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quarta-feira, fevereiro 21, 2007


O LIXÃO DE VOLTA REDONDA

Fazendo uma trilha atrás da Cicuta me vi no lixão de nossa cidade. Fiquei pasmo ao verificar que Volta Redonda, cidade referência em tantos assuntos sociais, uma das mais ricas e cultas do Brasil, ainda tem um lixão tão horrível. Um cheiro nojento, um morro de lixo, plástico e mais plástico que a natureza dificilmente vai conseguir destruir, catadores que mais parecem almas penadas disputando espaço com os reviradores de lixo naturais, os urubus e os ratos.

Deixe-me contar do início. Andando com minha bike por uma estrada que serve para fazer manutenção nas torres de alta tensão, atravessando pastos e descendo para um caminho que margeia o rio Brandão dei com uma pequena cascata. Pensei: Afinal, Volta Redonda tem uma cachoeira! Mas pedaços de plástico espalhados em volta me deixaram ressabiado. As águas da cachoeira desaguavam no Brandão. Eram de um marrom escuro e fediam.

O caminho subia, mas o cheiro nauseabundo me dava impressão de que descia para as regiões baixas do inferno. Depois de passar por uma porteira desconjuntada dei com um espetáculo de filme de terror. Ali estava tudo que nós, volta-redondenses, jogamos fora, rejeitamos ou nos cansamos de usar. Um homem arrastava um saco maior do que ele cheio do que garimpou naquele monte de escória e que ainda poderia ser reciclado. Uma mulher gorda saiu do meio dos dejetos como se estivesse saindo de dentro de um mundo de imundícias enquanto em nossas casas não paramos de produzir lixo e mais lixo para entupir o lixão.

Atravessei aquele monturo e me vi passando ao lado de um lago de águas negras com troncos de árvores mortas em suas margens, era o chorume produzido pelo lixão. Aquilo não deve ser chamado de água, é mais um caldo altamente ácido, com uma concentração enorme de metais pesados e que libera na atmosfera uma quantidade estupenda de metano e CO2. Sabe o que isto quer dizer? Que nós, de Volta Redonda, estamos contribuindo um bocado para o efeito estufo. Os cientistas dizem que o metano é um gás muitas vezes pior para guardar calor na atmosfera do que o CO2.

Ah, lembra da bela cachoeira que vi perto do rio Brandão? É formada pelo chorume que é bombeado de propósito para ser jogado no rio Brandão, dele cai no rio Paraíba do Sul que passa por muitas cidades e vai desaguar no oceano Atlântico. Assim, nem pense em levar sua família ou um amigo visitante de nossa cidade para se banhar nas águas da bela cascata, eles iam ficar pior do que o Coringa, inimigo do Batman que caiu num panelão de ácido.

E dá pra fazer alguma coisa? A pergunta não é esta, é: O que é que nosso governo precisa fazer desesperadamente rápido? E cada um de nós tem que pressionar para conseguirmos esta melhora no nosso padrão de vida e para dar nossa contribuição para a salvação do planeta. A solução que está sendo adota nos países mais ricos e mais preocupados com o meio ambiente é:
1. selecionar o lixo antes de jogar fora. (aqui em casa, desde que vimos o pedido da APAE para doar recicláveis separamos todo plástico, papéis limpos, vidros e latas e outros metais e a cada 15 dias deixo na porta deles na rua 60 – neste período de duas semanas chegamos a juntar umas 6 sacolas de supermercado cheia de lixo reciclável –, imagine o que todas as famílias daqui produzem!).
2. o lixo deve ser queimado para gerar calor ou para gerar eletricidade (e já que temos uma siderúrgica em nossa cidade podíamos fazer um acordo com ela para queimar nosso lixo).
E aí,vamos fazer alguma coisa?

domingo, fevereiro 18, 2007


PEDALANDO NA ESTRADA VELHA PIRAÍ-ARROZAL
Neste verão o bom é sair bem cedo com a bike. Ainda estava escuro quando peguei a rua 60 em direção a Dutra. Em frente a igreja de São Sebastião um fusca se agarrava a um poste feito um sujeito bêbado. Não tirei a foto, mas com certeza ia dar-lhe este nome: “se dirigir bêbado não bata”. Quase na estrada flagrei o nevoeiro cobrindo uma baixada.

