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segunda-feira, maio 26, 2008


Neste domingo, 24/05/2008, o Clube chamou os aficionados pelo mountain bike para subir a serra do Rio Bonito e visitar a pequena vila de Ribeirão de São Joaquim. Às primeiras horas da manhã um ajuntamento em frente ao prédio da prefeitura chamava atenção dos passantes, eram os bikeres e suas magrelas. Os grupos falavam sobre tudo, mas especialmente dos passeios que deram ultimamente. Olhando toda aquela gente me lembrei duma coisa que o mestre Jesus falou: “Onde estiver o corpo aí se ajuntarão as águias”.

Um repórter do canal 36 fazia entrevistas com perguntas cheias de segundos sentidos, mas também conclamava os telespectadores a andar de bicicleta tanto como um bom exercício físico como um lazer em pleno contato com a natureza. Como estávamos ali para pedalar e não para conversar formamos em fila indiana e saímos da cidade em demanda de Amparo.

Na padaria fizemos uma pausa para um lanche e pra ganhar forças. A rua ficou repleta de bicicletas de todas as cores e marcas. Os acessórios, alguns bem caros, rebrilhavam ao sol que forcejava contra o frio que persistia nas baixadas e beiras de rios.

Saímos pelo asfalto e logo adiante nos embarafustamos à esquerda por uma estrada de chão. Começava o desafio, Ribeirão fica lá no alto da serra. Os músculos das pernas eram exigidos ao máximo e mesmo com nossa força multiplicada pelas 27 marchas da bike em certos trechos tínhamos de desmontar e empurrar. Nem sempre a corrente da magrela agüentava o empuxo e rebentava. Tirávamos as ferramentas das capagas e concertávamo na hora. O biker tem de ser auto-suficiente.

Depois de uma subida que não parecia ter fim chegamos lá no alto e desfilamos diante do casario antigo parando na pracinha para descansar e comprando refrigerantes, torresmos, cervejas e fazendo sanduíches. Eu tinha outros planos, queria revisitar o lugar em que sofri um acidente.

Avisando os colegas deixei-os descansando e desci a serra em direção a Joaquim Leite. Foi uma sensação pungente ver a cerca de arame farpada concertada e me dar conta do milagre de ter passado com o braço entre os arames tirando bifes mas não me cortando nas farpas que fatalmente teriam rompido alguma artéria.

De volta a estrada para Quatis aguardei os colegas e descemos juntos acompanhando as sombras do entardecer se esticando pelas encostas dos morros e replicando o viaduto da ferrovia do Aço com um trem passando lá em cima.

Para cortar caminho passamos pela trilha do curral subindo a serra de São José e entrando nas terras da velha fazenda Criciúma. No encontro das águas do rio do Peixe com o Turvo nos refrescamos. Apesar do veranico comum no mês de maio a água já estava bem gelada, mas era um choque legal para nossos músculos doloridos.

Alguns colegas para matar a sede cairam sobre um pé de mexerica com mais gana dos que as muriçocas que picavam com vontade. Os dentes estão sensíveis até agora. Oh mexerica azeeeda!

Saímos correndo e pela trilha do Peixe voltando para casa. O sol esbraseava o rio Paraíba do Sul antes de ir deitar pra lá do horizonte.

segunda-feira, maio 19, 2008

PASSEIO NOTURNO
Buscar novas situações, esta foi a mola que fez a raça humana se desenvolver e se tornar senhora do planeta Terra. Com os adeptos do pedal se dá o mesmo. Não nos basta pegar uma estrada e sair por ela. A gente procura uma nova trilha saindo dela ou passamos por ela em sentido contrário ou até fazemos o trajeto em estações do ano diferente: no inverno seco de clima frio ou no verão quente com as pancadas de chuva deixando tudo enlameado. Para buscarmos um outro jeito de passear com nossas bicicletas nos reunimos na noite da lua cheia.

Neste sábado, 17/05/2008, fomos para Conservatória em uma hora diferente. Ao invés de passar por S. José do Turvo no meio da manhã, passamos por lá à meia-noite. A cidade dormia e só perambulavam na rua os boêmios de sempre. À luz amarelada dos postes e das casas dava ao velho ponto de ônibus uma aparência nova. Ali fizemos uma parada antes de sair subindo para a Cidade das Serestas. Durante a noite a pedalada é completamente diferente. É um espetáculo bonito ver as luzes azuladas dos faroletes se balançando na escuridão feito vagalumes. Especialmente numa curva do caminho a gente que vai atrás vê com mais beleza os faróis se movimentando da direita para a esquerda como um risco de giz num quadro negro.

