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segunda-feira, abril 28, 2008


Andar de bicicleta, seja para ir trabalhar e resolver negócios ou como exercício e lazer, está se tornando uma necessidade. É aí que entra o trabalho de proselitismo, de converter mais pessoas ao uso deste meio de transporte que não polui o ambiente. Por isto é louvável o trabalho dos diretores do ClubeBikeAdventure planejando passeios para iniciantes, como aconteceu ontem, 27/04/2008.

Numa parceria com a Associação dos Moradores do Bairro Açude, de Volta Redonda, a saída foi naquele local, comunidade crescente e organizada. Prova disso foi uma bela mesa de desjejum que prepararam para os ciclistas.

Saímos pelas ruas do bairro e descemos em direção à Santa Rita de Cássia, distrito na divisa entre Volta Redonda e Barra Mansa que encontrou na plantação de verdura sua identidade auto-sustentável que dá trabalho a muita gente. Corremos pela estrada em direção a Amparo gozando da beleza do esplendido verde da paisagem e do ar deliciosamente puro. Ainda deu tempo de visitar antigas construções como a fazenda Crisciúma que, felizmente, está em reparos.

Entre os antigos bikeres havia jovens, meninos e meninas, e senhoras esposas fazendo força nas pernas nas subidas e apreciando o vento fresco no rosto nas descidas. Era bom ver colegas, como Manoel, que levam novos companheiros para mais longas pedaladas.

O esporte ciclístico tem por si mesmo uma tendência de ser praticado em isolamento ou em grupos de dois ou três. Andar de bike é especialmente para quem aprecia a quietude da natureza e a liberdade e o ficar sozinho para meditar e pensar. Isto nem sempre combina com grandes grupos.

Mas, com certeza, andar de bike em grupo é também um encontro social até quando, sentados a mesa, almoçamos com gosto para refazer as forças gastas no pedal.

Mas de uma forma ou de outra nos faz um bem enorme exercitar o corpo horas seguidas vendo passar por nós obras maravilhosas que a natureza produziu para o desfrute do ser humano: rios que rolam fazendo mil voltas, florestas formadas por uma diversidade de plantas que vivem juntas em incrível simbiose e todos os seres vivos que nos precederam e agora nos acompanham na longa caminhada do desenvolvimento físico e espiritual.

sexta-feira, abril 25, 2008


Passa Vinte

Finalmente começamos a rodar subindo a serra da Mantiqueira tendo como destino a pequena Passa 20. A meteorologia avisava que podia chover o dia todo, mas estávamos determinados a cumprir nosso objetivo. E fomos, gente de Volta Redonda irmanada com a de Barra Mansa.

Já temos um santo padroeiro dos ciclistas, São Giuseppe Freinademetz, um inquieto missionário católico que serviu a Nosso Senhor Jesus na China. Um resumo de sua vida diz: “Foram anos duros, marcados por viagens longas e difíceis”. Como acontece com os ciclistas.

Falei disso porque esta semana estive pensando no poder dos santos católicos. São Cristóvão é o protetor dos motoristas, Santa Bárbara nos guarda nas tempestades e assim por diante. Refleti sobre isso depois de assistir uma cerimônia em louvor a São Jorge num templo umbandista. Eles o chamam de Ogum, assim como chamam à Senhora que governa as tempestades de Iansã. Os orixás não são espíritos desencarnados, são forças da natureza. E na subida para Falcão comentava com Mahe que nosso grupo parecia acompanhado de alguma força invisível porque a chuva que esperávamos caiu pouco antes da gente passar por aquele trecho da subida. A água escorria na pista, mas nós pedalávamos sob um céu encoberto que nos protegia do sol forte. Assim paramos em Falcão.

Mas deixemos de lado estas divagações porque o asfalto acabou e começou o caminho de terra cheio de costelinhas. Num instante passamos a divisa dos Estados do Rio e de Minas, aponte sobre o rio Preto, e começou a subida. A gente podia ter entrado logo para Passa 20, mas todo mundo sabe como ciclista gosta de fazer a pedalada difícil, assim lá fomos pela subida para Carlos Euler. Esta subida me mata! Têm trechos que não consigo subir montado. Mas chegamos à outra entrada e lá fomos nós desabalados.

É um caminho pouco usado, com um concreto feito pelos construtores da ferrovia do Aço onde os trens passam nos acompanhando lá de cima.



Mais um pouco de esforço e com a barriga encostando-se às costas vimos o lugarejo lá em baixo. Adentramos na rua principal segurando nos freios para s bikes não dispararem.

Corremos para o restaurante, bem simples mas com uma comida deliciosa e farta.

