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domingo, agosto 30, 2009


Pontos de Vista

Neste sábado, 29/08/2009, fizemos um belo e puxado passeio de Mountain Bike.
Planejamos o percurso dividido em seis trechos que deveriam ser percorridos em uma hora e trinta minutos cada. Não conseguimos mesmo andando com uma grande ciclista e estrategista, a executiva Ivete - ela levou até a pastinha com um misterioso mapa feito por João Bosco. Vou te contar.

O primeiro pedaço, cascudo e bem conhecido, foi trilha da Jaqueira. Para a colega Keké foi todo novidade, para mim, o trajeto S. Luis-S. Sebastião, também foi novo porque nunca o havia percorrido neste sentido. Vinha sempre de lá para cá. Então, parecia um caminho novo. Nunca tinha visto uma reprezinha numa chácara, por exemplo. Furamos o tempo planejado. Saímos 6:30 devíamos ter chegado na estrada Amparo-Dorândia às oito horas, chegamos às 8:30.

A segunda fração do passeio foi trilha da Juréia. Linda como sempre. No começo algum barro, depois foi o calçamento sempre subindo, mas sombreado de pinheiros. Ô mundo bonito, Pai! Chegamos em Ipiabas e corremos para a padaria. Depois de um lanche com carboidratos paramos na velha estação para comer frutas na feirinha do João. Quando saímos eram 10:30, estávamos atrasados uma hora. Corremos.

No terceiro corremos pelo caminho estreito e bem sombreado até a estrada Conservatória-Valença - já com o piso preparado para levar asfalto. Uma comitiva de cavaleiros em procissão para Aparecida havia passado por ali deixando uns laços cor de rosa pendurados nos galhos por todo caminho. Pegamos uns bons lodaçais. E de novo percebi como ver as coisas por outro ponto de vista é bom. Aquele caminho por onde já havia passado em sentindo inverso me pareceu uma trilha nova pedalando em outra direção. Minha corrente agarrou e atrasei Ivete, João Bosco e Keke. Mas recuperamos meia hora, eram 11:30 quando passamos pelo Ronco D’Água.

O quarto trecho teve muita subida e a vista lá de cima era linda. O Sol deu as caras de vez. Parecia verão. Em uma subida, sem água nenhuma, o esforço começou a pesar. Havíamos percorrido mais de 80 km. Mas veja as coisas por um lado bom. O nosso mundo nos prepara muitas coisas boas e uma bica derramando água geladinha sem parar nos deu de beber e umedeceu nosso corpo para continuarmos estrada afora até Pentagna. Aí a cronometragem tinha ido para as cucuias. Quando acabamos de lanchar - não tinha mais almoço - e descansar o relógio marcava 16:00.

João abortou nosso objetivo principal, chegar a Barreados. Eles foram para o trajeto final, Rio Preto, onde dormiram, e voltei sozinho para Valença. Estava escuro quando cometi o maior pecado para um biker, coloquei a bike num ônibus e descansei na volta para casa. Viajando pensei: não conseguimos fazer o percurso planejado. Então me dei conta: que nada, fizemos um passeio muito lindo. Lembre-se disto: tudo depende da maneira que olhamos um objeto, se daqui para lá ou de lá para cá. Conclusão, foi um dia muito legal!

sexta-feira, agosto 28, 2009

TRILHA DA VÁRZEA
Desde que surgiu na Terra o ser humano sentiu necessidade de caminhar. O trilho batido pelos pés perdia a vegetação e se tornava uma trilha. Ao passo que se multiplicavam, homens e mulheres alargaram as trilhas que se tornaram caminhos, depois estradas e hoje são rodovias pavimentadas. Mas quem ama a natureza ainda sente necessidade de andar no caminho de terra até vê-lo se transformar numa trilha apertada que nos coloca bem junto aos primeiros seres vivos, as queridas plantas.

Assim ,foi que neste domingo, 23/08/2009, em um alvorecer frio e que ameaçava chuva, seis corajosos ciclistas se reuniram para pedalar de Volta Redonda até Lídice. Primeiro disparamos por uma rodovia apertada disputando espaço que os carros, mas em Rio Claro, depois de um lanche, corremos por uma estrada de saibro maravilhosa, o caminho para Mangaratiba.