Sem os colegas estava pedalando só, com certeza meu guia espiritual andava comigo. Desci a serrinha pela Dutra e entrei em Arrozal indo direto até a entrada de um caminho que, me garantiram, ia sair perto de Piraí. Era a estrada Velha. O sol se levantava devagar. Eta, cara preguiçoso!

O caminho tem suas dificuldades: subidas que exigem a força das pernas e dos braços e descidas que nos enche de adrenalina. Uma velha ponte é uma evidência de um tempo em que os carros eram puxados por bois.

Um córrego continua sua corrida de muitos anos.

Desenvolvi uma boa velocidade, mas parando a toda hora para tirar fotos a pedalada não rendia. E pra que correr? A natureza tem coisas tão belas!

O sol ainda baixo varava a folhagem que margeava o caminho com suas flechas de luz. Estou me saindo um poeta porreta!

Não fotografei uma coisa linda: fios de aranha esticados sobre a estrada e rebrilhando ao sol que nascia. Mas registrei o sereno sobre a grama no meio do caminho.

A gente vê cada coisa na trilha! Observe este encontro de urubus para discutir alguma coisa importante lá pra eles. Cada um achou um moirão para se sentar. Não deu pra saber do que falavam nem o que resolveram.

A subida exige esforço, mas não é difícil quanto outras. Depois é descer destrambelhado pela estrada cheia de curvas maneiras e como o piso é de saibro duro e quase sem pedras soltas é ter coragem de nem triscar nos freios.

Um fenômeno comum em muitas situações é o do cuidado com a estrada na fronteira. Veja só: a estrada Sta. Izabel do Rio Preto - Sta. Rita do Jacutinga ainda não foi asfaltada porque um pedaço fica no estado do Rio e outro em Minas. Ai nenhuma das duas autoridades cuida dela. Assim acontece na estrada Velha: até certo pedaço os sitiantes preferem tratar dos negócios em Arrozal e cuidam da estrada pra lá enquanto depois de uma serra o pessoal prefere ir pra Piraí. Assim, a descida da serra está largada, nem uns nem outros cuidam dela.

Depois de 20km pedalando pelo caminho de terra sai na Dutra com seu trânsito louco de feriado. Foi um passeio de 60km em 4h e meia que me deixou desintoxicado do corpo e da alma.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007


VISITA AO QUILOMBO SÃO JOSÉ


Pensar democraticamente é um desafio, sempre. Até nas pedaladas a gente tem compreender o desejo de cada um. Neste domingo sai com Carioca e seu filho Denis. Ainda temia o que meu joelho poderia aprontar. Mas o dia estava convidando para um exercício. Este verão está demais! Apesar do efeito estufa o sol estava muito camarada.

Nosso destino era Sta Izabel do rio Preto, eu tinha planejado pegar uma estrada de chão – gosto de andar na terra driblando buracos e pedras-, mas os dois queriam seguir pelo asfalto. A maioria venceu. Não é assim que funciona a tal democracia?

Como não podia deixar de ser encontramos “seu” Prata correndo sozinho, mas com Deus. Continuamos, tomamos café na padaria de Amparo e seguímos viagem.

No caminho, juntou-se a nós dois ciclistas que ainda não conhecíamos. Moradores de Santa Cruz eram João Bosco e Paulo, este é dono de uma bicicletaria. Tinham saído de casa para ir até Amparo, mas decidiram subir a serra da Mutuca. Afinal resolveram entra no nosso grupo e nos acompanhar até Sta. Isabel.

Mas cada pedalada trás alguma surpresa e desta vez foi o pneu da bike de João Bosco que furou. Com quase 63 anos ele demonstrou um bom preparo físico pedalando até Sta. Izabel já que apesar de ter uma câmara sobressalente não tinha mais a chave para tirar a roda já que coloquei brocagem nas minhas.

Na praça da estação estava uma concentração de jeeps e motos que iam fazer uma trilha no sertão. Enquanto os dois novos colegas voltavam nós três decidimos entrar pela serra da Beleza procurando o Quilombo de São José.