Depois de um passeio de reconhecimento e um rápido descanso voltamos correndo. “Pra baixo todo santo ajuda” e ajudaram mesmo. Fizemos 150km em menos de oito horas pedaladas.

domingo, abril 13, 2008




A natureza vai recuperando tudo, seja orgânico ou inorgânico – o que a física Quântica diz ser a mesma coisa, um acorde, uma vibração das energias. Assim, como hoje amanheceu um domingo tão bonito, 13/04/2008, resolvi pedalar, apesar de ainda estar me recuperando do tombo de domingo passado. Como os colegas ou iam andar grandes distâncias ou participar de uma competição em Vassouras, decidi andar sozinho e não ir muito longe.

Mas antes de sair do perímetro urbano encontrei Pedroso e dois rapazes, André e Maicom, que me convidaram a acompanhá-los até Sta. Izabel do Rio Preto. Topei. Pelo caminho quiseram saber do tombo e da competição por estradas completamente enlameadas. Foi quando me dei conta de que sofri o acidente porque infringi uma importante lição da vida.

Então, contei-lhes que quando o amigo Val consertou minha bicicleta sentenciou: “Troquei as borrachas do freio porque estavam gastas e porque eram muito vagabundas”. Lembrei-lhes, então, a história de Aquiles, da mitologia grega, que sendo uma fortaleza imbatível veio morrer ao ser atingido no calcanhar, seu ponto fraco. A lição da vida que não obedeci é: “A corrente é tão forte quanto seu elo mais fraco”. Minha bike, montada aos poucos, me custou uns R$1.600,00. Com cubos e passadores Deore e quadro de alumínio feito na Suécia é uma boa máquina, mas as borrachinhas do freio que me custaram míseros R$5,00 o par me derrubaram. Apesar de tão forte minha bike tinha a fragilidade de um freio vagabundo.

Em Amparo decidi não acompanha-los a Sta. Izabel, não queria pegar o sol mais forte do dia. Despedi-me deles tomei o caminho de S. José do Turvo e dali para a Califórnia passando pela trilha da Jaqueira. Foi quando verifiquei a veracidade de outra lição da vida: “O que não é usado se corrompe e estraga”.

Faz tempo que não fazemos esta trilha que o mestre Manoel diz ser ótima para exercício por ser próxima e pelas subidas íngremes. Nem nós temos ido lá nem ninguém. A estrada de fazendas está acabada com as subidas sulcadas de gretas cheias de pedras soltas e as baixadas viraram lodaçais quase intransponíveis. Bem, você pode dizer que é a chuva desses dias, mas e o mato que está fechando o caminho? O que não é usado se estraga. É outra lição que esta vida nos dá.

Assim é andar de bicicleta, a gente aprende lições de vida na prática, além de ver coisas bonitas e que acalmam a alma, como um panapaná (bando) de borboletas de muitas cores levantando vôo do leito da estrada ou o contraste magnífico do verde das encostas com o azul do céu outonal. Por isso, ao invés de ficar de molho em casa sai para ver este mundão de Deus.

domingo, abril 06, 2008

Acidente na Competição
Estou desistindo de competições ciclísticas. Não consegui ganhar nenhum troféu hoje, 06/04/2008, na 2ª etapa do Circuito Agulhas Negras deste ano. Só consegui levar 10 pontos, vou te contar como foi.

“São as águas de março fechando o verão”, só não avisaram a Iansã (a força das leis meteorológicas da natureza) que março já passou e ela continua despejando água. Fui pra competição confiante que ia andar sem me molhar e realmente foi assim, mas a chuva contínua que tem caído todos esses dias deixou os caminhos que eram lama pura.
Num instante meu “macaquinho” não aceitava ser forçado nas subidas e trancava as marchas a toda hora. Tinha que descer e empurrar a cada momento.

Os carros de apoio passavam derrapando cheios de ciclistas e suas bikes rebentadas. Mas, com muito esforço, continuei o itinerário: saindo de Quatis, subimos para o quilombo de Santana, saimos na estrada Amparo-Ribeirão de São Joaquim que estava uma subida interminável e descemos para Joaquim Leite.

A bike juntava barro nos garfos, na corrente, na coroa e no K8 e deixava os pneus lisos, socado de barro e sem nenhuma aderência. Só via ciclista caindo e se emporcalhando todo no chão. Em Ribeirão de São Joaquim vi uns jovens lavando a calçada de casa e tirei todo o barro da bike, aí começou meu problema.

