Antes de
viajar para pedalar por entre as serras de Nova Friburgo
fui estudar o trabalho
do professor e doutor na UERJ, Miguel Tupinambá, e isto meu preparou para
entender e mais admirar o que vi.
Geologia é uma ciência com um vasto
vocabulário em que as palavras são misteriosas e de difícil entendimento para o
leigo: “A Folha Nova Friburgo encontra-se cortada por mais de uma dezena de
zonas de cisalhamento dúcteis-rupteis transtracionais de direção noroeste. Os
blocos gerados por estas estruturas formam um conjunto de graben e horsts
típicos de ambiente distensional.
Os corpos graníticos da Suíte Nova Friburgo,
com sua forma de lacólitos e sills, tem seus condutos localizados ao longo
destas estruturas e se cristalizaram entre 500 e 490 Ma na forma de lacólitos e
soleiras, formas próprias de crosta superior”.
Ligue-se nesta frase: “Os blocos
gerados por estas estruturas formam um conjunto de graben e horsts”. Estas
formações tornam o pedal uma andança de formiguinhas em meio a imensos humanos.
Na formação
desse trecho de serra houve afundamentos de terreno (gráben) enquanto imensas
pedreiras se elevaram (horsts). Diferente da região sul fluminense em que o
planalto foi esculpido por rios e riachos ganhando a aparência de um mar de
morros, na serra de Nova Friburgo saiu do núcleo da Terra imensas quantidades
de magma que ficaram semeados pelas bordas da serrania. Afundamento de terrenos
só constituídos por sedimentos formam vales por onde pedalamos enquanto à nossa
volta, imensas pedreiras nos olham como gigantes que se formaram há 500 milhões
de anos.
Dá uma impressão formidável.
E pedalamos
muito. No primeiro dia 90km no segundo mais de 110km.