Em cima das bikes,v oando estrada abaixo ou resfolegando por subidas íngrimes, vamos sempre discutindo um assunto do momento, desta vez foi o crime brutal do menino no Rio. Quando um crocodilo ataca e destroça uma pessoa ficamos horrorizados, mas nos conformamos. Porém quando um ser humano age como uma besta selvagem todos nós nos sentimos culpados e indignados pedindo justiça. Você acredita que algum deles vai se arrepender? Se tivessem remorso este seria tão grande que não teriam outra escolha se não se matar, como Judas fez. Ah, é tão bom a gente estar correndo no meio da roça longe da cidade grande cheia de tantas mazelas!

O deputado Nelson Gonçalves vem se esforçando para aprovar o asfaltamento da estrada Sta.Izabel-Conservatória e o trajeto já tem prontas três largas pontes de concreto. Na terceira encontramos a entrada do Quilombo.

Um barulho de água rolando nos levou a encontrar uma cachoeira e nos deliciarmos com a água gelada.

Entre as montanhas encontramos o vale onde os escravos fugidos se escondiam. Fomos visitar seu Hamilton que eu havia conhecido da festa de 13 de maio de 2006. Homem sorridente e atencioso nos levou a casa de “Dona” Mariazinha, matriarca do Quilombo que já tem 105 anos e nos confidenciou que ainda fuma cigarro de palha com fumo de rolo e toma muito café.

A tarde já ia avançada quando pegamos a estrada de volta e viemos tomando um banho de chuva de lá até Volta Redonda. O passeio nos fez andar 110km.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007


Visita a Sta Rita de Jacutinga


Sempre acontece comigo. Quando jogo uma partida de sinuca consigo encaçapar as bolas e até fazer algumas tabelas para alcançar uma bola que está em sinuca. Entusiasmado vou para outra partida e aí começa a dar tudo errado, erro bolas fáceis e até consigo resvalar o taco na bola. O mesmo acontece com as pedaladas. No ano passado, ganhando um 2º lugar, achei que na outra prova ia chegar em 1º, acabei é tendo de voltar no caminhão de resgate. Deu tudo errado. Assim, foi desta vez. Sai sem a máquina de fotografia, não conseguia colocar a corrente na mais alta e consegui uma distensão num músculo da perna direita que fez do lindo passeio um sofrimento só.

Saímos cedo do Voldac. Era 6 h e ainda estava meio escuro. Percorremos o asfalto tantas vezes batido daqui até Amparo. No caminho passamos por "seu" Prata que tem o impressionante hábito de correr todos os dias de Sto. Agostinho até Amparo. Contei ao pessoal que tinha vista um filme aquela noite falando de Emmanuel Kant, um filósofo que tinha o costume de fazer uma caminhada todas as tarde, estivesse nevando ou fazendo sol. Era isto que o mantinha são e equilibrava sua mente que andava sempre à mil.

De Sta Izabel até Sta Rita são 12km marcados pelo computador sempre eficiente do amigo Manoel. Enquanto pedalávamos discutia-se de tudo, até do efeito estufa – eta assunto da moda! O rio Preto nos acompanha no passeio.

Incrível é que quando se avista os casario da pequena cidade a gente já se apercebe que ali se respira o jeito mineiro de ser. Simplicidade, certo retraimento com os visitantes e uma calma que parece cobrir tudo como um véu: a velha estação de trem, a igreja no alto do morro e o casario colado à rua onde passam carros e charretes.

Ah, e o almoço! O colega Carioca fez a nossa turma incorporar a cerveja geladinha à hora da refeição. Dunga fica de fora, mas logo o estamos acompanhado no guaraná Mantiqueira. Depois, nos refestelamos na sombra da rodoviária ganhando forças para a viagem de volta.



Foram 110km de passeio muito bonito e fácil. Só a minha distensão é que atrapalhou meu prazer pelo passeio. Tive de tomar outro Dorflex e Dunga me emprestou Biofenac que com seu geladinho de cânfora diminuía a dor e um comprimidão de Albumina que devia ter mastigado e burramente engoli inteiro.

Agora é aguardar o próximo fim de semana. Desta vez vai dar tudo certo!