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terça-feira, outubro 30, 2007


Depois de mais algum esforço numa subida sem fim chegamos na adormecida cidadezinha de Ribeirão de São Joaquim. Descansamos, bebemos alguma cerveja e muito guaraná, enchemos nossos cantis numa mina e corremos para Amparo. A tarde já ia avançada e o céu não se decidia: trovejava, ventava, pingava, mas não caiu o aguaceiro prometido.

segunda-feira, outubro 22, 2007


Deus escreve certo por linhas tortas


e os ciclistas chegam ao lugar certo por trilhas muito tortas e difíceis. Assim foi domingo, 21/10/2007. Saímos num grupo muito bonito em demanda à Bananal. Chegamos e desfrutamos da bela cidade com suas mulatas faceiras. Mas não pense que fomos pelo asfalto como qualquer motorista sensato.

Depois de nos reunirmos ao pessoal de Barra Mansa e com um pelotão animado saímos em direção a Angra dos reis e logo depois da garagem da Colitur entramos à direita e seguimos por uma estrada que foi apertando mais e mais até entrarmos por uma cancela.

Atravessamos um pasto cortado por vários riachos com a serra da Bocaina nos espreitando do alto de sua majestade. Desembocamos no asfalto bem no distrito de Rancho Grande onde paramos para fazer um lanche. A pedalada não era de nosso grupo e o ritmo estava forte, coisa pra elite do pedal.

Seguimos pelo asfalto até a entrada da fazenda 57 onde dobramos à esquerda e nos embarafustamos pelos pés da montanha. Já havia passado por ali quando, certa feita, descemos do sertão do Prata.



Por causa do contraforte da serra a região é cortada por muitos riachos, todos com o nível da água muito baixo por causa da seca que já dura dois meses. Então, chegamos no poção. Um riacho que sai de dentro de um grotão forma bacias muito boas de nadar. Com o calor que fazia todo mundo se desfez dos equipamentos e entrou na água. Depois de uma curva achei um remanso onde a água se espraiava e o fundo era todo de areia dourada. Deitei ali, numa sombra e fiquei vendo as poucas nuvens deslizando lá no alto. Minha respiração estava num ritmo acelerado por causa do esforço feito até ali.

Então, o pessoal foi saindo em grupos. Subimos uma ladeira íngreme de onde se descortinava colinas se desdobrando como ondas tendo como pano de fundo a altaneira Bocaina.

Finalmente chegamos a Bananal. Desfilamos pelas ruas de pedra até encontrar o restaurante onde numa fileira as bicicletas descansavam apoiadas umas nas outras, como os cavalos que ainda têm por lá. Batemos um almoço muito gostoso e a nossa mesa – eu, João Bosco e Sidnei – não dispensou uma cerveja bem gelada.

A praça da matriz ficou coalhada de ciclistas meio mortos. Entre eles, Manoel, me disse que estava mais morto que vivo. Talvez o ritmo forte da pedalada junto com um calor de verão em plena primavera causou este estrago nas nossas fileiras.

Aí regressamos, também aos magotes. O Sol fervia como se estivéssemos num verão de dezembro. O calor que subia do asfalto, por misericórdia, era equilibrado com uma aragem fresca. Passamos por uma queimada violenta que transformou a vegetação seca em cinzas por morros e morros.

A todo momento tinha que se beber água ou refrigerante bem gelado, o corpo desidratava rapidamente. Cheguei a casa pensando que é melhor nesta época de calor fazer pedaladas mais curtas com alguma cachoeira para refrescar o corpo. Mas de banho tomado e depois de pular de alegria com o segundo gol do Flamengo, já planejava para o próximo domingo subir a serra da Beleza para ver o vale das bromélias. Oh gente louca!

segunda-feira, outubro 15, 2007


MUDANÇA DE RUMO

Não foi tão difícil chegar ao encontro ás 6:30 neste domingo 14/10/2007, primeiro dia do horário de verão. O grupo estava bom: Dunga, Manoel, Val, Vanderlei, Elias, Leo, Geovani, Sidney (que ainda estava pelo outro horário e teve que vir voando pra encontrar a gente na fazenda do Ingá) e eu. Não adianta procurar João Bosco na foto, nosso colega de todas as pedaladas foi a uma reunião de família em Minas. Ficou de trazer um queijo pra gente. Nosso grupo planejou ir à Sta. Izabel do Rio Preto passando por São Joaquim e evitando a subida da serra da Mutuca, mas Val nos convenceu a fazer outro caminho que a gente há muito queria conhecer, a subida do Robertão. Pra quê!