Tinha trocado a catraca por uma K9 e apanhei um bocado na mudança das marchas nas subidas até me acostumar. Outros colegas reclamaram de problemas e o Márcio rebentou a sua três vezes. Mas como comentou Mageste: "Numa noite fria como esta consigo ir pedalando até Minas". E realmente não senti o ritmo forte da pedalada puxada por colegas mais novos. Não demorou muito estávamos na praça de Conservatória em tempo de assistir o fim da seresta dos sábados. O lugarejo fervilhava de turistas. Depois de comermos uma pizza frita pesada como pedra saímos pra serra da Beleza.

Numa subida que parece interminável passamos pela ponte dos arcos num momento em que a dama da noite finalmente deu os ares de sua graça antes de se esconder novamente atrás das nuvens, pelo arraial de Pedro Carlos com muita gente ainda na rua indo embora depois de uma festa, até chegarmos no mirante. Da bela vista que se descortina dali não se via nada.

O frio estava cortante e enquanto Reginaldo lutava para fazer a macarronada do grupo o pessoal se estendeu no chão e sem dar atenção ao frio que aumentava deixou que o sono chegasse e descansasse seus corpos esgotados. Por uma razão e outra decidi sair e continuar pedalando para chegar a casa ao raiar do dia. Andando sozinho na noite, na escuridão só cortada pelo estreito cone do farolete, a cabeça começa a viajar e não seria de estranhar que me aparecesse uma assombração ou um disco voador. Mas não vi nem um nem outro. (foto do colega Márcio)

Lá no mirante a água do macarrão fervia.

A macarronada quentinha saiu e alimentou os ciclistas que voltaram a dormir recuperando as forças para a volta. Neste mesmo intante eu tinha passado por Sta. Izabel do Rio Preto onde só os cachorros notaram a minha e tanto me perseguiram como latiram muito.
(esta foto e a seguinte são do amigo João Bosco)

O dia amanheceu. O frio empurrado por um vento forte estava duro de agüentar. As bikes, encostadas na cerca do mirante, esperavam seus donos. Agora dava pra ver as colinas numa maravilhosa ondulação se perdendo até a cerração lá no horizonte. Era hora de voltar pra casa. Quando o grupo começou a descer a serra da beleza eu acabava de descer a Mutuca sentindo o momento mais gelado do passeio. Foi uma experiência maravilhosa. Fazer um percurso conhecido em um outro momento do dia, aquele em que um “sujeito normal” geralmente esta dormindo na cama quentinha, foi muito especial.

domingo, maio 11, 2008


Subindo o Robertão Novamente
Ontem, 10/05/2008, véspera do dia das Mães, saímos só três bikeres: eu, João Bosco e seu filho Sérgio. Seguimos o caminho de N. S. do Amparo, suas mesmas subidas que preparam os músculos e as boas descidas pra gente sentir o vento frio massageando nossos rostos. A intenção era encontrar caminhos novos.

Tudo muito conhecido a gente vai conversando pra passar o tempo. Discorremos sobre o insight, aquela descoberta que a gente faz de repente. Baseado em cursos que fez, João explicou que muito antes daquele momento de revelação a gente já vinha trabalhando aquela idéia que então se materializa. Falava isso a propósito de sua decisão de não mais comer carne vermelha. Sábia decisão que eu mesmo sei ser tão importante – é um alimento de digestão vagarosa, fica putrefata dentro do intestino e é parte de um animal abatido violentamente – mas que ainda não decide adotar, ainda não “caiu a fixa”.

Depois do vilarejo, onde tomamos um cafezinho esperto, seguimos mais um quilometro pelo asfalto e entramos à direita na fazenda Ribeirão Claro. Nosso intento era procurar um novo caminho para Sta. Izabel do Rio Preto. Pelo Google Earth vimos uma trilha, agora era passar por ela. Subimos o Robertão e sua ladeira fortemente inclinada – a gente vai de 765m de altitude à 965m em 5,2km. A manhã estava ótima para pedalar, o céu encoberto de nuvens e um friozinho que deixava a gente bem esperto. João e Sérgio ainda não haviam passado por ali e me deixaram guia-los sem resmungar.

Não achei a estrada que sai em S. Bento, mas como para eles o caminho era novo segui para a pedra no alto do Robertão. Aí começaram os problemas. Contornamos o banhado para chegar do outro lado sem molhar o sapato. Só que da outra vez passamos por ali na invernada, tempo seco, sem chuvas. Agora, o banhado cobria tudo e encharcamos os tênis.

Depois, a trilha das samambaias que passamos pedalando desta vez estava fechada e cheia de teias de aranha. Foi puxar a bike que se enganchava nos galhos e ir se arranhando nos pés de espinho. E parecia que não acabava mais.

Mas como não há mal que sempre dure, chegamos ao alto do Robertão com o relevo áspero da região se descortinando diante de nossos olhos.