Quando tomava café em casa de manhã li meu horóscopo na Revista de Domingo e fiquei com um pé atrás: “Poderão surgir chateações onde você menos esperava. Mas estás atento e vais cortar o mal pela raiz”. Qual seria a chateação? Como levei a bike atrelada no carro julguei que algum problema no possante ia acabar com minha tentativa de ganhar um troféu. Mas o problema foi outro. Depois de andar freando com quilos de barro na roda o freio ficou frouxo e só reparei o defeito, a chateação, numa descida muito inclinada. A bike foi ganhando velocidade e tentei me manter em cima dela até chegar à baixada. Mas a descida não acabava mais e acho que estava a uns 60 km. Em baixo a estrada não se desenrolava reta, estava escondida por uma curva fechada. Pensei: é hoje que vou me arrebentar numa descida. Tudo foi num piscar de olhos: uma vala funda, uma manilha e a bicicleta bateu firme e voamos juntos pra cima de uma cerca de arame farpado.

Esta foto foi tirada um pouco antes quando passava por dois ciclistas numa bike de dois lugares que estva quebrada.

Vendo o sangue correndo, a pele arregaçada e pedaços de gordura aparecendo em meio ao sangue levantei catando o óculos que se entortou todo e sai gritando por socorro. Um colega que passava prometeu chamar a ambulância pra mim. Fiz um torniquete no braço com a alça da máquina fotográfica, me fotografei e sai andando e empurrando a bike que tinha o pneu dianteiro furado.

Depois de andar uns 20 minutos entrei num sitio, pedi pra deixar a bicicleta e continuei andando. Logo apareceu um carro de socorro e o amigo Renato me levou para o hospital de Quatis onde lavaram os ferimentos e o médico os costurou. Pódio mesmo não vi. Nunca mais vou a outra competição. Minha vida doravante será só de pedalar com meus amigos e descendo as trilhas com o “c... na mão”.

quarta-feira, abril 02, 2008

TRILHA DE CAFARNAUM
Quando a gente entra na trilha de Cafarnaum, depois de uma subida pelo asfalto, sente-se um alívio, pois uma breve descida nos introduz no caminho de terra. Depois é o de sempre, porém nunca igual ou repetido, subidas margeando morros e deixando ver os vales que se desdobram lá em baixo e rios – a bem da verdade, córregos. Como este atravessado pelo jovem Maurício, vulgo mosquito (não é o da dengue, veja que ele não tem listras ou tem?). Esta foto é de João, não o Batista, mas o Bosco.

Cada vez que passo por aqui em demanda ao sopé da serra da Bocaina não posso deixar de lembrar de outra Cafarnaum. No tempo do mestre Jesus esta cidade ficava às margens do lago da Galiléia, região onde ele nasceu, aliás numa localidade um pouco ao sul, Nazaré. Naquela cidade aconteceram muitos prodígios, como também aconteceram na trilha de Cafarnaum, neste domingo 30/03/2008.

Imagine que houve uma multiplicação – não de pães pois o pessoal do clube BikeAdventure levou muito mais do que três pãezinhos – mas de ciclistas. A gente começou na frente da prefeitura em Volta Redonda com uns vinte colegas e pelo caminho foi juntando muitos seguidores animados para pedalar naquela manhã nulada em que tomamos um belo banho de chuva. Esta e as duas próximas fotos são de João, não o evangelista, mas o Bosco.

Não chegou acontecer batismo, como o mestre fez em Cafarnaum, mas na travessia do primeiro córrego bem que esperávamos ver algem menos equilibrado mergulhar nas águas barreadas.

Mas pude ver a repetição de uma cena dos tempos bíblicos. Manoel, qual um profeta barbado, não cansa de converter novos membros para a confraria dos ciclistas. Lá estava ele com Marcinho, Marquinho e Edinho, discípulos constantes e inabaláveis, apesar dos sofrimentos que sempre nos afligem.

Mas o que me deu certeza de que aquele lugar tem alguma ligação no tempo e no espaço com o outro dos tempos bíblicos foi quando, tal qual os porcos que Jesus assustou para dentro duma praia enlameada, Zoreia, Eduardo e Guilherme se espojaram no lamaçal sob a risada de toda a turma de discípulos.

Enfim, depois nos regalamos com uma comida deliciosa na bela cidade de Bananal. Os companheiros vindos da pequena Vargem Alegre, sempre alegres como é próprio do pessoal do lugar, testemunharam que o passeio foi muito bom. Pedro, não falo do pescador, estava de novo com a gente. São coisas que a trilha de Cafarnaum faz, resuscita velhas amizades.

O mestre Val, na falta do bento vinho, tomou, satisfeito, uma cerveja gelada. Libação na qual o acompanhei com muito gosto enquanto João, não o apóstolo, mas o Bosco bebia uma Coca Cola gelada.

A praça de Bananal foi pequena para tantos viajantes cansados, mas logo retomamos o caminho de casa. No caminho asfaltado já pensávamos na outra vez quando vamos percorrer a mágica trilha de Cafarnaum.