A trilha por dentro da fazenda do Ingá é muito bonita e quando a gente desvia para a direita segue por um caminho estreito no meio da mata que é uma beleza. Foi neste trecho que aconteceu a primeira queda do dia. Luciano vinha embalado atrás de Val e quando a fila freou bruscamente ele foi parar dentro de uma vala – que vale que estava seca por causa desta falta de chuva que já dura dois meses. Logo adiante botamos a bicicleta nas costas para pegar a estrada mais acima, já dentro da plantação de eucalipto da fazenda Bárbara.

Corremos subindo e descendo pelos caminhos no meio da mata da Atlântica e do reflorestamento. Discutimos o efeito desta fonte renovável de energia, os eucaliptos que crescem absorvendo dióxido de carbono do ar e a carvoaria e os alto-fornos da siderúrgica que jogam o gás carbônico novamente na atmosfera. Parece menos danoso que tirar o carbono que a natureza guardou debaixo da terra no petróleo e que a humanidade desde o século 20 vem utilizando e jogando na atmosfera.

Saímos na estrada Amparo-S. José do Turvo e ficamos esperando Sidney consertar a câmara de ar (em toda pedalada ele fura um pneu, esta maré de má sorte deve acabar logo). Enquanto esperávamos ouvimos surpresos o ring song do celular de Val. A chamada telefônica é o canto de uma cigarra que custa para pegar igual a um fusca com a bateria fraca. O silêncio daquele trecho da estrada também era quebrado pelo rádio da bicicleta de Manoel.

Abalamos-nos para Amparo e paramos na padaria para tomar um café reforçado. Um grupo de jovens ciclistas que tinha ido até ali resolveu nos acompanhar. No caminho não pude evitar de tirar esta foto com estes dois amigos.

Saímos do asfalto e tomamos um caminho a direita que passa por uma fazenda que há tempo eu queria conhecer, a Ribeirão Claro. Pelo asfalto a gente só vê um bosque fechado e os fundos do casarão, mas subindo a entrada por baixo de um bambuzal vê-se cascatas e a bela casa da fazenda colonial.

Enquanto o pessoal continuava a trilha entrei pela aléia da fazenda recoberta de bambus amarelos, com várias cascatas de águas claras despencando do alto e cheguei ao pátio da bela fazenda. Olhei, fotografei e voltei correndo a trás da turma.

Se a gente procurava uma opção para evitar a subida da Mutuca perdemos tempo, por 1,7 km pegamos uma subida dura com uma inclinação de 65º que não deu para subir montado. Os jovens voltaram e só o mais velho deles, Vinicius, continuou com a gente. Lá do alto a paisagem era deslumbrante. Vimos uma estrada serpenteando lá em baixo e decidimos de outra vez procurá-la. Parecia ser outro caminho de Amparo para S. José do Turvo.

Lá em cima, vimos as nascentes de dois riachos serem desmatadas impiedosamente. A água das chuvas, sem a vegetação que as guarda no solo úmido da mata, rola pelos morros abaixo e na seca não tem o precioso líquido para manter os riachos perenes. Vou denunciar agora mesmo ao Ibama e a Polícia Florestal – tomara que eles tenham por lá um capitão Nascimento durão pra sentar uma multa pesada nos salafrários.

