o asfalto da Dutra cheio de carros em altíssima velocidade. Todos chegamos bem e bebemos água bem fria a noite toda.