Depois de Guarapari, nos Passos de Anchieta, passamos em
frente ao portão de uma grande fábrica, a Samarco.
Perguntei aos colegas: Já vi
esse nome, é empresa de quê? Edinho respondeu: É a mineradora que provocou aquele
desastre em Mariana, ‘seu’ Zé!
Sim, claro: mas o que a Samarco está fazendo ali? Ao
entardecer, sentado diante do mar que batia em ondas ritmadas na areia da praia
de Anchieta, o jovem dono do bar explicou.
O minério vem bem diluído de Mariana para Anchieta por
enorme duto com 400 km de extensão. Aqui ele é aquecido e pelotizado. O ferro
é transformado de areia em pelotinhas. É exportado dessa forma. A empresa tem
aqui mais de 3000 funcionários, fora os terceirizados de limpeza, segurança,
etc. Todo mundo foi colocado em férias coletivas e estão recebendo mil e poucos
reais. Se ao final de quatro meses a mineradora, lá em Minas, não voltar a
produzir todo mundo será despedido.
Depois de uma noite bem dormida voltamos a pedalar no
domingo. Fizemos um caminho diferente, mais nos Passos de Anchieta, quer dizer,
menos asfalto e mais estrada de chão a beira mar.
Vínhamos voando por uma
estradinha cheia de costelinhas quando tivemos de frear bruscamente. No meio de
dunas e mata de restinga uma loja envidraçada com exposição sobre tartarugas
marinhas nos chamou atenção.
Aquelas praias são pontos de desova. E sabe quem financia o trabalho
de proteção, coleta de ovos e devolução das tartaruguinhas ao mar? Isso, mesmo,
a famigerada Samarco.
Que trabalho lindo! Vimos uma enorme tartaruga verde empalhada,
maquetes dos bichinhos saindo do ninho
e correndo para o mar, os crânios de
diversos tamanhos,
e réplicas dos diversos tipos de tartarugas que depositam
seus ovos naquelas praias desertas.
Então, é o que a gente sabe: ninguém é inteiramente bom ou
completamente mau.
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