Depois a estrada acabou, virou pasto e trilha de boi no meio de arranha-gatos e samambaias. O trilho quase sumido no meio da erva selvagem exigia um cuidado extremo para não despencar pela ribanceira aberta ao nosso lado direito. Foi o que aconteceu com o experiente Dunga que rolou pelo precipício, mas foi seguro pelas samambaias bravas. Ninguém se maxucou, fora os arranhões dos espinheiros. Foi uma pedalada dureza.

Foi uma terrível pedalada que lembrou aos que foram à Ibitipoca a dura subida do Taboão. Mas saímos no alto da serra do Rio Bonito, duas ou três vezes mais alta que a Mutuca. Na beirada de uma pedra negra descansamos. Foi na chegada daquele ponto alto de observação que Sidney capotou e deu duas cambalhotas no chão seco lá das grimpas do pasto.

Voltamos sem chegar em Sta. Izabel do Rio Preto. Almoçamos em Amparo e tocamos para casa. Todo mundo acha que Val dava um bom treinador de soldados do Bope, pois cada pedalada com ele exige o que temos e o que não temos de reservas físicas e de caráter. Como dizia Geovani: "É num esforço desses que a gente separa os meninos das meninas". Eta cara machão.

sexta-feira, outubro 12, 2007


CIRCUITO DO ARROZAL

Liderança não tem a ver com idade. Quando saímos neste domingo 07/10/2007, fui liderando o passeio por um caminho que já conhecia parcialmente, acompanhava-me: Dunga, Manoel, João Bosco, Sidney, Márcio e Jorge. Ora, aprendi a fazer mountain bike com essas duas feras, Dunga e Manoel, e mesmo guiando o grupo por uma estrada muito bonita me preocupava em proporcionar um passeio legal para esses amigos que tantos lugares bonitos me mostraram.

Descemos a estrada dos Mineiros que Dunga disse se chamar “trilha da meleca”, porque nos tempos em que chovia com mais freqüência o percurso era muito embarrado e com trechos cheios de esterco bovino.

Depois de um café reforçado em Arrozal tomamos a estrada velha para Pirai com seu transcurso maneiro com algumas subidas e uma ótima descida. Manoel, nosso disc-jockey, com seu rádio prezo ao guidon criava um fundo musical que não atrapalhava ouvir os cantos dos pássaros – o repertório tocava músicas antigas de Orlando Silva, Carlos Galhardo, Ângela Maria e outros cantores. Trocamos idéia sobre a facilidade que temos de lembrar aqueles sucessos do passado e de não conseguir guardar as letras das músicas atuais. Será que o Alzheimer já está chegando?

Quando chegamos na longa descida que se desce sem tocar nos freios pela estrada sem buracos, logo no início, fiz sinal para o grupo parar, numa curva bem a frente uma ciriema me olhava meio assutada. Saquei da maquina digital, mas dei caminho a João Bosco cuja máquina com zoom ótico chegaria mais perto do pássaro. Mas o bicho que caçava cobras mortas numa recente queimada não gostou da idéia de ser fotografada e saiu correndo com suas longas pernas e saindo da estrada enveredou pelos campos.



Fiquei satisfeito quando mestre Dunga declarou que nunca tinha passado por aquele pedaço, ele que conhece mais de 100 trilhas, e elogiou as belezas do lugar. Mais adiante, ficamos impressionados com uns garotos que encontramos na trilha quase chegando à fazenda da Grama. Numa bicicleta velha e sem marchas três pirralhos se equilibravam e um magrelo de perna fina conseguiu andar na frente da gente. Comentamos sobre quantos talentos se perdem neste país pobre que não investe em sua infância porque tantos político ricos não conseguem parar de roubar o dinheiro que podia ser gasto com esses meninos.

Visitamos o velho casarão da fazenda da Grama que já serviu de hotel, concentração para a seleção de futebol de 1958 e cassino. Com muita sede bebemos um caldo de cana gelado a beira da represa da Light.

