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segunda-feira, novembro 02, 2015

Todo povo brasileiro, menos os 5% petistas, sofre de alucinose.

Quem tem filha precisa levar em conta que fatalmente terá um genro, que até pode ser surfista e petista. Ô sina! 

Muito inteligente meu genro lê coisas e me manda, como quem leva celular para um presidiário. Desta vez foi Crise e Alucinose: Anticomunismo do Nada, do psicanalista e escritor Tales Ab’Sáber, tive de ler. 
De cara gostei dessa frase: “nossa saída da ditadura militar não implicou numa profunda democratização [acho que melhor teria sido ele dizer desconstrução] da mentalidade autoritária brasileira”. Isto aconteceu porque “a Lei de Anistia – situação concreta excêntrica do impedimento do direito da democracia de julgar a ditadura – foi o direito mais forte da ditadura de tutelar a democracia que renascia”. Quer dizere, não conseguimos sacudir de cima do lombo, até hoje, o domínio da ditadura. “Passados 26 anos o Brasil foi finalmente obrigado a instalar a tímida Comissão Nacional da Verdade sobre sua ditadura”. Só bati palmas, até aqui.
Tales faz uma grave denúncia sobre eu e você: “existe a sustentação de uma política corrente contra os direitos humanos no Brasil, ela é constante entre nós”. E diz de onde vem: “Ela se origina, em um nível histórico, na necessidade de legitimar a ação criminosa de agentes públicos”. E vem de mais longe: “na longuíssima tradição de concentração de poder dos trezentos anos coloniais de escravidão... o negativo de qualquer possibilidade de existência de direitos humanos para bandidos no Brasil”. Diz se não é verdade que a gente está se lixando para os desgraçados que matam pessoas por dinheiro? Até esse ponto continuei concordando com ele.
Então, Tales dá um salto-triplo-sem-rede e diz: “Ela tem correspondência com uma outra posição [do brasileiro], nas manifestações pelo impeachment da Presidente Dilma”.
 – Que que uma coisa tem a ver com a outra, Zé? 
Ele diz: “Esse discurso muito acentuado nas manifestações das ruas tem a ver com a ideia de que o governo petista, além de ladrões consumados e um câncer, transformaram o Brasil na Venezuela”.
– E não é isso mesmo, Zé? 
Tales dá um espetacular cavalo-de-pau: “Diante das distâncias impressionantes destas enunciações de alguma realidade das coisas políticas brasileiras...”. Penso – aliás é um consenso geral – que todo psicanalista não “bate bem”, Tales parece que mora no reino da Dinamarca e não lê o que se passa nesta província tupiniquim. Então, do alto de seu saber decreta que todo povo brasileiro, menos os 5% petistas que restam, sofre de “alucinose: uma distorção efetiva da capacidade de pensar fundada na necessidade de saturar a realidade com desejos que não suportam a frustração”. 
– Isso é profundo, Zé! 
Isso é merda-em-pó! O cara tá dizendo que o desejo meu e seu de ser governado por gente que ame o Brasil é uma vontade irreal que só vai nos levar a frustração. Aliás, nesse sentido – o de que nunca vamos colocar no governo um sujeito honesto que não queira se locupletar às nossas custas - temos mesmo um sonho irreal. Depois, Tales desfia as repetidas benesses que o petismo nos deu, algo nunca antes visto nestas plagas. 
Vou resumir o que penso do artigo de Tales, para ele e para meu genro: Petista quando não caga na entrada caga na saída.      

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