Doze quilômetros a frente, depois de um bambuzal, entramos à direita, num caminho bem apertado, cercado por nossas irmãs, as plantas e milhares de animais e aves que víamos de relance. Aí, foi só curtir as trilhas da roça cercado de altas serras.

Quanto mais andávamos mais parecia intransponível os altos morros. Perguntava a Ivete se tínhamos de subir até as nuvens para chegar a Lídice, ela respondia que dava para passar. Pelo caminho tropa de burros e cavaleiros dividiam o apertado caminho conosco.

Então não tinha mais como fugir. O morro barrava o caminho. Tive de perguntar: Vamos subir isto tudo? Quem faz pergunta idiota só pode receber resposta besta. Ivete disse: “Não, sossega, tem um túnel bem ali na frente”.

Mas conseguimos vencer a serra e o caminho acompanhando o rio Itaoca nos reservava lindas paisagens, como a o poço da Cruz, uma cascata formando um remanso que nos encheu de vontade de voltar no verão.

Daí, entramos em Lídice, almoçamos fartamente e retornamos chegando em casa ao entardecer e muito felizes de ter apreciado tanta coisa bonita.

terça-feira, agosto 18, 2009


Acordei cedo, antes da hora marcada, e quando sai a rua com Malu ainda estava escuro. Vi então um espetáculo maravilhoso. A Lua, linda, se exibia com uma iluminação de perfil muito especial feita por seu iluminador (e dizem que amante), o Sol. As três Maria e as Plêiades, como sempre, estavam meio apagadas, mas Vênus tentava rivalizar com a artista principal. Foi muito bom ter levantado cedo para ver coisa tão bonita.

Então a noite passou, o espetáculo feminino terminou e a força interior deu lugar ao dia, o masculino, a força física. O sol raiou. Os ciclistas se reuniram para pedalar até Santa Rita de Jacutinga. Em completa integação e amizade, homens e uma mulher.

Mountain bike é um esporte pesado, na maioria das vezes, mas muitas mulheres conseguem participar, tanto nos passeios mais leves quanto nos mais difíceis. Neste passeio, andando por trilhas novas e árduas a Ivete andou junto com a gente – para falar a pura verdade ela andou junto com a gente porque estava com paciência neste domingo, 16/08/2009, se não nos largava e sumia na estrada.

Em Santa Rita encontramos o estimado amigo Reginaldo e sentamos para tomar uma merecida cerveja. E qual foi o assunto discutido? Além do ciclismo, claro, falamos muito sobre a vida com nossas esposas. É sempre assim, o masculino está completamente ligado ao feminino. Um sexo é parte do outro ou está dentro do outro, sei lá.

Capitinga, Haroldo e eu, mesmo depois do almoço farto, tivemos perna para subir pela via sacra até a capela de N. Sra. Aparecida. Dentro do templo vimos irmanados o masculino, na figura de São José, e o feminino na imagem da padroeira. E assim, voltamos, os homens e a mulher, a gente mais cansado que ela. Ah, se não fossem as mulheres!

sábado, agosto 15, 2009


Manoel Ricardo Simões é doutor em Geografia e mestre em Planejamento Urbano e morador de Nova Iguaçu; escreveu A Cidade Estilhaçada, onde estou aprendendo muito.
Há duzentos anos as terras de Iguassu incluíam quase toda baixada fluminense, então ela explodiu em vários municípios: Itaguaí, Queimados, Mesquita, Nilópolis, São João de Meriti, Belford Roxo e Nova Iguaçu. Porque um território se estilhaça desta maneira?
Achei o tema importante porque onde vivo, Volta Redonda, já foi parte de Barra Mansa, como Quatis e Pinheiral também. Quais são os mecanismo que levam ao desmembramento?
Primeiro ele ensina como um sertão se torna um lugar, que é “'uma delimitação espacial restrita vinculada à ocorrência de fenômenos pertinentes à vida cotidiana e ao convívio pessoal’”. Ele é parte de um território que se torna peculiar para nós “agregando elementos paisagísticos, históricos e naturais”. O nosso “pedaço” “’é um tipo especial de espaço que fica entre o universo íntimo de nossa casa e o mundo público da vizinhança. São sentimentos e valores compartilhados por vizinhos... fornecendo para as pessoas uma identidade e uma referência grupal, uma idéia de nós”.

