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sexta-feira, dezembro 25, 2015

Onde foram parar os velhos?

Há poucos anos, procurando um caminho entre Arrozal e Getulândia, encontramos um casal de velhos num sítio bem no meio da mata. [esta é 'dona' Neli, está com tonteiras e vive mais quieta]

Vivendo uma vida precária e com mais de 80 anos eles comoveram a mim e ao amigo João Ademar.
[este é 'seu' Hélio ainda ativo; me disse que já andara de bicicleta mais cedo e agora cortava lenha]

Naquele ano, véspera de Natal, voltamos à pé levando roupas e alguns comestíveis. Natal seguinte voltei e neste também. No dia 23/12/2015 fomos caminhando (não é pouca distância) levando uma hora e meia para ir e uma para voltar. 

O caminho é belíssimo, do alto se vê o mar encapelado de morros para os lados do mar

ou em direção à Volta Redonda. A mata é linda 

e ficamos fascinados pela árvore-que-chora. Você não acreditaria que com céu limpo e sol forte estivesse chovendo sobre sua cabeça! E olhando pra cima se vê os pingos caindo num gotejar que não para nem arrefece.
Mas ao fim da trilha cadê os cachorros que nos recebiam em alarido? Por que o caminho de aproximação da casa estava coberto de capim alto? Os velhos tinham ido embora. Sentimos duas emoções desencontradas: decepção por não poder entregar os presentes e alívio por eles não estarem mais imersos naquela solidão. Voltamos. Já não prestávamos tanta atenção à bela paisagem, como a velha árvore seca parecendo 'neurônios de um cérebro'.
Já no rodovia, pergunta daqui inquiri dali, soubemos que estavam abrigados na casa do amigo Luiz Gonzaga, perto da travessia da linha do trem, em Getulândia. Fomos lá e vimos os velhos.
  

domingo, dezembro 20, 2015

Dizer que cometemos o mesmo erro, não seria correto.

Como se pode classificar a repetição de uma ação que nos causou sofrimento? Porque quando saímos de Passa 20 há alguns meses e subimos muito para pegar a estrada para Santa Rita de Jacutinga, fiquei bem cansado. 

Uma situação que magoa o corpo da gente deve-se evitar. Assim quando me convidaram para ir à Passa 20 visitar um balneário passando pela mesma subida, pensei em não aceitar, mas era o último pedal do ano e com a companhia de grandes amigos. 

Aceitei incorrer – sabendo muito bem que ia sofrer – numa desobediência ao que havia decidido.

Hoje o dia começou fresco e bonito, com muitas nuvens encobrindo o sol. 

Deixamos Quatis conversando uns com os outros e depois de subir muito chegamos em Passa 20. 

Depois de um lanche continuamos pegando a incrível saída ascendente. Mas não há um dia igual ao outro e hoje, o mesmo caminho, pareceu fácil e foi um pedal espetacular. 

quarta-feira, dezembro 09, 2015

Cheio de vontade de voltar à Chapada das Perdizes.

Subi a Chapada das Perdizes,

desses pássaros não vi nenhum, mas uma seriema correu a minha frente numa subida do caminho. Quando cheguei ao fim dela deparei com um visual maravilhoso. 

Mas vamos por partes. Quando o ciclista sobe uma serra, se conhece sua formação geológica, vê muito mais coisas. Antes de viajar para Andrelândia e de lá sair pedalando para Carrancas, li a monografia do professor de Geologia Leandro Coutinho que diz: “O Grupo Carrancas é do neoproterozóico (formou-se há 500 milhões de anos) e composto por uma pilha metassedimentar com aproximadamente 400m de espessuras com quartzitos

e xistos grafitosos 

divididos em 3 formações: S. Tomé das Letras, a base da sequência composta por muscovita quartzitos esverdeados; Campestre, com intercalações de xistos porfiroblásticos; e Chapada das Perdizes no topo da sequência”. Ele quis dizer que essa serra, que corre feito uma cobra cumprida desde S. Tomé das Letras até Minduri, não é feita de rochas graníticas, mas de restos delas que se aglomeraram. 

Olhando para o chão com atenção enquanto pedalamos fazendo força, vemos a beleza do material que compõe a serra.

É um subir sem refresco até que de repente ela acaba. 

Não tem descida não, termina num despenhadeiro em que o vale se estande lá embaixo. Precisa-se procurar o caminho de descida já que não tem nenhuma placa indicando Minduri. 

Havia passado a entrada, voltei e desci. Coisa linda! Quase me acabei nesta subida, mas passado o impacto do esforço já estou com saudade e cheio de vontade de voltar lá.  Porque faltou ver cena como essa que peguei de um amigo que lá esteve também.

segunda-feira, dezembro 07, 2015

Carrancas - ou vencendo distâncias naquelas lonjuras.

De cada vez que pedalo pelas terras de Minas Gerais menos compreendo a façanha de 7 amigos: João Bosco, Dunga, Pedrão, Peixe, Nilson, Edinho e Reginaldo, que andaram 1.200 km pelas estradas mineiras. Por sua formação geológica, esse meio do Brasil tem raros trechos de estradas plainas, 

o comum são subidas desgastantes e descidas violentas.

É pedra para todo lado que se olha, dos altos das serras, 

ao leito dos ribeiros, 

ao chão dos caminhos, salpicados de pedrinhas erodidas dos grandes granitos,

que até são usadas para fazer móveis,

os homens primitivos usavam como murais

e, num lugar assim até o rosto do ciclista vira uma máscara pétrea.

Vencer distâncias naquelas lonjuras requer um tempo muito maior do que por aqui. Não adianta falar: vou fazer 70km em 5 horas, como é por aqui, lá a noite cai e ainda não chegamos ao destino.


Gosto de pedalar e por mim estaria cercado de amigos trocando ideias e fazendo brincadeiras, mas quando não se encontra um então o jeito é rodar sozinho. Para ocupar a mente enquanto os pés forçam automaticamente os pedais, gosto de pensar um tema, um assunto, filosofar. Também descobri que a prática de rezar o Rosário nos faz um imenso bem. Tudo isto eu fiz, mas quando as sombras da noite desciam e não chegava à Carrancas, encontrar assim, como se fossem colocados por Deus naquela lugar, dois ciclistas sorridentes foi o coroamento do pedal de sábado, 5/12/2015.