O que empanava a beleza do passeio era a secura do mato, os córregos secos (como o ribeirão dos Borges ali em baixo onde aparecia a lama do fundo) e carcaças de vacas mortes de sede. Pedalar com o tempo firme é bom, mas ver a natureza pedindo chuva deixa a gente torcendo para que desabe logo um temporal.

Depois tomamos o caminho de Arrozal onde almoçamos uma comida farta e completamos a volta da região correndo para casa. Aproveitamos para visitar o sítio de Dunga onde alguns jogaram totó, outros tiraram uma soneca e eu fiquei chupando cana. Voltamos pela trilha dos Mineiros fugindo da subida forte da Serrinha da Dutra. As sombras da tarde teciam um tapete escuro no chão onde os pnes deixavam suas marcas: passamos aqui.

sábado, outubro 06, 2007


Passeio pelo lado Mineiro do Rio Preto

Não sei se você acredita no poder do pensamento, coisa assim como desejar que a chuva pare desenhando um sol no chão ou dançado como os índios para fazer chover quando o tempo está muito seco. E quando a gente anda de bike esta força da mente tem funcionado mais de uma vez. Conseguimos isto neste domingo, 30/09/2007. A manhã estava fria e o céu encoberto de nuvens. Ameaçava chuva e ela pegou a gente antes de Amparo.

Éramos os mesmos cinco companheiros: João Bosco, João Inácio, Wesley, Sidney e eu. Mas o jovem Rafael conseguiu contatar o celular de Bosco e fomos andando devagar até ele nos alcançar na serra da Mutuca. Chovia fino e fazia frio.

O frio estava de doer e nossa roupa molhada no corpo piorava as coisas. Fizemos uma corrente desejando que o tempo melhorasse e logo, na chegada em Sta. Rita já não chovia mais. Viu?

Ainda era cedo, o bom restaurante que escolhemos para almoçar ainda não estava aberto e saímos passeando pela cidade que se emancipou no mesmo ano em que eu e João Bosco nascemos, 1944. Visitamos a catedral e subimos as ruas de calçamento pé-de-moleque.

sexta-feira, outubro 05, 2007


Depois do turismo corremos para almoçar. O fogão a lenha estava bem abastecido de boa comida. Observe como o prato do Sidney está bem fornido e olha que ele estava enfastiado. O restaurante fica em frente a antiga estação de Santa Rita de Jacuritnga. O lugar tranquilo tem tudo de bom para um passeio com a família.
Decidimos não descansar e saímos pedalando devagar. Seguimos em direção a Cruzeiro e lá na frente desviamos para a direita em direção ao Rio Preto e seu curso encachoeirado.
Acompanhando a corrente chegamos a uma bela cachoeira. Remansos convidavam a um banho refrescante, mas não pudemos nos demorar ali. A tarde ia avançando rápido. O tempo voa mesmo quando estamos numa atividade tão prazeirosa.

Depois, encontramos um local de fé. Sobre uma laje de pedra erguiam-se cruzes, amontoavam-se muitos pedregulhos e algumas oferendas. Aquilo nos deixou muito intrigados. João Inácio até opinou que parecia um lugar onde aconteceu um acidente com várias mortes, mas a verdade era bem outra.

Visitamos, novamente, a fazenda Santa Clara e fomos conversar com os moradores das casas que há muito serviu de senzala sobre aquele estranho altar de pedra. Ali, um rapaz chamado André, contou que no local da laje muitas pessoas fazem oferendas à um negro do tempo da escravidão que foi punido por seus senhores com uma morte horrível. Mané Pereira teve pedras amarradas as pernas e ainda vivo foi jogado no rio Preto, mas seu corpo boiou e daí em diante passou a ser venerado. Parece que tem feito alguns milagres.
A tarde estava muitolegalpara pedalar, sem sol forte e com uma brisa fresca. Nós que acreditamos que o tempo ia melhorar em nosso favor alcançamos nosso objetivo.
Depois não perdemos tempo e corremos para casa que ainda estava muito longe. A noite nos pegou depois de Amparo. Foram 140km que deixou todo mundo bem esgotado, eu mais que todos.