O começo de um lugar nunca é fácil, “é a partir de carências e do não atendimento que se estabelece um ‘desconforto criador’”. Um novo lugar “é o teatro de uma nova ação por ser, ao mesmo tempo, futuro imediato e passado imediato, um presente ao mesmo tempo concluído e inconcluso, num processo sempre renovado”. Assim surge um país, município, um lugarejo ou um bairro.
Mas o lugar é mais do que um espaço físico, ele tem uma identidade. Todo ser vivo tem “necessidade de negar semelhança com algo ou alguém. Sempre haverá um nós e um eles, eu tenho que dizer que sou para me diferenciar daquilo que não sou”. Também é “inato e inerente ao ser humano a necessidade de fazer parte de algo que nos dê um sentido ou nos represente”. A identidade do lugar que vivemos “é construída através da linguagem criando um conjunto de informações da história, geografia, biologia e sociologia” daquilo que antes era apenas um sertão. É preciso uma base, “um mito fundacional, a invenção de uma tradição e a eliminação” da importância das diferenças de quem vive naquele espaço, “através do simbolismo de um povo puro e especial”.

Volta Redonda, surgiu assim. Até hoje se conta a lenda de que siderúrgica pronta os engenheiros mandaram um telegrama para Minas Gerais pedindo a primeira carga de minério, mas uma providencial troca de palavras formou o povo voltaredondense: “Mande um trem cheio de mineiros”. Bem, uma gente assim, escolhida, não podia ser parte de Barra Mansa e a emancipação aconteceu.
Um novo lugar também pode surgir dentro de uma cidade e de um município que já existe. Quando parte da gente de um lugar “se dá conta de que está numa condição de dominado por ter sido diferenciado no processo de formação da identidade do município... e que nesta situação de inferioridade sofre pressão da ordem dominante para contribuir sem receber contrapartidas consideradas necessárias... há uma ruptura com a identidade principal e começa uma luta política em torno de ideais e princípios comuns aos excluídos”.
Então acontece um plebiscito, um desmembramento e surge um novo lugar, talvez aquele em quem vivemos e que se torna o único lugar no mundo em que podemos viver felizes. Aprendi isto com o professor Manoel.

segunda-feira, agosto 10, 2009

O NOVO


Um dos objetivos do mountain bike é encontrar, descobrir e enfrentar o novo. Fugir do hábito, da mesmice e do lugar comum. Foi por isto que neste domingo, 09/08/2009, inventamos de procurar a trilha do Chico Leo para chegar à fazenda da Grama.

Ás vezes um ângulo novo de um lugar por onde passamos tantas vezes já estimula nossos sentidos. Olha só João Bosco nesta curva quando se passa por baixo da estrada para entrar na Água Limpa, o eixo de equilíbrio dele está quase na horizontal.

Também acontece que onde pedalamos inúmeras vezes, mas que é novo para um colega que se inicia no ciclismo, aquece o nosso coração e nos parece inédito. Assim foi ver Marcus desbravando velhos caminhos tão originais para ele e tão nossos conhecidos.

E quando se pedala por uma trilha pela primeira vez a vista se enche com as cores, as formas e o clima do pedaço que nunca tinha visto, como quando andamos pelo caminho de Copland com seu lago que se espraiando entre os morros vai nos acompanhado até quase a Dutra.

Circunstâncias inesperadas também tornam o passeio uma novidade. Assim foi o encontro com uma boiada no estreito caminho entre Pirai e fazenda da Grama. Os ciclistas cautelosas olhavam de longe, os corajosos (na realidade paralisados pelo medo) ficaram assistindo de camarote, muito perto do perigo.

Na fazenda da Grama vimos novidades, mas nem é bom comentar. A cerveja gelada estava uma beleza, sempre igual e sempre muito gostosa. Igual ao velho casarão que já foi até cassino e respira história, é sempre um lugar que gostamos de rever.

Terminando o passeio tiramos a mesma velha foto no monumento de Volta Redonda, também não se pode querer inovar o tempo todo.