Pesquisar este blog

quinta-feira, junho 04, 2015

Quilombo de Santana no inverno.

Como um bando de maritacas alegres os ciclistas saíram cedo, atravessando o nevoeiro que ainda pairava no ar. 

Esta é uma época boa para se pedalar, o inverno, a estação das temperaturas amenas, do ar frio que penetra os pulmões, como hoje, 04/06/2015, dia de Corpus Christi.

Formado pela poeira de uma estrela que explodiu num passado remoto, o planeta que girando agregou matéria se colocou a distância certa de sua estrela e com uma inclinação em seu eixo que permite a variação de temperatura, e as mudanças na vegetação e nos seres vivos.

As estações do ano são mais um ingrediente que produziu toda variedade que temos. Por muitos dias viveremos no inverno. E que tempo bom para se pedalar!

Saímos doze homens do Aero e como num voo rasante passamos pelo Voldac, subimos para Santa Cruz e, nos afastando da cidade embrenhamo-nos pelo caminho do riacho do Peixe. 

Fugir do amontoado humano, escutar o chiado dos pneus sobre a areia, vendo os pastos molhados de sereno e as cores esmaecidas que vão ganhando definição com os raios do sol que saem por trás dos morros, é um remédio para as almas cansadas da competição, do barulho e dos acontecimentos injustos e violentos.

Desembocamos na estrada Santa Rita de Cássia-Amparo, corremos até a fazenda Santana do Turvo e, na estrada para Quatis já sentíamos o calor reconfortante do Sol. Chegamos ao pontilhão da estrada de ferro e dobramos no caminho para Ribeirão de São Joaquim e tocamos a subir. 

Lá adiante, numa parada de ônibus coberta pegamos o desvio à direita que leva ao local em que negros escravos fugidos da vida sem esperança escondiam-se nos vales atrás dos morros e fizeram suas moradas no alto. 

Depois de fazer força pelas encostas paramos no pátio fronteiro a igreja onde no frontão se lê: Salve Anna genitora da Mãe de Deus. Para quem ama e pesquisa História fica a pergunta: o que surgiu primeiro ali naqueles altos, a igreja de Sant’Anna ou o quilombo? 

Destrancando um portão entramos no pátio lateral cercado por secular muro de pedras e, lá aos fundos, tentamos ler o epitáfio no túmulo do Barão, donatário e benfeitor dessas terras que se perdem de vista.


Depois foi pedalar pelas cristas dos morros e descer por caminhos semeados de escória que, como dentes afiados, só esperam um vacilo nosso. Saímos na estrada Ribeirão de São Joaquim-Amparo e só paramos para comer um pastel quentinho e beber muito líquido. Daí foi tocar para casa onde pousamos cansados e felizes. 
   

Um comentário:

Vanice disse...

Mesmo que eu não tenha conseguido sair do conforto de minha caminha para uma pedalada por aí, consegui pedalar com você na bela história dos caminhos percorridos por este mundo afora.