Depois de um breve descanso descemos para a pedra negra e nos exibimos como se fossemos voar pelo céu acima de S. bento.

Como havia prometido a eles, chegamos a S. bento sem precisar subir a Mutuca, mas eles juraram que quando convida-los para procurar uma nova trilha eles não me acompanham mais.

quinta-feira, maio 08, 2008


Quando os aficionados do mountain bike saem para uma pedalada o que os move são vários motivos: o exercício físico, o companheirismo, a sensação gostosa da adrenalina correndo nas veias, encher os olhos com as belezas da natureza, o amor a liberdade e o suspense de encontrar novas situações. (foto de João Bosco que prometeu editá-la e se colocar ao nosso lado)



É fato, não há um pedal igual ao outro. Neste domingo, 04/05/2008, saímos em direção a Santa Rita de Jacutinga. Você pode pensar: outra vez o caminho de N. Sra. do Amparo, a subida da Mutuca, o entroncamento em Sta. Izabel do Rio Preto, a ponte sobre o rio Preto e a subida de Sta. Rita? Nem precisaram tirar fotos, era só olhar as do passeio anterior. Ledo engano.



A bem da verdade, João Bosco andou tentando inventar um novo ângulo para fotografar a chegada no entroncamento de Sta. Izabel. Não ficou legal?



E o friozinho fora de época que fazia a gente gritar quando passava por um trecho sombreado: Geladaaaa! E os temas diferentes das conversas. Mas a maior diferença foi mesmo em Sta. Rita. João e eu subimos até a igrejinha lá no alto do mirante.






Passamos por treze capelas, simbolizando as estações do sofrimento do mestre Jesus Cristo. Não deu para fazer a subida íngreme montado, mas nossas bikes nos acompanharam até lá em cima.

E, lá no alto, a paisagem maravilhosa! A serra da Beleza na distância, trilhas e estradas de chão saindo de Sta. Rita e que ainda não conhecemos e a própria cidadezinha aos nossos pés se espraiando lá em baixo.

Foi um passeio cheio de novidades. Quando me chamarem pra ir a Sta. Rita de Jacutinga outra vez vou dizer com certeza: Estou dentro! (foto getilmente cedida pelo colega do pedal, João Bosco)

sábado, maio 03, 2008


Primeiro de maio,

dia do trabalhador, amanheceu carregado de nuvens escuras, mas saímos pra pedalar assim mesmo. Mestre Manoel liderava o passeio e decidiu que nosso destino seria subir a serra da Mutuca para comer um bom pastel caseiro em São Bento, antes de Sana Izabel do Rio Preto.

Enquanto pedalávamos conversávamos. O farmacêutico Marco falava dos conselhos de sua nutricionista: tomar um copo com complemento vitamínico antes de sair para pedalar e outro quando volta e incluir saladas e legumes nas refeições. Contou como tem se sentido cada vez melhor com os exercícios com a bike. Da primeira vez que subiu a Mutuca teve de desmontar e empurrar, desta vez subiu-a montado e em 30 min.

Nos momentos em que estava sozinho, descendo correndo ou subindo em ritmo diferente dos outros, pensava. Em certo instante refleti na tarefa que Deus ou nossos mentores espirituais deram ao mestre Manoel. Ele é um captador de novos colegas. Hoje mesmo, além de nós dois, nos acompanhavam Marcio, Marco e Edson que aprenderam a beleza de pedalar mountain bike com ele.

O dia estava ideal até que uma garoa fria se transformou em chuva fina e gelada. Sorte que chegamos ao bar. Lugar delicioso para se ficar descontraído. “Seu” Geraldo trouxe amendoins colhidos em seu terreno para irmos degustando enquanto “dona” Maria fazia os pastéis de um palmo estufado de uma carne moída muito bem temperada. Jogamos conversa fora e fizemos mil planos. Pensei, vendo-os tão animados com novas pedaladas, no que disse meu médico: O exercício produz endorfinas que são ótimos neurotransmissores que nos enchem de prazer pela vida e aumentam nossa auto-estima.

O pastel foi acompanhado de um vinho misturado com um pouco de Coca Cola para dar um gosto de champagne. Uma música caipira tocava alto e cheguei a ensaiar uns passos de dança. O ambiente era de sossego, bem de acordo com o dia chuvoso e frio.

Satisfeitos com a vida voltamos à estrada. Uns vestiram suas capas e outros tomaram chuva no couro. Este ano as chuvas não acabam e os que levaram agasalho é que estavam certos. O grupo de Manoel agora se chama "Paralamas do Sucesso de São Luiz Bike Clube" porque todos colocaram paralamas para que água enlameada não suje as costas do uniforme nem deixe o rosto e os óculos todos embarreados. E assim, mais descendo que subindo, entramos em Volta Redonda correndo pra nossas casa.