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sábado, novembro 14, 2009


Pedalamos hoje até Amparo para tomar banho na cachoeira do Robertão, nos deliciando com a água límpida que vem da serra. No meio da mata fechada com o calor anormal do dia de primavera lá fora, nos refrescamos com a maravilhosa Natureza, todo um conjunto de leis naturais que criaram um lugar tão delicioso.

Mas enfrentando o sol quente na subida do Robertão não pudemos ignorar como o clima está mudando e o que está sendo feito para estimular uma mudança de vida nas pessoas.

Em 1968, um industrial italiano e um cientista escocês convidaram políticos, magnatas, e outros cientistas e fundaram o Clube de Roma para debaterem problemas importantes para a sobrevivência da raça humana. Em 1972 patrocinaram um relatório produzido por cientistas da Universidade de Massachusetts, Os Limites do Desenvolvimento. Utilizando modelos martemáticos discutia crescimento populacional, poluição e meio ambiente avisando que o planeta não conseguiria manter as condições que favoreceram o surgimento da espécie humana. Quem anda de bicicleta já desenvolvia esta visão sobre a preservação da vida.

Os líderes políticos não deram muita importância ao aviso até que em 2006 o vice presidente no governo Bill Clinton lançou Uma Verdade Inconveniente, um vídeo denunciando o efeito estufa provocado pelo aumento descontrolado do dióxido de carbono na atmosfera e a influência disto no descongelamento das geleiras e as mudanças no clima global. Os ciclistas vêm chamando atenção dos cidadãos com campanhas como Dia Mundial sem Carro.

Voltando, prestamos atenção no que vimos quando pedalamos bem cedo. Como as chuvas estão mais intensas parecendo as do verão de janeiro e fevereiro. Já se vê deslisamentos de encostas por toda o caminho de Amparo para Volta Redonda. Não pode ser só os ciclistas que vêem estas coisas, temos de denuciar, participando de outras campanhas educativas. Vai ser bom para os outros e para nós ciclistas também.

segunda-feira, novembro 09, 2009


Passei a ponte Bela faz tempo. Desço agora para São João Marcos com meu burro Moreno e a mula Rosita. Sou mascate, José de Souza, e enquanto me equilibro sobre a cavalgadura vou escrevendo esses garranchos, depois passo a limpo. Gosto de escrever e às vezes um jornal publica uma matéria minha. Mas estou a trabalho, trago nos alforjes tecidos de belas cores, sapatos e botinas, agulhas, linhas e botões. Espero fazer bons negócios. Sinto-me como um desbravador, pois cada carregamento que trago para esses interiores dá aos moradores um pouco mais de conforto o que ajuda as mulheres a aguentarem a vida difícil na roça mantendo as famílias nestas terras selvagens.

Opa meu burrinho! O caminho é calçado de pedras redondas o que faz as ferraduras derraparem. Ainda mais depois do temporal de ontem à noite. A cachoeira do rio Araras ronca aqui ao lado abafando o canto dos pássaros. Lá está a ponte sobre um dos rios e a cidade.

Estamos no ano de um mil oitocentos e cinquenta e já faz mais de trinta anos que o lugar foi elevado a Vila. O arruamento termina nos rios Araras e Panelas que tanto serve para andar de barco e pescar como serventia do esgoto. O jovem comendador Joaquim José de Souza Breves – não pense que é meu parente, se fosse eu estava feito, o homem tem mais de mil escravos e uma porção de fazendas – está mudando o lugar com a dinheirama que vem da produção de café. Vão até construir um teatro aqui! Vou ver se pego um pedaço de dinheiro vendendo meus produtos.

Esta noite tive um sonho estranho. Vi este lugar todo arrasado. Quase não tendo ficado pedra sobre pedra. E eu não cavalgava, andava numa estranha máquina, magra e com rodas. Vou descrever o que vi no sonho.

As casas são feitas de tijolo e pedras lavradas e até polidas. A igreja fica na parte alta com sua bela praça e a rua principal corre em nível mais baixo por onde passo agora com meus muares arrancando faíscas das pedras. Porque tudo aqui é calçado e as ruas tem calçadas com largas pedras aplainadas. Mas no sonho estava tudo acabado e árvores grossas abriam caminho nas calçadas.

No sonho o lugar tinha sido destruído para encher tudo de água. Imagine! Explodiram tudo, os belos sobrados e até a igreja, e uma voz me dizia que acabou que a água não conseguiu chegar até as casas. Foi tudo derrubado e o povo foi embora por causa de um plano mal calculado do governo. A voz do sonho me diz que o governo era de um ditador. Nem era rei nem imperador, pode? E eu vestia um uniforme muito estranho! Nunca que eu me vestia assim. Eta pesadelo mais besta!